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9 de outubro de 2025

{Hallowsenhas} A Hora do Mal (Weapons)

Se existe algo que me assusta realmente sobre o filme A Hora do Mal é o quanto ele demonstra o anafalbetismo crítico e literário que se expõe com o filme. Eu perdi as contas de quanta gente viu a necessidade "explicar" o filme.

Não vou entrar em spoilers da melhor maneira possível, só que o filme tem várias cenas que dão as 'pistas' do motivo do que está acontecendo e mais tarde no filme ele expõe todos os elementos. Claro que o filme não explica cada detalhe (afinal não é uma obra de engenharia, a explicação fantasiosa não precisa de mais do que temos na tela...). Droga, e mesmo assim o filme mostra em detalhes "como" os eventos se dão (só, de novo, são uma lógica de fantasia e não de matemática).

Claro que existe um metacomentário afinal toda obra de terror opera com algum tipo de metacomentário de uma forma ou de outra, e, muitos filmes operam com muito mais do que apenas um tipo de comentário mais abrangente. Não é difícil ver nas obras de horror uma preservação de valores conservadores (não obstante a 'garota final' é a moça virgem que resiste às tentações), por mais que a patota conservadora odeie tanto os filmes de terror, e, nem é preciso muito para ver exemplos de críticas e xenofobia como plataforma, e, francamente o filme poderia buscar algum metacomentário diferente com uma narrativa diferente - se focasse somente na personagem da excelente Julia Garner de começo ao fim sem revelar categoricamente o que acontece com as crianças ou mesmo com os outros personagens do filme, bem, teríamos uma outra história completamente diferente e bem mais um suspense que um filme de horror.

Do jeito que está os elementos são apresentados ao espectador, e, honestamente se faz necessário um esforço hercúleo para não entender o filme (é extremamente mastigado).

A história segue um grupo de crianças que, uma bela madrugada, somem de suas casas o que inspira uma enorme revolta e indignação de pais e moradores de uma pacata cidade. A professora da sala destes alunos é imediatamente vista como a principal suspeita (ou ao menos alguém que sabe mais sobre o que aconteceu) e acaba perseguida e atormentada pelos familiares e moradores do local.

Esse não é o filme, no entanto - na verdade se você olhar o poster, esse parágrafo meio que resume o que está ali - e essa é apenas a primeira de seis partes que acompanharão outros personagens (um dos pais, um policial, um drogado/morador de rua, o coordenador da escola e o único garoto da turma que não desapareceu) onde todos os demais elementos serão explicados - pouco por vez nestas partes que se seguem, e, concluindo no capítulo final em que se resolvem os eventos.

A conclusão, pra mim, falha em alguns elementos (e talvez eu seja o problema pois eu me vi rindo e me lembrando mais de um filme de comédia do Mel Brooks que efetivamente investido na cena que estava se desfraldando), mas não diminui o material.

Quer dizer, é decente no geral - longe de algo como Pecadores ou A Substância que tem algumas cenas realmente incríveis e consegue trabalhar brilhantemente a construção de personagens e elementos, além de servir a um metacomentário bem mais interessante - e, de novo, talvez o problema seja eu especificamente que olhei para a solução (ou o monstro se você preferir) que o filme apresenta e achei 'meh'.

 Se você não quer saber qual é o monstro do filme e qual a solução pare por aqui na área sem spoilers e assista ao filme para suas próprias conclusões.

Pra mim não funcionou, ainda que eu considere o filme bem amarradinho, com ótima direção e excelentes atuações (principalmente da Julia Garner e o Josh Brolin).

Nota: 7/10 

 

Ok? Aqui vamos com os spoilers:

 


O monstro do filme é uma bruxa (que é quem sequestrou as crianças e quem causou todas as coisas bizarras que ocorrem com os outros personagens durante todo o restante do filme), e, como eu disse, isso não funcionou muito bem para mim.

Não vou questionar as escolhas (a atriz nesse papel é muito boa ainda que a maquiagem utilizada - tá, é impactante e chama a atenção, isso eu tenho que concordar - mas faz com que ela pareça que saiu de uma orgia exclusiva com palhaços e não se limpou depois), e, honestamente acho que tinha como trabalhar a ideia geral de maneira mais interessante de outra forma (eu curiosamente fiquei pensando no Flautista de Hamelin e como isso serviria com um metacomentário de manipulação de massa) mas, é, o vilão do filme é uma bruxa com uma maquiagem bizarra.

E não é que ela não seja ameaçadora (de novo a atriz é excelente e suas cenas são fantásticas mesmo com a maquiagem bizarra), é mais que pra mim não funcionou e o final eu achei particularmente ruim (de novo, me lembrando do final de Banzé no Oeste com a bruxa fugindo e atravessando casas enquanto o caos se segue - mas até pela forma um tanto exagerada e caricata com que a atriz conduz esses momentos finais). 

2 de outubro de 2025

{Hallowsenhas} Marvel Zombies Ate My Neighbours!!! e Alien: Mother Earth

Duas resenhas em uma para dar início às Hallowsenhas do especial de horror (?) para o mês de Outubro.

Começando com Zumbis Marvel, que, apesar do mesmo nome da série de Robert Kirkman de 2005 é bem diferente e não apenas por se tratar de Zumbis no MCU, mas pelo fato que, bem, parece apenas mais um episódio daquela outra animação da Marvel, o What If só que mais longo (e serializado).

E com roteiro de Zeb Wells (lembra da semana passada) você já sabe que não pode esperar lá muita coisa, até porque pelo menos o Robert Kirkman contextualiza o universo Marvel dominado pelos zumbis, Wells liga o foda-se e vai pra vigésima temporada de The Walking Dead e parte para cenas de ação atrás de cena de ação (por mais ridículas e absurdas que sejam - mas, ao contrário do MCU com bem mais violência até para justificar a alcunha de 'terror') com o pior tipo de diálogo constrangedor que você viu dos últimos filmes da Marvel (ou provavelmente não viu porque as bilheterias vem caindo filme após filme) para que talvez distraiam seu cérebro reptiliano por tempo suficiente para não perceber que não é interessante (e você poderia assistir a algo bem mais legal como Olhos Sobre Wakanda - só pra manter no Universo Marvel - ou, sei lá, Andor - só pra manter na Disney ou Alien: Terra, mas isso vem mais tarde).

