Bem... Com Extermínio: A Evolução (eu odeio esse título então usarei a partir daqui a tradução literal de 28 Anos mais tarde) é um daqueles casos em que, honestamente, a melhor opção é ignorar completamente que essa é uma continuação e assistir a parte de qualquer coisa que você saiba ou se lembre do primeiro.
O primeiro saiu em 2002 e meio que deu início a toda a onda de filmes e material sobre zumbis que veríamos nas duas décadas seguintes (The Walking Dead começa um ano mais tarde com a mesma premissa nos quadrinhos - do protagonista acordando depois que o mundo já foi conquistado pelos zumbis, e, Todo mundo quase morto saiu dois anos mais tarde junto com A Madrugada dos Mortos de Zack Snyder em 2004), além de servir de estopim para a carreira do brilhante Cillian Murphy.
Com o filme de 2025 nós temos Kraven, o Caçador ensinando seu filho como sobreviver em um mundo que, bem, já lida com a crise dos zumbis como um inconveniente recorrente (mas que eles aprenderam a superar)... E existe toda uma gama de tentativa de construir algo experimental e esquisitão talvez para se diferenciar de outros filmes do gênero que surgiram nesses vinte e três anos desde o primeiro.
Basicamente essa é a primeira parte - o ritual de iniciação do garoto na realidade do mundo maior onde zumbis existem e ainda são um enorme perigo, até seu retorno para o abrigo protegido com o pai, mais ou menos na marca de 48 minutos, que trazem um cenário de problemas domésticos para esse contexto (com a mãe com problemas psiquiátricos enquanto o pai busca algum rabo de saia e espanca o filho por fazer perguntas demais - algo mais próximo de outro filme de Boyle que também ganhou uma continuação vários anos depois Trainspotting), e, isso meio que força, na marca de uma hora, ao filme a começar efetivamente com o propósito e a jornada do garoto em encontrar um médico de verdade para a mãe (onde eles tem uma motivação e os riscos parecem bem mais reais do que o mero rito de iniciação) e é onde encontramos Ralph Fiennes que é o personagem mais interessante do filme (e que aparece por pouco mais de vinte minutos).
O problema é que, essencialmente, não existe um propósito claro ou qualquer direção para os eventos do filme... De repente temos uma manada de renas correndo ou um ataque de zumbis em um posto de combustível ou um parto de uma zumbi grávida (não me pergunte)...
E meus ovos, o final do filme é horroroso.
Quer dizer, como eu disse, o personagem do Ralph Fiennes é a melhor coisa do filme, e, suas cenas são extraordinárias humanizando a situação e o contexto em que os personagens estão inseridos, terminando com uma nota extraordinariamente alta (tanto pelo impacto emocional como pela cena que é produzida e apresentada), e, o filme poderia facilmente terminar ali, com, no máximo a cena seguinte que serve como um breve epílogo para que Spike explique para sua família o que aconteceu.
Se terminasse aqui, eu ainda acho que o filme seria bem 'meh', mas seria razoavelmente interessante pelo menos. Termina pouco após a melhor cena do filme, termina pouco após do que o filme produz de melhor, mas ele resolve continuar mais um pouco... E, olha, eu sei que eles querem fazer uma trilogia (porque o Danny Boyle precisa terminar a mansão nova dele ou ele está triste de ter só uma Ferrari), mas caralho que final bosta.
Eu não quero estragar o final para ninguém, e sei que ele faz sentido com elementos apresentados antes no filme - mas nada disso é o problema.
O problema são os acrobatas platinados lutando como dublês rejeitados dos Power Ranges (inclusive com roupas coloridas e armas esquisitas) que contrasta completamente com o restante do filme que tem um tom bem mais sóbrio e coerente (mesmo em seu absurdo) e termina somente como algo bobo e, honestamente, pouco interessante. Pra mim, inclusive, termina deixando mais vontade de ignorar tudo o que vier depois da cena com Ralph Fiennes e fingir que tudo foi um sonho de febre do protagonista...
Inclusive as continuações que virão...