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9 de outubro de 2025

{Hallowsenhas} A Hora do Mal (Weapons)

Se existe algo que me assusta realmente sobre o filme A Hora do Mal é o quanto ele demonstra o anafalbetismo crítico e literário que se expõe com o filme. Eu perdi as contas de quanta gente viu a necessidade "explicar" o filme.

Não vou entrar em spoilers da melhor maneira possível, só que o filme tem várias cenas que dão as 'pistas' do motivo do que está acontecendo e mais tarde no filme ele expõe todos os elementos. Claro que o filme não explica cada detalhe (afinal não é uma obra de engenharia, a explicação fantasiosa não precisa de mais do que temos na tela...). Droga, e mesmo assim o filme mostra em detalhes "como" os eventos se dão (só, de novo, são uma lógica de fantasia e não de matemática).

Claro que existe um metacomentário afinal toda obra de terror opera com algum tipo de metacomentário de uma forma ou de outra, e, muitos filmes operam com muito mais do que apenas um tipo de comentário mais abrangente. Não é difícil ver nas obras de horror uma preservação de valores conservadores (não obstante a 'garota final' é a moça virgem que resiste às tentações), por mais que a patota conservadora odeie tanto os filmes de terror, e, nem é preciso muito para ver exemplos de críticas e xenofobia como plataforma, e, francamente o filme poderia buscar algum metacomentário diferente com uma narrativa diferente - se focasse somente na personagem da excelente Julia Garner de começo ao fim sem revelar categoricamente o que acontece com as crianças ou mesmo com os outros personagens do filme, bem, teríamos uma outra história completamente diferente e bem mais um suspense que um filme de horror.

Do jeito que está os elementos são apresentados ao espectador, e, honestamente se faz necessário um esforço hercúleo para não entender o filme (é extremamente mastigado).

A história segue um grupo de crianças que, uma bela madrugada, somem de suas casas o que inspira uma enorme revolta e indignação de pais e moradores de uma pacata cidade. A professora da sala destes alunos é imediatamente vista como a principal suspeita (ou ao menos alguém que sabe mais sobre o que aconteceu) e acaba perseguida e atormentada pelos familiares e moradores do local.

Esse não é o filme, no entanto - na verdade se você olhar o poster, esse parágrafo meio que resume o que está ali - e essa é apenas a primeira de seis partes que acompanharão outros personagens (um dos pais, um policial, um drogado/morador de rua, o coordenador da escola e o único garoto da turma que não desapareceu) onde todos os demais elementos serão explicados - pouco por vez nestas partes que se seguem, e, concluindo no capítulo final em que se resolvem os eventos.

A conclusão, pra mim, falha em alguns elementos (e talvez eu seja o problema pois eu me vi rindo e me lembrando mais de um filme de comédia do Mel Brooks que efetivamente investido na cena que estava se desfraldando), mas não diminui o material.

Quer dizer, é decente no geral - longe de algo como Pecadores ou A Substância que tem algumas cenas realmente incríveis e consegue trabalhar brilhantemente a construção de personagens e elementos, além de servir a um metacomentário bem mais interessante - e, de novo, talvez o problema seja eu especificamente que olhei para a solução (ou o monstro se você preferir) que o filme apresenta e achei 'meh'.

 Se você não quer saber qual é o monstro do filme e qual a solução pare por aqui na área sem spoilers e assista ao filme para suas próprias conclusões.

Pra mim não funcionou, ainda que eu considere o filme bem amarradinho, com ótima direção e excelentes atuações (principalmente da Julia Garner e o Josh Brolin).

Nota: 7/10 

 

Ok? Aqui vamos com os spoilers:

 


O monstro do filme é uma bruxa (que é quem sequestrou as crianças e quem causou todas as coisas bizarras que ocorrem com os outros personagens durante todo o restante do filme), e, como eu disse, isso não funcionou muito bem para mim.

Não vou questionar as escolhas (a atriz nesse papel é muito boa ainda que a maquiagem utilizada - tá, é impactante e chama a atenção, isso eu tenho que concordar - mas faz com que ela pareça que saiu de uma orgia exclusiva com palhaços e não se limpou depois), e, honestamente acho que tinha como trabalhar a ideia geral de maneira mais interessante de outra forma (eu curiosamente fiquei pensando no Flautista de Hamelin e como isso serviria com um metacomentário de manipulação de massa) mas, é, o vilão do filme é uma bruxa com uma maquiagem bizarra.

E não é que ela não seja ameaçadora (de novo a atriz é excelente e suas cenas são fantásticas mesmo com a maquiagem bizarra), é mais que pra mim não funcionou e o final eu achei particularmente ruim (de novo, me lembrando do final de Banzé no Oeste com a bruxa fugindo e atravessando casas enquanto o caos se segue - mas até pela forma um tanto exagerada e caricata com que a atriz conduz esses momentos finais). 

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