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5 de maio de 2022

{Resenhas de Quinta} Yakuza Vice:Tokyo [HBO, 2022]

A versão curta: é bom.

Alguns anos atrás eu até diria que é um dos melhores materiais da HBO, e, francamente, só o talento somado, a qualidade do roteiro e tudo o mais que revolve essa primeira temporada já mais que justifica a recomendação.

E, de fato, é um material extraordinário que merece muitos e muitos elogios (o final de temporada sozinho é de tirar o fôlego em várias ocasiões, mas o primeiro episódio já traz vários momentos relevantes como a ausência de homicídios em Tokyo, ou a forma de cobertura da imprensa de acordo com a narrativa policial), só que também, pelo menos pra mim fez lembrar demais da franquia de jogos Yakuza. E enquanto a narrativa de Kazuma Kiryu tem invariavelmente um tom mais cômico - para oferecer uma certa levidade em meio a tantas mortes e violência, e claro para manter o interesse do jogador após horas e mais horas de jogo - é inequívoco o quanto do Japão e dessa realidade de submundo se refratam no jogo e no seriado.

Só que o seriado é mais sério, com um tom mais investigativo e desfraldando todo um cenário de corrupção que envolve a máfia japonesa, enquanto a série de jogos, bem, chuta o pau da barraca várias e várias vezes e não se leva nem um pouco a sério (ainda que traga histórias igualmente trágicas e dramáticas).

Tendo jogado três dos jogos da franquia Yakuza antes de ver Tokyo Vice, parece que a série é um reboot soturno, sinistro e sombrio do jogo... Só que é algo completamente diferente e até onde sei sem qualquer ligação. O que não deixa de ser estranho.

Quer dizer, as ruas que Jake (personagem de Ansel Elgort) percorre em Tokyo são muito parecidas com as de Kamurocho de Kiryu, infestadas por gangsters, cheias de bares de hostesses e com toda sorte de jogo eletrônico. A diferença é que Jake é um estadunidense fugindo de casa e que encontra no trabalho de jornalista uma expectativa de autorrealização, enquanto Kiryu é um gangster nobre (quase um samurai ou ronin moderno) que busca limpar seu nome depois de passar anos na cadeia por um crime que não cometeu.

Com certeza compensa conferir a série - ou jogar Yakuza, principalmente o primeiro ou 0, que eu particularmente acho bem melhor - só pelo vislumbre mais íntimo e complexo de uma sociedade que nos parece tão alienígena.

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