O material é curto com apenas quatro episódios (ainda que seja uma extensão de uma ideia que já estava lá no primeiro What If (inclusive com boa parte do elenco original dos filmes) - e bem melhor nos 32 minutos porque o título inclusive é bem mais acurado com zumbis de fato enquanto aqui é sobre o Hulk possuindo o poder das jóias do infinito enfrentando a Feiticeira Escarlate enquanto existem zumbis no universo Marvel (só que, sabe, sem praticamente nenhum dos astros ou estrelas mesmo).

Então se você quer MESMO ver algo de quadrinhos com monstros e tem preguiça de ler o quadrinho do Robert Kirkman que está incluído no Kindle Unlimited e não quer também se dar ao trabalho de ver a série What If (que tem um episódio focado exatamente nos Zumbis na Marvel - e é bem melhor, além de mais curto) ou a série Comando das Criaturas da Max, bem, você é preguiçoso(a) e tem mal gosto então não existe muito propósito em te recomendar alguma coisa, não é mesmo?

Mas honestamente se isso se aplica a você, talvez você se divirta mais assistindo à novela Mutantes da Record. Eu acho que vai combinar mais com seu estilo...


Se você tem bom gosto, então vamos pra segunda resenha e Alien: Terra é o assunto, e, eu tenho dificuldade para formar uma opinião diferente de meh.

Eu sei que a ideia de tirar o Alien do espaço e trazer para a Terra não é nova (e na verdade faz parte dos quadrinhos e do crossover com o Predador) e quer dizer, o material é bem feito no geral e as cenas são tensas com algumas cenas realmente assustadoras, e você tem o criador da série Fargo no roteiro o que ajuda, mas, bem... Tem as cenas em que não são apenas similares a outros filmes mais famosos (e populares) da franquia como são idênticas às cenas de outros filmes mais famosos da franquia, e, vale lembrar, que são bem melhor feitas naqueles filmes de quarenta ou mais anos atrás!

Mais que isso você cai no problema que a franquia criou para si mesma com Prometheus e suas continuações tentando explicar toda uma série de coisas que não fazem sentido ou são interessantes ou, mais importante, funcionam para uma franquia de um alienígena babento que mata pessoas no espaço. 

"Ah, mas é a melhor versão de Alien desde..." eu sei e eu já estou cansado de ouvir essas coisas. Tem franquias que deveriam ser esquecidas quando todo o argumento na defesa dos últimos projetos por serem melhores que x outros na franquia que foram decepcionantes (sabe como Exterminador do Futuro, Predador, Sexta-Feira 13, Halloween e mais uma dezena de outras continuações/reboots produzidos nos últimos vinte e poucos anos).

Se não existe mais nenhuma nova história para contar com esse particular personagem, não seria melhor apresentar algo novo...? Eu sei, eu sei, essa ideia é mais assustadora para executivos que qualquer franquia ressuscitada que Hollywood poderia sequer cogitar em ser.

E eu sei que, tecnicamente não é ruim - ou mesmo tão ruim quanto parece pelos meus últimos parágrafos - é só que é tão dependente de filmes que são extraordinários justamente por serem inovadores, que é uma traição para eles tornar seu legado formulaico e repetitivo. 

25 de setembro de 2025

{Resenhas x Quinta} Deadpool de Batman 1

É ruim.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que? Eu tenho que elaborar mais?

É muito ruim. Puta merda eu acho que não consigo pensar em um crossover pior do que esse que eu tenha lido (o que obviamente exclui o crossover do Justiceiro com a turma do Archie ou Meu Pequeno Pônei e Transformers - que eu até hoje não sei se é só uma piada da internet) ou mesmo em outras mídias como Fred vs Jason ou Os Simpsons se encontrando com uma Família da Pesada.

Isso consegue ser pior porque não tenta disfarçar em momento algum o quanto é meramente comercial com a tentativa de atrair a atenção de fãs e dane-se todo o resto, no máximo fingindo que as tiradas do Deadpool para quebrar a quarta margem justamente dizendo que isso é uma ideia estúpida justifique e fica por isso mesmo.

Zeb Wells é um péssimo roteirista (e essa é só a última de suas produções preguiçosas e ruins), a arte de Greg Capullo produz algo protocolar sem o mínimo esforço ou consistência e isso é basicamente o fundo do poço da falta de criatividade corporativista caindo num ciclo interminável de um vácuo contínuo de falta de qualquer mínima perspectiva de ideias novas para atrair o interesse público então produzem algo com personagens facilmente reconhecíveis para se enfrentarem com roteiro preguiçoso e previsível até a última página para promover algum próximo mega evento ou ao menos a próxima edição ad infinitum.

A """história""" coloca o plano genérico Y do Coringa em prática que o faz contratar o Deadpool para mater o Batman (porque o Deadpool e não o Exterminador, Pistoleiro ou até mesmo o Sanguinário...? Quem se importa?) e depois dos dois se desentenderem no telhado da Polícia de Gotham (com o Deadpool ameaçando o Comissário Gordon), obviamente, o Batman aceita a ajuda do mercenário bocudo em um plano ridículo para deter o Coringa (porque aceitar a ajuda do Deadpool ao invés de prendê-lo por ser um assassino por recompensa e sabe, chamar um dos diversos aliados como Robin, Asa Noturna, Batgirl ou... Já sei, já sei, quem se importa, né?).

Eu acho que já gastei muito spoiler aqui (ainda que não valha a pena se importar com esse conteúdo), e honestamente nem sei se vale a pena gastar mais qualquer parágrafo explicando mas eu preciso citar um exemplo do patético roteiro de Zeb Wells para ilustrar o que estou falando: "Mas eu vejo suas intenções... escritas sob o tecido da minha cidade" essa verborragia extremamente dramática ridícula que vem dos recordatórios do Batman é interrompida por Deadpool literalmente quebrando a quarta janela para iniciar a história e tudo segue da maneira mais estúpida e clichê que seria cômico se o roteirista fosse minimamente competente.

O que é curioso porque podemos olhar para o manifesto de Grant Morrison nos anos 2000 para o início de nova fase dos X-men e, entre suas muitas ideias, está lá em alto e bom som que os quadrinhos estadunidenses estavam estagnados (em 2000) de boas ideias se retraindo num mundinho de mesmos personagens truncados em 30+ anos de cronologia masturbatória (o que é inclusive curioso pois Morrison deve ser o autor da próxima edição desse crossover, diga-se de passagem). E eu nem vou citar o crossover entre os Jovens Titãs e os X-men dos anos 1980 que é simples e eficiente em promover um encontro entre os dois grupos, ou, pouco depois do manifesto de Morrison, o crossover entre a Liga da Justiça e os Vingadores porque, bem, se eu ficar lembrando dessas histórias talvez eu não consiga terminar de falar dessa história ruim aqui...

