Bem rápido ao ponto? House of The Dragon (ou A Casa do Dragão) poderia facilmente chamar o Fiado do Dragão. Todo episódio é bastante morno mas termina com um gancho para deixar claro que agora vai e no próximo episódio o bicho (ou dragão?) vai pegar, e isso segue até o episódio final em que, agora, na próxima temporada o bicho (ou dragão?) vai pegar.
Woah, déja vu? Quer dizer, parece bastante com o primeiro parágrafo da minha resenha da primeira temporada de 2022, não?
E A Casa do Dragão é um negócio muito estranho. É uma relíquia de um tempo que a HBO/Warner existia e produzia bons shows antes de uma fuuuuuuuusão com a Discovery que entende que vender realities bosta como 'Quilos Mortais' ou 'Irmãos a Obra' - e esses nem são os shows terríveis como "Os Manos do Além" ou a assustadora e crescente franquia Largados e Pelados, e, de novo, alguém lembra o tempo que a Discovery um dia já foi um canal para programas educativos e documentários?
Um artigo de 2022 da Variety estimava que um episódio da série tinha um custo de aproximadamente 20 milhões (aproximadamente porque um episódio pode ter mais efeitos e gastos do que outro e na média vale que o material custa quase 200 milhões para uma temporada, que é o valor de um filme de alto orçamento de Hollywood (sabe, tipo Deadpool 3 que eu falei semana passada, e que é um material cheio de astros e o Ryan Reynolds), e enquanto isso significa 8 horas de conteúdo contra 2:30-3 horas, ainda é muita grana para um material cujo propósito é garantir assinantes, e, numa estrutura de 8 episódios, mal dá dois meses de assinatura garantidos - enquanto uma maratona de realities bosta vão garantir gente assistindo a semana inteira para ver alguma bobagem sobre sobrevivência, renovação de casas ou um idiota filmando com lentes noturnas para capturar 'fantasmas', e custam muito menos que 20 milhões por episódio... Olha, eu acho que com 20 milhões eles fazem uma temporada inteira de todos esses shows e mais uns bons outros (tipo aquele do aeroporto).
(Olha, me perdoe se parece que eu estou criticando fãs de reality shows e chamando vocês de idiotas, por favor, cada um escolhe o veneno que mais lhe agrada - eu mesmo continue lendo quadrinhos de super-heróis e gastei umas boas 300 pratas num omnibus do Batman pelo Paul Dini, então não é uma questão de elitismo intelectual criticando realities como inferiores à tv de verdade. O que me incomoda é que investindo em programas de reality com assuntos pouco interessantes e que tendem a uma grande repetição em detrimento da produção de seriados, acabamos perdendo bons projetos, apostas criativas e materiais interessantes - como Tokyo Vice ou Lakers, Hora de Vencer).
A Discovery é bem diferente na forma de produzir conteúdo comparando com o que a Warner/HBO fazia e os longos intervalos entre lançamentos de material mostram bem isso (Pinguim está em produção desde antes do filme do Matt Reeves chegar aos cinemas, e salvo engano era parte da ideia de lançar os dois simultaneamente, e agora tem algo parecido com o seriado das Bene Gesserit de Duna que também vai sair bem depois do filme - se algum dia ver a luz do dia), e eu acho que nada mostra isso tão claro quanto a segunda temporada de A Casa do Dragão (com anúncio de mais algum outro seriado baseado na obra do George R R Martin).
Talvez os próximos parágrafos possam conter spoilers leves (o que eu acho pouco provável), mas, fica o aviso assim mesmo.
Se você não se lembra do final da primeira temporada, o resumo rápido é que viria a grande guerra dos Targaryen, dragão contra dragão nível juízo final, não vai sobrar pedra sobre pedra. Esse é meio que o ponto da minha resenha na primeira temporada (de que era a constante promessa de algo para vir no próximo episódio e terminando com a promessa para vir na próxima temporada).
E esse é o exato mesmo final da segunda temporada. Literalmente termina com um conselho de guerra formando os planos para a grande guerra dos Targaryen, dragon contra dragão nível juízo final para não sobra pedra sobre pedra. E aqui é onde eu acho que reside o ponto mais estranho da coisa toda, porque durante a temporada existem episódios muito bons (o primeiro mesmo é sensacional e vai melhorando substancialmente até o quarto episódio - que é possivelmente o melhor da temporada e da série como um todo, mas depois cai um balde de água fria e ocorre uma guinada considerável e termina numa nota terrivelmente sem graça, que piora com o fato que é o exato mesmo final da segunda temporada).
Droga, é uma temporada repleta de eventos memoráveis e interessantes, mas termina com uma brochada tamanha que é difícil ignorar, principalmente porque dá a entender que talvez nem a próxima temporada traga de fato a tal guerra dos Targaryen (blá, blá, blá) porque já anunciaram uma quarta temporada e com toda a certeza eles vão partir para o que for mais custo-efetivo (menos dragões e explosões, mais cenas de gente discutindo eventos e conversando sob uma mesa de jantar).
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