É ruim.
O que? Eu tenho que elaborar mais?
É muito ruim. Puta merda eu acho que não consigo pensar em um crossover pior do que esse que eu tenha lido (o que obviamente exclui o crossover do Justiceiro com a turma do Archie ou Meu Pequeno Pônei e Transformers - que eu até hoje não sei se é só uma piada da internet) ou mesmo em outras mídias como Fred vs Jason ou Os Simpsons se encontrando com uma Família da Pesada.
Isso consegue ser pior porque não tenta disfarçar em momento algum o quanto é meramente comercial com a tentativa de atrair a atenção de fãs e dane-se todo o resto, no máximo fingindo que as tiradas do Deadpool para quebrar a quarta margem justamente dizendo que isso é uma ideia estúpida justifique e fica por isso mesmo.
Zeb Wells é um péssimo roteirista (e essa é só a última de suas produções preguiçosas e ruins), a arte de Greg Capullo produz algo protocolar sem o mínimo esforço ou consistência e isso é basicamente o fundo do poço da falta de criatividade corporativista caindo num ciclo interminável de um vácuo contínuo de falta de qualquer mínima perspectiva de ideias novas para atrair o interesse público então produzem algo com personagens facilmente reconhecíveis para se enfrentarem com roteiro preguiçoso e previsível até a última página para promover algum próximo mega evento ou ao menos a próxima edição ad infinitum.
A """história""" coloca o plano genérico Y do Coringa em prática que o faz contratar o Deadpool para mater o Batman (porque o Deadpool e não o Exterminador, Pistoleiro ou até mesmo o Sanguinário...? Quem se importa?) e depois dos dois se desentenderem no telhado da Polícia de Gotham (com o Deadpool ameaçando o Comissário Gordon), obviamente, o Batman aceita a ajuda do mercenário bocudo em um plano ridículo para deter o Coringa (porque aceitar a ajuda do Deadpool ao invés de prendê-lo por ser um assassino por recompensa e sabe, chamar um dos diversos aliados como Robin, Asa Noturna, Batgirl ou... Já sei, já sei, quem se importa, né?).
Eu acho que já gastei muito spoiler aqui (ainda que não valha a pena se importar com esse conteúdo), e honestamente nem sei se vale a pena gastar mais qualquer parágrafo explicando mas eu preciso citar um exemplo do patético roteiro de Zeb Wells para ilustrar o que estou falando: "Mas eu vejo suas intenções... escritas sob o tecido da minha cidade" essa verborragia extremamente dramática ridícula que vem dos recordatórios do Batman é interrompida por Deadpool literalmente quebrando a quarta janela para iniciar a história e tudo segue da maneira mais estúpida e clichê que seria cômico se o roteirista fosse minimamente competente.
O que é curioso porque podemos olhar para o manifesto de Grant Morrison nos anos 2000 para o início de nova fase dos X-men e, entre suas muitas ideias, está lá em alto e bom som que os quadrinhos estadunidenses estavam estagnados (em 2000) de boas ideias se retraindo num mundinho de mesmos personagens truncados em 30+ anos de cronologia masturbatória (o que é inclusive curioso pois Morrison deve ser o autor da próxima edição desse crossover, diga-se de passagem). E eu nem vou citar o crossover entre os Jovens Titãs e os X-men dos anos 1980 que é simples e eficiente em promover um encontro entre os dois grupos, ou, pouco depois do manifesto de Morrison, o crossover entre a Liga da Justiça e os Vingadores porque, bem, se eu ficar lembrando dessas histórias talvez eu não consiga terminar de falar dessa história ruim aqui...
É curioso, inclusive, no quanto a história parece não entender nem do Batman e nem do Deadpool, mas eu honestamente não acho que vale a pena entrar nesse meandro (mas droga, o morcegão aceitando a ajuda de um sujeito que minutos atrás estava tentando matá-lo e inclusive oferecer carona para ele no batmóvel é ridículo demais - e o Deadpool trabalhando da mesma forma que em histórias ruins do Rob Liefeld na X-Force consegue ser pior que o material do próprio homem que não sabe desenhar pés). Zeb Wells gasta boa parte do """roteiro""" com piadas que fariam o Joe Rogan parecer um comediante em comparação e tudo termina de maneira ridícula para deixar claro que terá mais, e, literalmente já tem mais...
A edição termina com histórias de back-up escritas por outros autores com a parceria de diversos personagens como Krypto o Supercão e Jeff, o tubarão terrestre jogando volei ou Frank Miller em sua pior forma (e eu tenho minhas dúvidas se ele não desenhou segurando o lápis com seu orifício anal), numa breve história de três páginas que não vale o papel (a tinta ou os anos de terapia para discutir o que diabos foi isso), e sobram outros materiais entre dispensável, repeteco de algo muito melhor feito por Kurt Busiek em JLA/Vingadores duas décadas atrás e o que diabos que uma amálgama entre Lobo e Wolverine possa ser.
O encontro entre Arqueiro Verde e Demolidor é a única história com um pingo de potencial e que renderia um bom caldo num crossover que me parece que vários leitores de fato gostariam de ler e que é de fato interessante (mesmo se não particularmente inteligente - ainda que em comparação...).
...
E essa vai ser a hq mais vendida do ano, né? Alimentando diversos outros projetos semelhantes e igualmente marqueteiros com a mera ideia de reunir personagens que não combinam ou fazem sentido - mesmo quando, se fosse a bosta do propósito reunir personagens das editoras pelo menos fazer uma reunião coerente como o Deadpool e o Pacificador pelo menos!
Depois a gente não entende porque o público se afasta cada vez mais do mercado de quadrinhos, né?
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