É curioso, inclusive, no quanto a história parece não entender nem do Batman e nem do Deadpool, mas eu honestamente não acho que vale a pena entrar nesse meandro (mas droga, o morcegão aceitando a ajuda de um sujeito que minutos atrás estava tentando matá-lo e inclusive oferecer carona para ele no batmóvel é ridículo demais - e o Deadpool trabalhando da mesma forma que em histórias ruins do Rob Liefeld na X-Force consegue ser pior que o material do próprio homem que não sabe desenhar pés). Zeb Wells gasta boa parte do """roteiro""" com piadas que fariam o Joe Rogan parecer um comediante em comparação e tudo termina de maneira ridícula para deixar claro que terá mais, e, literalmente já tem mais...

A edição termina com histórias de back-up escritas por outros autores com a parceria de diversos personagens como Krypto o Supercão e Jeff, o tubarão terrestre jogando volei ou Frank Miller em sua pior forma (e eu tenho minhas dúvidas se ele não desenhou segurando o lápis com seu orifício anal), numa breve história de três páginas que não vale o papel (a tinta ou os anos de terapia para discutir o que diabos foi isso), e sobram outros materiais entre dispensável, repeteco de algo muito melhor feito por Kurt Busiek em JLA/Vingadores duas décadas atrás e o que diabos que uma amálgama entre Lobo e Wolverine possa ser.

O encontro entre Arqueiro Verde e Demolidor é a única história com um pingo de potencial e que renderia um bom caldo num crossover que me parece que vários leitores de fato gostariam de ler e que é de fato interessante (mesmo se não particularmente inteligente - ainda que em comparação...).

...

E essa vai ser a hq mais vendida do ano, né? Alimentando diversos outros projetos semelhantes e igualmente marqueteiros com a mera ideia de reunir personagens que não combinam ou fazem sentido - mesmo quando, se fosse a bosta do propósito reunir personagens das editoras pelo menos fazer uma reunião coerente como o Deadpool e o Pacificador pelo menos!

Depois a gente não entende porque o público se afasta cada vez mais do mercado de quadrinhos, né? 

21 de setembro de 2025

{Editorial} A canalhice da direita brasileira

Talvez você nem se lembre mais diante de tanto escândalo e tanto problem que 2025 já nos trouxe até agora, mas não muito tempo atrás, no longíquo mês de maio, deputados protocolaram projetos para proibir bebês reborn.

Porque isso virou um assunto e mesmo uma polêmica, bem, eu não consigo sequer imaginar mas tenho minhas teorias e elas envolvem os merdicos bolsonaristas que trabalham no SUS. Os mesmos que prescreviam tratamento precoce ou kit-Covid durante a pandemia, que vaiaram os médicos cubanos ou criticando duramente 'flexibilizações' ao Revalida (quer dizer, criticando quando o diploma vem de algum país da América Latina porque quando o filho do médico que comprou o diploma numa Johns Hopkins sem saber a diferença de uma veia e artéria, aí pode ser diretor de hospital aqui no país sem problema nenhum).

Nada disso do parágrafo anterior explica a polêmica dos bebês reborn ou sequer a contextualiza, mas ao menos contextualiza um pouco a cabeça de quem estaria ofendido por ver uma pessoa pobre no SUS com uma boneca que custa mais de um salário mínimo, e, que não me espantaria, tivesse filmado uma mãe desesperada carregando a boneca e cobrando atendimento - enquanto a filha ou filho estavam de fato passando mal e aguardando um atendimento por mais de doze horas sem um plantonista ou com o plantonista tirando uma soneca (ou muito ocupado abusando alguma paciente inconciente).

Ou pura e simplesmente porque a direita achou que as bebês reborn seriam a grande pauta moral sobre a decadência da sociedade (da mulher que recebe bolsa-família mas compra uma boneca cara ou da jovem bem sucedida que não quer um relacionamento mas tem esse hobby - ao invés de criar uma família), de novo, eu não sei qual é o motivo que levou esse assunto à baila, só sei que ganhou tração e chegou ao congresso e por mais bizarro que pareça, houve uma perda de tempo considerável nesse assunto enquanto pautas que interessam à vida de todos nós ficam jogadas às traças.

Fim da jornada 6 por 1? Não, não... Temos que criminalizar atendimento à bebê reborn MESMO se não tiver uma única estatística de que isso aconteceu uma única vez sequer em todo o mundo (mais ou menos como aquela lenda urbana de que crianças tentam imitar o Superman e se machucam gravemente). Ah, mas tem vídeo na internet, alguém pode dizer... Da mesma forma que tem vídeo na internet "provando" a fraude na eleição do sujeito (cometendo crime ao filmar o voto) mostrando que digitou 17 e não apareceu o candidato dele cujo número era 22?

O que fica mais interessante nessa história - e no sequestro de um debate sério e de interesse da sociedade, ainda que tenhamos exemplos mais recentes aqui com a PEC da bandidagem - é que esse assunto desapareceu completamente e todos esses deputados extremamente preocupados com o assunto de repente se viram fingindo que o peido que eles soltaram foi só um caminhão de lixo que passou na rua.

Quer dizer, não foi de repente... Foi com o vídeo do Felca que atingiu milhões de visualizações expondo um problema extremamente sério da pedofilia, mas, mais importante, expondo cabalmente a canalhice e incompetência do congresso, e, por conseguinte da direita brasileira.

Enqunato a direita queria criminalizar bebê reborn e a incrivelmente canalha Damares Alves foi ministra da Cidadania e ficou perseguindo moinhos de vento de redes de pedofilia em lugares remotos e de difícil acesso (enquanto obviamente ganhando e desviando muito dinheiro para isso, mas shhhhh), quando as redes de pedofilia estavam correndo soltas NAS REDES SOCIAIS, e, como já era pauta da esquerda desde o Marco Civil da Internet, a Lei Geral de Proteção de Dados e o projeto mais recente de Regulamentação das Big Techs (sabe, aquelas que estão lucrando com os pedófilos monetizando vídeo de criança rebolando na internet?).

