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8 de agosto de 2024

{Resenhas de Oh, Deadpool where are thou?} Flashpool e o Multiverso da Loucura ao mesmo tempo e em todo lugar

Dizer que eu não gostei de Deadpool & Wolverine é tipo dizer que eu não gostei de pisar em cocô de cachorro na rua, é algo que não precisaria ser dito. Mas os fãs gostam e eles ficaram por meses e até mesmo anos dizendo que isso seria a salvação do universo Marvel cinematográfico, não é mesmo?

Bem, e quem se importa com o universo Marvel cinematográfico e suas cifras além da Disney?

Se os filmes são bons ou não, isso deveria importar para o público (e crítica que me inclui nesse caso específico), mas se são lucrativos ou manterão uma franquia viva? E manter uma franquia viva para fazer mais e novos filmes trazendo atores para reviver seus papéis de vinte anos atrás ou produzir alguma montagem boba com CGI bem sem vergonha... Onde eu vi isso mesmo?

O que acontece, no entanto, é que Deadpool de 2016 foi um filme bom, mas não porque Ryan Reynolds é o Will Smith branco dos anos 2010 e consegue fazer ação e comédia com tiradas sarcásticas mas porque Tim Miller soube produzir o filme com recursos limitados para otimizar o que ele tinha (um astro com basicamente zero de elenco minimamente reconhecido e um orçamento de 58 milhões (pouco mais que o orçamento de Superman, de 1978 e quase 1/4 do orçamento do filme dos X-men de 2 anos antes, Dias de um Futuro Esquecido com 200 milhões), o filme aposta em bom uso de câmera para disfarçar um orçamento baixo e trabalhar cenas de ação de maneira eficiente enquanto enfatiza num roteiro simples que permite o desenvolvimento de personagens.

Sabe, tipo a montagem que denota o romance entre o Wade e a Vanessa (denota a passagem de tempo e reforça o sentimento desses dois personagens pontuando tudo com a conclusão dramática de que o Wade tem câncer), apresentando de maneira bem simples a motivação e conflito do personagem e estabelecendo os passos seguintes para o que viria no filme.

Dois anos mais tarde com o dobro do orçamento, Deadpool 2 tem participações especiais a rodo (Brad Pitt, Terry Crews, Matt Damon e boa parte dos X-men de filmes anteriores para cenas minúsculas, Josh Brolin - que já era Thanos na Guerra Infinita do mesmo ano - e Zazie Beetz de Atlanta, além de uma versão para crianças com Fred Savage, porque não?), e, bem, não se importa minimamente em fazer um trabalho bem feito e interessante como Tim Miller fez anos antes. O roteiro é uma bagunça e não trabalha para o desenvolvimento cadenciado de personagens (viagens no tempo, prisões de mutantes e Deadpool extremamente apegado ao Rick Baker por algum motivo), enquanto Reynolds recebe crédito de roteirista e insiste vocal em uma campanha para produzir um terceiro filme no qual Deadpool se encontraria com Wolverine.

Seis anos mais tarde após Fox ser comprada pela Disney que não vem encontrando muito sucesso com seus filmes de super-herói e bem, temos um filme de mais de 200 milhões de dólares e com participações especiais de todo mundo possível, imaginável e disponível (droga, se você verificar em um pequeno frame na marca da 1h 44 minutos você verá que eu estou no filme também) que simplesmente joga para o vento qualquer ideia de desenvolvimento de personagem, roteiro simples e coerente ou efetivamente qualquer coisa que não se pareça com uma criança pegando uma coleção de bonecos para fazê-los brigar...

Algumas piadas funcionam e certas cenas são divertidas? Bem, o filme de 2018 fez exatamente a mesma coisa - e com um orçamento menor - mas continua sendo um filme desinteressante. A diferença, claro, é que Hugh Jackman como Wolverine é muito melhor que John Brolin como Cable (ao passo que Cable por si só é um personagem bosta de todo jeito). É melhor que o filme de 2018? Sim, mas isso é algum mérito?

Olha, eu comparei inicialmente com cocô de cachorro, mas é só cocô de gato, ufa...

Porque vamos deixar claro, enquanto o filme de 2018 é bastante ruim e tem no máximo umas três piadas que funcionam e umas duas cenas que são bem produzidas, o roteiro é terrível e faz pouco ou nenhum sentido, há zero desenvolvimento de personagem(ns) e essencialmente o material agrega nada ou coisa alguma à mitologia do personagem. O filme de 2024 faz exatamente a mesma coisa (o roteiro é péssimo tentando constantemente ser meta para deixar claro que a Fox e o universo de filmes da Fox não mais existem e agora são parte de algo maior no conglomerado Disney, não existe desenvolvimento de personagem algum e nada do que acontece nas telas agrega para a mitologia maior do[s] personagem[ns] ou do universo maior em que estão inseridos), só que acerta um pouco mais com umas cinco piadas a mais e talvez quatro cenas mais interessantes, enquanto continua sendo uma bagunça de proporções épicas que só serve para agradar fã babão (ei, aquele ali aparecendo por uma fração de segundo é um vilão criado por Steve Gerber ou só um sino mesmo?).

Vale mais a pena esperar que o filme chegue ao Disney Plus do que pagar mesmo meia entrada nos cinemas.

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