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12 de maio de 2022

{Resenhas Mutantes de Quinta} A Saga (começada) de Chris Claremont

A Panini vem (re)lançando um bocado de material dos anos 1980 com certo sucesso, seja em parte pela nostalgia de um publico envelhecido lendo quadrinhos, seja em parte pelo fato destas publicações terem saído outrora de maneira porca e achincalhada pela editora Abril originalmente (não somente pelo formatinho e os cortes/pulos, como também pelas múltiplas revistas para publicar uma única série). É claro que agora precisaria sair novamente em outra editora para corrigir os erros de português, mas, aí já é outra coisa...

Com os sucessos da DC nos últimos anos, a Panini resolveu em 2022 partir para a Marvel, com dois lançamentos, o Demolidor de Ann Nocenti (já comentado aqui) e os X-men de Chris Claremont. Ou melhor, os X-men do Chris Claremont a partir de 1983. E enquanto é evidente que a edição 168 com a icônica "O professor Xavier é um idiota" é notória e um bom ponto de início como qualquer outro, eu tenho meus problemas para entender o ponto escolhido pela Panini aqui.

Sei que a editora já republicou uma série de coisa pregressa - como o real início dessa fase na Segunda Gênese, seguido de Magneto TriunfaA Saga da Fênix Negra e Dias de um futuro esquecido - mas até onde sei, não saiu todo o material, incluindo a saga de Proteus, o "confronto final" com Magneto na edição 150 (que é o que desencadeia o julgamento e arco de redenção do vilão mutante nos anos seguintes) e mais um bocado de coisa que ocorre entre as edições 151 a 167 (incluindo o surgimento da Vampira, o confronto dos X-men com a Ninhada no espaço - que meio que resultam na morte do Professor Xavier - assim como maior interação com os Starjammers do Corsário (pai do Ciclope e Destrutor) que passaria a receber Carol Danvers após a mudança em seus poderes no arco da Ninhada (passando a ser a heroína Binária) - e nem em ordem cronológica e completa - mas aí já é outro problema.

Tem ainda duas histórias que, apesar de menores (e mais idiotas) tem ramificações importantes em eventos futuros. Uma é a edição 160 onde a irmã de Colossus, Illyana é sequestrada pelo demônio Belasco e fica presa em sua dimensão pro sete anos, evento que tem ramificações para a personagem e volta e meia é citado, ainda que mais nas histórias dos Novos Mutantes. Outra é uma história em duas partes (uma na edição 159 e outra no Anual 6 de 1982) trazendo um encontro com Drácula (sim) que transforma Tempestade em vampira (sim), e junto com os eventos da saga da Ninhada acaba resultando em altercações para a Tempestade e ramificações em eventos futuros.

Além disso ainda tem o início uma nova série dos Novos Mutantes (basicamente os Jovens Titãs, só que mutantes e da Marvel), apresentando todo um novo grupo e dinâmica para Xavier e seus pupilos, iniciando em janeiro de 1983, poucos meses antes da edição que inicia essa fase da Panini (de Abril do mesmo ano), incluindo o motivo do Professor Xavier ser um idiota - ao final da edição 167, após o grupo retornar do espaço e sobreviver à Ninhada (incluindo Xavier que, reforço meio que morreu e foi clonado por tecnologia Shiar), Kitty Pryde é 'rebaixada' para os Novos Mutantes em virtude de sua faixa etária menor, e, isso causa ira da garota.

E, vamos ser bem francos, até entendo que a editora prefira não republicar desde o começo (no que daria algo entre 10 a 12 edições só para chegar aqui, e, considerando as quatro edições em capa dura como base - com dados de vendas das histórias mais famosas e notórias desse período), mas, é importante destacar que, ao contrário do Demolidor de Ann Nocenti que tem vem de uma das mais notórias histórias escritas por Frank Miller e expande a partir daí (sem a necessidade de maior contexto, ainda que valha a pena ir atrás de histórias mais antigas), aqui você tem toda uma história que foge do leitor (como o ódio dos X-men perante a Vampira na edição 171 quando ela passa a integrar os X-men, e que é consequência de toda uma série de histórias envolvendo Carol Danvers), onde eu particularmente acho que seria um início mais interessante para essa coleção (a partir do décimo anual dos Vingadores e da edição 151 de Uncanny X-men (somando mais 17 edições - mais anuais - aos encadernados, ou aproximadamente 3/4 encadernados)

Basicamente isso nos coloca na edição 168 onde inicia a coletânea da Panini e começa uma fase mais (ao menos em partes) "pé-no-chão" dos X-men. Menos aventuras espaciais, Starjammers e Lilandra e mais confrontos com mutantes feios nos esgotos como os Morlocks (importantíssimos para várias histórias por vir, incluindo o Massacre de Mutantes), leis antimutantes (incluindo toda a repercussão, opinião pública e grupos de caçadores de mutantes) e claro, clones, Senhor Sinistro (óbvio) e Apocalipse. Aqui também inicia uma vasta diluição da série que desde a edição Giant-Size X-men de 1975 que inicia essa fase (da já citada Segunda Gênese), com Claremont já conduzindo o universo X há bons 8 anos, incluindo anuais e mini-séries (como do Wolverine com Frank Miller) e graphic novels (como Deus Ama, o homem mata) para novos títulos como Novos Mutantes (um novo grupo com personagens adolescentes que passa a ser tutelado de Xavier).

Claremont ainda consegue manter a série principal nos rumos por uma boa quantidade de edições, e, francamente aqui é de fato parte de seu melhor trabalho à frente dos X-men (que eclode no Massacre dos Mutantes entre as edições 210 e 214 e posteriormente a Queda dos Mutantes das edições 220 a 227). Tem muita coisa boa - ainda que o material expanda e tenha mais e mais personagens e autores - e pelo menos até a chegada de Jim Lee que sequestra o título para transformar em seu playground (e trampolim) particular, rende bastante coisa interessante.

Então tirando a clara e óbvia confusão que a série trará para novos leitores (que deva ser a ideia da empreitada), é um material que vale a pena uma conferida sim, mas é importante estar plenamente ciente que é algo incompleto, e a possibilidade de se perder lendo é ampla...

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