Pior até, quando o vídeo do Felca ganhou uma proporção tão grande que mesmo a mídia hegemônica não tinha como ignorar mais, o covarde Hugo Motta se esforçou para ganhar algum capital social e pautar o assunto com a 'Lei Felca', algo que curiosamente especialistas, incluindo o ministro Flavio Dino destacaram, não precisa de lei específica, só abandonar o F e o L e seguir o que sobra, sabe, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)... E mesmo assim a galera da extrema direita tentou barrar o projeto, vale destacar...

Enquanto isso gastam verba pública com deputado pedindo sanções ao Brasil, gastam verba pública com uma CPMI para averiguar gastos ilegais no INSS (que a polícia federal já investiga e vem conduzindo - inclusive com toneladas de evidências que já haviam indícios claros em 2020 e não foi feito nada para coibir naquela época).

18 de setembro de 2025

{Resenhas de Wyndhorn} Helena de Quinta

Quando eu li Supergirl Mulher do Amanhã, eu confesso que a arte da brasileira Bilquis Evely me surpreendeu demais, mas, não foi o suficiente para me vender na ideia e no projeto. Eu já estava desgostoso de Tom King depois de um longo e anticlimático final para sua fase com o Batman - mas não apenas isso.

O roteiro não que seja ruim (mas bom também não é) e é algo como Bravura Indômita no espaço com a Supergirl no papel de John Wayne, digo, o xerife bêbado e acabado, e, eu não sei dizer se isso funciona para mim ou mesmo para a história porque existe uma dissonância entre personagens e história (a história não pertence à persongem e vice-versa ao mesmo tempo que a arte igualmente não pertence à história).

Então, para dizer que eu não me vi minimamente empolgado com a reunião dos criadores para um novo projeto por mais que vencesse o Eisner e o que mais... Então foi pegando poeira na minha pilha de para ler até que eu finalmente dei uma chance, e, bem a arte me surpreendeu ainda mais que em Supergirl - isso eu te digo de graça já do começo.

Helen de Wyndehorn é um quadrinho sobre uma garota (Helen) que perdeu seu pai durante a grande depressão e vai morar com o avô e uma tutora para lhe ensinar, enquanto descobre todo um mundo estranho e bizarro que se parece muito com as histórias que o pai escrevia.

O roteiro não é exatamente algo que mereça tanto destaque mesmo com boas sacadas aqui e acolá e algumas reviravoltas interessantes, a verdade é que o Tom King parece bem mais no modo automático do que capaz de criar algo genuinamente interessante e novo. Parece uma colagem de ideias que Tom King já usou (ou não usou e foram descartadas nos outros projetos) como um narrador não confiável narrando os eventos utilizados para escrever um livro (de Estranhas Aventuras) ou a protagonista que singra entre dois mundos (Senhor Milagre - que é um general na guerra em Apokolips e um sujeito pegando congestionamento em Los Angeles mas é a ideia para a Ametista da DC) e, ainda que eu não possa apontar uma única obra como Bravura Indômita no caso de Supergirl, eu genuinamente vejo uma série de fatos e detalhes que vão se mesclando e me lembram outros trabalhos de diferentes autores principalmente de novelas pulp de espada e feitiçaria (ainda que pareça que Conan e Robert E Howard - que como a contraparte na história, também se suicidou com pouco mais de trinta anos - sejam a maior fonte inspiradora)...

Só que aqui, pelo menos, me parece mais coerente até porque a ideia da história é de buscar uma personagem razoavelmente genérica que singra entre mundos (com o elemento do fantástico e da fantasia de capa e espada com o cenário do mundo real) em contraste com a estrutura narrativa e paralelos deste tipo de história e o período em que foram produzidas, permitindo a arte extraordinária de Bilquis para brilhar criando mundos e personagens fantásticos.

De novo, o roteiro é bem 'meh' ainda que supere boa parte dos últimos trabalhos de Tom King nos últimos anos e mesmo que tenha seus momentos aqui e acolá, é algo entre razoável a medíocre, enquanto a arte é o que justifica a obra, mas não sei se vale a pena recomendar.

É uma leitura agradável, mas, sinceramente, não vai mudar a sua vida e pelo preço cobrado, bem, talvez numa promoção ou numa feira literária.

Nota: 7,0/10.

11 de setembro de 2025

{Resenhas púpuras...?} Na na na na na na na Hush, hush

Em 2002, a DC publicou a partir da edição 608 a série Batman: Silêncio com roteiros de Jeph Loeb e arte de Jim Lee numa tentativa de dar um novo gás à franquia que vinha agonizando após alguns anos medíocres para dizer o mínimo (mas, verdade seja dita, com algumas coisas bem legais por Greg Rucka e Ed Brubaker, pena que experimental demais para algo do cacife do Batman).

Jim Lee é um artista medíocre que, por algum motivo se tornou uma gigantesca sensação nos anos 1990 e não é por seu talento e sim pelo fato que ele consegue incluir mulheres seminuas, de biquini ou saindo do banho em toalhas ínfimas além de poses extremamente ginecológicas enquanto elas partem para a luta. Seu maior sucesso foi destruir anos de trabalho cuidadoso e bem construído de Chris Claremont ao acabar com Magneto em duas edições e abandonando o material pouco depois para montar uma péssima série que consegue a proeza de criar o pior trabalho de Alan Moore (e isso ainda ser melhor que tudo que Lee produziu nos anos antes) - e levar a sua editora à beira da falência até ser comprada por uma empresa maior.

Sua contraparte em Jeph Loeb não é particularmente melhor, com roteiros piegas e rocambolescos que ele produziu para explorar a arte espetacular de Tim Sale (que merecia com toda a certeza roteiristas muito melhores - e infelmente só viu com pouquíssimas exceções). Ele é famoso por produzir algumas mini-séries como Superman: As Quatro Estações (piegas) e Batman: O Longo Halloween (rocambolesco). Além disso tem o trabalho dele na Marvel (a partir de 2008, vale destacar), que, bem talvez seja melhor não falar muito mas inclui a história em que todo mundo morre de maneira nojenta e cruel e a outra em que o Wolverine pega dois irmãos transando (e o Capitão América é muito "antiquado" por achar isso errado).

A história surge num ponto em que a DC tentava uma guinada para diminuir a diferença entre ela e a Marvel, e, verdade seja dita, em meio a diversos projetos grandiosos, a editora conseguiu aumentar consideravelmente suas vendas e aumentar sua projeção no mercado, dando um gás interessante e ganhando momento na primeira década do século, e, Silêncio foi um destes pontos e projetos grandiosos e o melhor resumo que eu posso fazer da história é que ela é uma história simples contada de maneira estúpida. Claro que faz sentido contar dessa maneira estúpida - para manter uma série por doze edições e usar a arte de Jim Lee para retratar o máximo de personagens possíveis e imagináveis (mesmo que eles não façam sentido ou funcionem na história - como a Caçadora ou mesmo a luta com o Superman) enquanto um mistério estúpido vai se desfraldando da pior maneira, e, com o maior "detetive do mundo" ignorando pistas claras enquanto persegue o próprio rabo ou becos sem saída.

O breve resumo é que o amigo de infância (e agora médico) Thomas Elliot tem uma antiga rixa com Bruce Wayne e resolve se tornar um vilão fantasiado para perseguir o Batman. Eu confesso que não me lembro todos os detalhes (afinal eu li isso faz quase vinte anos e não tive curiosidade para ler de novo em nenhum momento da minha vida) até porque isso é A Queda do Morcego mas, sabe, mal escrita e com o propósito específico de fazer um gigantesco desfile de personagens famosos do universo do Batman no estilo de arte do Jim Lee.

O vilão Silêncio é Thomas Elliot, um amigo de infancia invejoso do Batman que voltou com um plano de vingança (que, bem, nunca é muito bem explicado ou faz sentido até, de novo, os quadrinhos do Paul Dini). Ele tem alguma motivação boba porque o Bruce Wayne brincou com seu trenzinho favorito quando eles tinham cinco anos ou algo do tipo (de novo, o Paul Dini trabalha isso bem melhor com todo o ressentimento do personagem que teve que cuidar da mãe moribunda por décadas enquanto ela controlava sua vida e suas finanças - mas nada disso é relevante para a história do Jeph Loeb e Jim Lee).

Silêncio é Bane (só que piorado) que tenta parecer o grande estrategista manipulador capaz de enganar todo mundo (ao mesmo tempo que consegue enfrentar no mano a mano alguns dos vilões mais perigosos do Batman - incluindo o próprio) ainda que por algum motivo ele receba ajuda do Charada para montar o plano altamente elaborado. O final fica bem em aberto (afinal o Charada descobre a identidade do Batman e a 'vitória' sobre o Silêncio é bem parca e fica evidente que ele voltaria para se tornar um grande vilão recorrente).

E um grande vilão recorrrente ele se tornaria nas várias continuações nos anos seguintes com praticamente tudo que Paul Dini fez na sua trilogia do Silêncio e posteriormente com a redenção do Charada e as Sereias de Gotham... Aí vieram os novos 52 com o grande reboot da editora e o personagem acabou meio que jogado de lado (ainda que aparecesse no longo crossover de 2015 Batman Eterno) para alguma outra nova ameaça como a Corte das Corujas e o irmão perdido do Batman que foi dado para adoção (o que meio que torna o amigo de infância com alguma birra redundante quando o irmão desparecido criado por uma organização secreta que quer controlar o mundo reaparece, né?).

Mas diga-se de passagem, tudo que o Paul Dini fez com o personagem é milhões de vezes melhor que o que Jeph Loeb planejou para o arco de doze edições, assim como o trabalho feito com o Charada, Arlequina, Mulher Gato... E, honestamente, todos esses anos mais tarde eu não consigo nem entender qual o ponto e argumento em favor da série.

Não sei quem efetivamente gostou do material vinte anos atrás e com toda a certeza não vejo pessoas clamando por uma 'continuação' escrita por Jeph Loeb (depois de Ultimatum e Ultimates volume 3 que o fez ficar mais de uma década sem produzir nada - e se existisse alguma entidade compassiva, ele continuaria assim pelo resto da vida) e ilustrada por Jim Lee (que eu entendo que era novidade em 2003 quando era o primeiro projeto dele na DC, mas hoje? Depois da Liga da Justiça, do Superman, da péssima série com o Frank Miller, outra série do Batman e a queda na qualidade consistente na arte - droga, ele fez uma capa pior que do David Finch de quinze anos atrás!!! -Quem se importa...?), mas a editora deve estar desesperada o suficiente para fazer novos crossovers com a Marvel com a leva de Deadpool vs Batman que veremos em breve, então aqui estamos.

Batman 158 traz a primeira parte de Silêncio 2 (Boogaloo elétrico) com a proposta de continuar a história de 2003 meio que do ponto em que ela termina (inclusive referenciando vários pontos dela - como o Jason Todd que aparece ali) enquanto considerando eventos mais recentes do universo DC (como o Alfred morto, Damien Wayne, a Bárbara Gordon andando e como a Batgirl de novo e por aí vai)  e ignorando todo o resto que lhe é conveniente (sabe, como tudo que aconteceu com o Asa Noturna e os Titãs e o Jason Todd) ao mesmo tempo introduzindo novos personagens como o Raio Neg... Digo um clone mal sucedido do Superman com poderes sonoros (que provavelmente vai ser chamado de Sussurro e é o capanga do vilão Silêncio)...

Até aí, eu nem acho que nada disso seria particularmente ruim - mesmo que seja algo bobo e desnecessário.

Quem leu a série original e espera uma sequência - que é a ideia aqui - não precisa acompanhar todos os vinte e dois anos de quadrinhos da DC para entender tudo o que mudou (ou, pior ainda, ver o quão pouco mudou), e particularmente isso funcionaria de maneira simples e coerente se existisse uma premissa, bem, simples e coerente. O vilão quer executar seu plano e agora é pessoal ou qualquer que seja o clichê da vez, ótimo.

O problema é que a estrutura narrativa que Loeb tenta construir é cheia de buracos e carente do mínimo de bom senso. Como eu disse, a história original conta uma história simples da maneira mais estúpida possível para que aconteça todo tipo de desvio e todo um desfile de personagens passe pelas doze edições. 

Aqui nós temos uma história estúpida contada da maneira mais estúpida possível.

Silêncio reaparece e sequestra o Coringa (porque obviamente), deixando-o à beira da morte (porque obviamente) para que Batman o salve gerando o gigantesco celeuma com o restante dos personagens sobre a escolha moral sobre salvar ou não o vilão, ainda que, e isso é extremamente importante, isso só leve a cenas patéticas e decisões estúpidas (como o Capuz Vermelho todo bravo que o Batman poupou a vida do Coringa e enquanto aponta sua arma várias vezes para a cabeça do vilão, acaba o levando para um esconderijo ridículo onde facilita sua fuga - com o acesso às suas armas - porque obviamente).

Tudo isso sem que a trama avance um centímetro em quatro edições, só mostrando que o parco talento de ambos envelheceu muito mal e eles estão muito aquém de sua já extremamente limitada capacidade.

O celeuma dos personagens é bobo, as discussões estúpidas, Silêncio não tem nenhum plano ou propósito (além do fato que desenvolveu super poderes nesses vinte anos sendo capaz de aparecer onde bem entender, fazer o que for conveniente para a trama e provavelmente criar clones e/ou androides altamente avançados) e além disso foram somados novos personagens que, nada agregaram ou apresentaram de diferente ou interessante para a história. Tudo isso já passadas quatro edições das seis da 'primeira parte' do material.

Droga, mesmo Thomas Elliot não é melhor trabalhado ou suas rusgas com Bruce Wayne ou mesmo com Batman melhor desenvolvidos para que tenhamos mais motivos para nos interessarmos pelo drama que se desfralda e pelo conflito do antagonista com o herói.

E eu nem vou comentar o arremedo de novo design do Charada que o quanto menos e falar disso, melhor. 

Passe longe! 

6 de setembro de 2025

{Editorial} A incrível dificuldade de analisar o mundo de maneira honesta


Mística foi apresentada em 1978, criada por Chris Claremont na série da Ms Marvel, e, só foi ganhar notoriedade alguns anos mais tarde quando a vilã passou a aparecer de maneira mais recorrente na série dos X-men (também de Chris Claremont), inclusive envolvendo a nova personagem Vampira que é "como uma filha" dela e da outra vilã mutante Sina durante os anos 1980.

E eu sei que sutileza e nuance não são exatamente aspectos que leitores de quadrinhos médios conseguem perceber, mas para os anos 1970-1980, da forma que a personagem é conduzida, é extremamente claro que a personagem é gay e em um relacionamento com a vilã Sina. Não é uma sugestão, não é regra 34... Elas são um casal gay, e, Mística é uma mulher que vai fazer de tudo para sobreviver (ou se "adaptar", entendeu?) e Claremont retrata isso de maneira brilhante com a personagem se unindo aos racistas do governo para caçar mutantes ou toda uma série de outras narrativas que denotam que o objetivo dela sempre é de sobreviver um dia a mais, não importa quem ela tenha que manipular, enganar e mesmo seduzir para conseguir.

Só que estamos falando dos anos 1970-1980 quando ainda vigorava desde 1954 um negocinho chamado 'Comic Code' (ou em tradução livre Código dos Quadrinhos) que junto com outras estruturas de censura estadunidense (sabe, Terra da Liberdade) vedavam que histórias pudessem trazer situações como policiais, juizes ou outras autoridades retratados como, sabe, corruptos ou incompetentes que são desrespeitados ou retratar eu destaco 'relações sexuais ilicitas' e 'perversão sexual'. Não só isso é claro (no link anterior tem mais alguns dos aspectos e ele foi atualizado na década de 1970 e só na década de 1980, depois das histórias aqui mencionadas, que as editoras começaram com passos de formiga a se distanciar disso tudo), mas esse é o escopo da coisa, e, enquanto para alguns aspectos de horror e terror foi mais fácil de mover mundos e fundos para incluir em quadrinhos, outros, bem, demorou bem mais.

No caso da Mística ainda tem um grande revés que é a Era Image em que criadores incrivelmente ruins como Fabian Nicieza, Larry Hama, Scott Loebdell fizeram de tudo para sexualizar a personagem e partir bem mais para o ângulo da sedutora manipuladora. Casaram ela com o vilão Dentes-de-Sabre, fizeram arcos ridículos dela viajando pelo tempo e espaço correndo (e seduzindo) do Wolverine e toda sorte de bobagem que foi minando aos poucos o material planejado e executado com brilhantia pelo Claremont, e, nem é o único caso - temos o trabalho espetacular com a redenção do Magneto (comandando os Novos Mutantes, se juntando aos X-men e sendo julgado) por quase uma década inteira para o Jim Lee cagar em duas edições com todo esse trabalho.

Mas claro, o caso do Magneto é bem diferente e, bem mais bizarro, pois está ligado ao fato que ele é meio que de esquerda em linhas gerais no universo Marvel (ao ponto que é a figura que estampa camiseta de adolescentes mutantes revolucionários tal qual um Che Guevara mutante), e, sabe, ele (judeu e "de esquerda") trabalha com o Caveira Vermelha (algo que nem os escritores da Marvel da época acharam legal).

E, isso tudo que eu estou falando aqui é só da Marvel, tá? Eu nem entrei em uma discussão sobre o Batman (mestre de todas as artes marciais) tomando porrada de moleque de rua. Só que, e eu repito, porque eu estou falando de tudo isso?

Bem, em grande parte é porque uma reclamação comum e lugar comum que ouvimos sobre como os quadrinhos atuais não são mais tão bons quanto antigamente, é algo bastante vago que tende a ignorar tanto que os leitores de antigamente não captaram várias nuances e detalhes bem óbvios nas estruturas narrativas - e agora ficam bravos quando esses elementos são mais escancarados - ou, e aí é onde eu entro na segunda e mais bizarra parte desse argumento.

Veja bem, enquanto dois personagens homoafetivos se beijando são motivo para jogadores de volei mais decadentes que Mumm-Ra e prefeitos corruptos se pronunciarem, o Comic Code sempre foi bastante liberal em relação à violência no geral, mas, principalmente na violência contra mulheres.

Tem o caso emblemático de Vingadores 200 (aprovado pelo Comic Code diga-se de passagem) em que Carol Danvers é sequestrada, manipulada e estuprada por um vilão viajante do tempo ao mesmo tempo que o restante da equipe finge que tá tudo certo e a abandona! E vale lembrar que esse não é o único caso (sim, temos as mulheres na geladeira), somado a mais uma série de personagens femininas mortas, assassinadas ou colocadas à beira da loucura para um personagem masculino escapar de um casamento (afinal quadrinhos não poderiam trazer divórcio), e isso nos coloca com o Homem-Aranha nos anos 2000.

Por algum motivo que me escapa a compreensão, a equipe de editores da Marvel queria que o personagem ficasse solteiro novamente, e, dá-lhe o sequestro e completo desaparecimento da filha May ao final da looooooooooonga saga do Clone, e, sem muita tentativa de buscar a menina, a editora já tascou de sumir com a Mary Jane num acidente aéreo numa história bem sem pé nem cabeça.

Enviuvado o personagem vagou por um tempo buscando respostas e as histórias são terríveis, esquecíveis e logo tudo voltou ao que era antes com Peter casado e todo mundo fingindo que isso fazia sentido até que ele faz um pacto com o diabo abrindo mão de seu casamento para salvar a tia moribunda... E enquanto a Marvel parou de utilizar o Comic Code em 2001 (e pelo menos boa parte dessas histórias aqui já são posteriores a isso).

Só que ainda assim é curioso que a galera que se manifesta contra um beijo gay entre personagens consensuais numa história em quadrinhos ou porque um personagem feminina lidera um grupo, curiosamente não se manifesta sobre o Homem Aranha fazendo um pacto com o diabo para salvar o casamento ou da Ms Marvel sequestrada e estuprada enquanto o restante do grupo fazia chá de bebê!

4 de setembro de 2025

{Remakes de Quinta} Corra que a resenha vem aí

2025 é, na minha opinião, o pior ano em termo de filmes de comédia de todos os tempos. Talvez seja uma hipérbole típica para obter cliques, ainda que de maneira geral seja um enorme exagero considerando que eu não assisti a todos os filmes lançados em 2025 ou possa analisar de maneira geral todos os anos anteriores para julgar a condição geral (até porque eu duvido muito que durante a grande depressão e início da segunda guerra fosse particularmente um período promissor para a comédia também).

Mas, pelo amor de todos os deuses, deusas e entidades superiores, estamos em setembro e até esse exato momento eu não vi absolutamente UMA comédia decente. UMA.

Deixa eu repetir porque pode parecer um exagero de novo, mas dessa vez eu estou 100% enfático nesse argumento porque eu genuinamente não me recordo de um único filme de comédia (ainda que série também me escape) lançado em 2025 que seja bom.

Não, Centenas de Castores (lançado como O Caçador de Peles) não conta pois foi lançado em 2022 de acordo com o IMDB (é). Novocaine (que pende pra ação mais que para comédia) é medíocre na melhor da hipóteses enquanto Anônimo 2 é... Um filme que foi produzido, eu acho. Droga, conseguiram estragar Tim Robinson com o fraquíssimo Amizade e eu já perdi as contas de quantos filmes do Leandro Hassum chegaram esse ano (e eu tenho certeza que a melhor cena de todos eles é a dos créditos porque indica que acabou) por mais e mais que eu procurasse o único filme que genuinamente é engraçado com boas piadas e que me fez rir em 2025 eu não consegui pensar em um único capaz de concorrer com Corra que a Polícia vem aí com Liam Neeson.

E por mais que tente, o filme não conseguem ser o quarto melhor da franquia (que só tem 3 outros filmes).

Algumas piadas são genuinamente engraçadas, e o roteiro consegue criar cenas muito bem feitas e eu diria até que funciona melhor que os filmes originais em muitos aspectos. Só não funciona no aspecto principal que é me convencer no Liam Neeson, em grande parte e principalmente pelo que ele vem fazendo nas últimas duas décadas atuando como protagonista de filmes de ação, e, não se dando ao trabalho para se entregar ao ridículo das cenas e entrar de cabeça nas situações e o trailer final sintetiza isso muito bem - porque resume o que o ator faz no filme, mantendo aquela estrutura extremamente série de ator de filme de ação.

No entanto, quando a gente compara isso com o que Nielsen fazia - que era ao mesmo tempo mais sútil com uma atuação série que quebrava com uma piada estúpida como a do que é um hospital ou não me chame de Shirley, ele também se pulava com os dois pés para produzir uma cena ridícula (como ele treinando boxe com uma galinha), e quanto mais eu penso, como qualquer comediante faria. Sabe, Jim Carrey com Ace Ventura, Bill Murray com Caddyshack e a lista vai e vai.

Neeson precisa se manter sério o suficiente para continuar a fazer filmes de ação com idosos super habilidosos que  salvam o mundo, e, sejamos honestos, o melhor amigo do Andy Samberg não é nenhum David Zucker...

Eu acho que seja bem meh no frigir dos ovos, ainda que, por mais que eu pense ainda é o melhor filme de comedia de 2025... O que me assusta.

28 de agosto de 2025

{Resenhas que você não pode ler de Quinta} Po-po-poker face

Olha, talvez eu esteja incrivelmente errado em muitas coisas na vida, e, eu não duvido que eu esteja, mas eu genuinamente acho que Natasha Lyonne é uma atriz extremamente carismática (mesmo se isso não significar necessariamente que seja uma boa atriz sob algum critério mais específico) e por essa métrica eu gosto ver projetos com ela.

Por um bom tempo eu quis assistir a Poker Face - vendo as propagandas, inclusive os anúncios que mostravam Lyonne trabalhando com John Mulaney (e ele aparece em apenas um episódio) - e, honestamente o primeiro episódio me mostrou enorme potencial com um elenco extraordinário e uma premissa muito boa (muito boa mesmo), em que Lyonne é basicamente um detector de mentiras (sarcástico) humano que trabalha em um cassino com sua melhor amiga, e, uma tempestade de merda atinge suas vidas.

O primeiro episódio tem direção de Rian Johnson (de alguns de meus filmes favoritos de mistério como Entre Facas e Segredos) e conta com um elenco bastante estrelado que inclui mas não se limita a Adrien Brody, Rhea e Ron Pearlman, Steve Buscemi e mais meio mundo em apenas duas temporadas/22 episódios e eu não ficaria surpreso se eles tirarem o Rick Moranis de aposentadoria para a terceira temporada...

Mas o final do primeiro episódio me desanimou de tal maneira que eu acabei pulando quase toda a primeira temporada para ver se melhorava, e para não entrar em spoilers (que eu já evitei até agora) eu vou concluir a resenha primeiro para depois falar do grande problema para mim com esse primeiro episódio.

Os episódios são construídos de maneira que seja/pareça mais com filmes curtos (de uma hora/quarenta e tantos minutos) do que com uma série de fato, tanto que poucos são atores recorrentes, a estrutura das câmeras e enquadramentos, e os roteiros trabalham nessa estrutura também, com narrativas curtas para funcionar com começo, meio e fim ainda que mantendo a mesma protagonista lidando com uma ameaça constante que a mantém fugindo.

Até aqui, nada muito novo (o seriado do Incrível Hulk ou Kung-Fu com o David Caradine só pra citar dois nessa estrutura), o material se destaca pelo excelente número de astros e pela qualidade da direação e câmeras, além, claro do carisma incrível da protagonista.

O problema reside no roteiro e ele retorna ao roteiro quando ele precisa funcionar, e, puta que pariu, de novo e de novo eu me vi desapontado com o material nesse quesito, e, para entrar em detalhes precisarei de alguns spoilers então se ainda te interessa ver a série sem os spoilers aqui termina a resenha.

Bons atores, boa direção, roteiro fraco, mas vale a pena se você não quiser nada particularmente desafiador ou, sabe, interessante. Se você preferir o exato mesmo mas com bom roteiro particularmente desafiador, tem The Cleaner do Greg Davies, e, esse eu realmente recomendo.

 

 

Ok: Spoiler a partir daqui, não diga que não foi avisado.

 

 

Vamos lá:

 

Eu falhei em explicar a premissa do primeiro episódio pois isso traria alguns spoilers sobre o episódio que estragam o material, então talvez não seria bom falar sobre eles, mas honestamente o fim estraga o episódio da mesma medida, então...

Vamos lá: O primeiro episódio nos mostra a amiga da protagonista sendo assassinada em sua casa depois que ela descobre algo terrível no seu lugar de trabalho, mas, o assassinato foi uma armação para parecer que foi o marido dela (um bêbado abusador).

Natasha Lyone percebe que existem vários sinais errados, e, acaba descobrindo a identidade do assassino - enquanto ela inadivertidamente trabalha com ele em um esquema/negócio. Ok, então chegamos a praticamente Frasier com suspense enquanto os personagens tentam enganar uns aos outros e esconder seus segredos enquanto arrancando informação uns dos outros.

O problema é que, quando Natasha descobre toda a verdade - sobre quem matou sua amiga e que tem armas e sangue frio para operar uma execução e fraudar a cena do crime, além de controlar a polícia local na investigação - bem, o que ela faz?

Busca ajuda de alguma agência federal de investigação e entrega as informações? Confronta o criminoso a uma distância segura após confirmar o sucesso de seu plano (talvez até por telefone)? Confronta o bandido conforme a polícia aguarda para confirmar a confissão do criminoso e prendê-lo...? Confronta o bandido com a ajuda de algum outro bandido maior (inclusive algo que faria mais sentido no contexto do episódio e da série)...? Foge o mais longe possível sem olhar para trás...?

Não... Nenhuma das anteriores, ela só vai confrontar o criminoso, completamente desarmada e sem qualquer trunfo ou plano, para tripudiar e dizer que ela descobriu o que de fato ocorreu... E aí ela foge da máfia e de gente armada que quer matá-la pelo restante da série sem o menor propósito ou motivo (inclusive com cenas em que ela aleatoriamente escolhe o próximo lugar para ir).

25 de agosto de 2025

{Resenha Lixo} Pau(mole)cificador - Segunda Temporada

Tá, é só o primeiro episódio e pode melhorar muito (até porque pra piorar, aí sim eles precisariam se esforçar bastante - ou só chamar o Zack Snyder), mas, puta merda... É muito ruim.

E começa já com a abertura que tem um downgrade gigantesco. A primeira tem uma música enérgica, forte que te prende da primeira nota e que traz faz uma mescla extremamente interessante e bem construída em termos do contraste da dança executada pelos personagens (sugerindo tons de violência) ao som de uma música animada. Essa temporada meio que tenta copiar a coreografia ao ponto que usa uma música bem mais lenta (e chata, mas aí, claro, é bem mais meu gosto que algo prático) sem oferecer algo novo ou interessante... Só parece um repeteco, mas, piorado.

Aí eu te pergunto: Então pra que mudar a abertura...? Quer dizer, existem atores que não voltaram para a segunda temporada enquanto outros novos são acrescentados, mas, nem é como se fosse uma exclusividade deste seriado de usar uma abertura mais antiga e popular de um outro momento... 

Você vê todo o potencial que está ali e existe e vê esse material desperdiçando de novo e de novo o seu tempo e o conteúdo que está nas telas. Nada do enorme potencial do final da primeira temporada reflete aqui (o Pacificador vendo seu pai morto, a filha de Amanda Waller expondo os segredos da estrutura e organização.. Droga, mudaram até a participação da Liga da Justiça num retcon safado) e mesmo do enorme potencial que os trailers para a segunda temporada prometiam (sabe, com as viagens por universos alternativos - ainda que isso seja o mote da segunda metade do episódio e inclusive acabe com um baita gancho que pode salvar o material a partir do segundo episódio), mesmo isso não está aqui.

A trama de vingança do Rick Flagg Sr? Fica para o próximo episódio (é, ele espera seis meses porque não mais um episódio?). Tim Meadows? Nem apareceu... Vigilante e Economos? Uma pontinha sem graça menor do que uma longa cena com uma orgia (é) e que daria facilmente para cotar (tanto a pontinha do Vigilante como a longa cena com a orgia - inclusive com isso apelando para um público maior que assistiu ao Superman e é o motivo do filme sair mais cedo dos cinemas).

Droga, tem várias cenas que são longas demais - como a entrevista com a 'Gangue da Justiça' ou a briga de boteco da Harcourt (que segue algo que a primeira temporada já fez, e, é recontado no resumo) - e é o final do episódio que traz qualquer vislumbre para algo mais interessante, ao ponto que eu realmente me pergunto... Porque esse não foi o ponto de início dessa temporada...? 

Não é como se todo o resto antes valesse a pena. 

Espero que eu me arrependa de criticar a segunda temporada com base em um episódio, mas, francamente eu não me vi nem animado para ver onde isso vai dar para me arrepender.

Fraco demais.

{Editado após assistir ao segundo episódio em 01/09} Sim, aqui é onde a temporada deveria começar e com toda a certeza funcionaria muito melhor. Mais focado, mais interessante - ainda que com aquela bobagem da cegueira aviária que realmente não funciona direito - mesmo que, ainda falte uma direção coerente para o restante da temporada que só deve ter no máximo mais uns 6 epispódios.