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2 de agosto de 2024

{Resenhas de meh} Batman: O Cruzado Encapuzado e Minhas Aventuras com Superman

Olha, eu queria gostar desse material, queria mesmo.

O diretor do último Batman, o baita escritor Ed Brubaker com colaboração de outro baita escritor Greg Rucka em parceria com Bruce Timm... E o J J Abrams ali por algum motivo (porque nunca se pode ter produtores executivos o suficiente eu acho)... Mas o material é na melhor das hipóteses 'meh'.

Meia boca e preguiçoso ao ponto que muitas vezes chega a ser no máximo 1/4 de boca.

Quer dizer, por algum motivo as histórias se passam numa Gotham que parece os anos 1940 (e o Batman também parece aquele dos anos 1940 com o traje de luvinha e tudo mais), enquanto os personagens na sua grande maioria são versões bem diferentes dos personagens tradicionais (O Penguim vira A Penguim, Arlequina usa um traje bizarro e seus métodos são mais para Hugo Strange, Leslie Thompkins tem um orfanato ao invés de ser uma médica respeitada com uma clínica gratuita) e quanto mais eu avancei no material mais essas coisas me distraiam e me tiravam do contexto.

Essa questão do cenário de anos 1940 é o que mais me distraiu o tempo todo porque não importa o que eu tentasse acompanhar do roteiro e prestar atenção na história e nos personagens, eu sempre voltava para 'mas porque diabos isso se passa num mundo análogo aos anos 1940?' (ah, e importante, não é que a história se passe nos anos 1940 ou algo do tipo, pois por mais que tenham tecnologias dos anos 1940 e gangsters e os trajes da época, o mundo é bem diferente dos Estados Unidos dos anos 1940 - sabe, com um homem negro comissário e uma mulher negra advogada, e nenhum deles precisa pegar um vagão separado no trem ou beber água de uma fonte segregada).

Sério, eles imaginaram que a molecada de hoje em dia cansou de tiktok e de vídeos do Lucas Neto para ouvir big bands e curtir a história de Chicago da Lei Seca? Toda essa gurizada de gravata borboleta, sobretudo e fedora? Mesmo para fãs da série animada dos anos 1990, essa estética é bem meia boca e uma cópia artificialmente produzida do excelente mundo criado para a outra animação...

Além disso, em termos de roteiro não é como se o cenário oferecesse maiores perspectivas narrativas porque, de novo, não é como se eles tentassem oferecer qualquer perspectiva do mundo real nesse período para retratar o racismo, misoginia ou qualquer outro problema que efetivamente os personagens enfrentariam nesse período específico da história. Se essas histórias se passassem nos anos 1980, 1990 ou 2020 nenhuma diferença intrínseca no roteiro seria manifesta, então porque escolher esse período específico?

Na comparação com a Série Animada dos anos 1990 novamente, é uma escolha deliberada para emular um passado indistinto enquanto diversos recursos e tecnologias relativamente anacrônicas existem (Batman constantemente usa computadores, enfrenta ciborgues e mesmo o Charada produz um jogo de realidade virtual em determinado episódio), então qual o propósito aqui dessa nostalgia por um período terrível da história entre uma recessão e duas guerras mundiais?

Quando eu consigo ignorar a escolha do cenário por tempo o suficiente, eu começo a me concentrar nas escolhas de roteiro, ,e igualmente elas me incomodam. Troca o gênero do Penguim para que continue sendo um mafioso contrabandista com fixação em pássaros - quer dizer, se queriam uma vilã para ser mafiosa e dona de cabaré, porque não a Coelha Branca? Droga, até mesmo a Mulher Gato mais mafiosa e menos cleptomaníaca impulsiva seria uma caracterização interessante para a personagem, e o próprio Brubaker produziu com a Mama Fortuna e a Sylvia Sinclair duas personagens que seriam muito mais interessantes... 

E puta que pariu, o negócio é tão preguiçoso que eles batizam a personagem de 'Oswalda'... Existe alguma mulher chamada Oswalda? Nem para adaptar, sei lá 'Olivia' ou 'Octavia' ou mesmo WANDA (que pelo menos é parecido), mas OSWALDA é tão preguiçoso, que é assustador (como eu disse, 1/4 boca ou talvez nem isso - 1/8 boca?).

Com tantos personagens pouco explorados do Batman, qual é o ponto de fazer uma versão pior e menos interessante de algum personagem que já existe (vide Bullock corrupto aqui). E quando a gente lembra de algo como A Sombra de Batman de 2013 (mesmo com a animação 3d esquisita) fez bem mais ao apresentar personagens que nunca tiveram uma chance em qualquer outra das dezenas de séries do morcegão...

E é onde o 1/4 de boca prospera... Porque mesmo com personagens nunca apresentados em animações, vemos algo como a gangue do Onomatopéia (um assassino que não fala nada além de onomatopeias - soc, tum, poff), e curiosamente seus lacaios o ouvem e respeitam (sabe, o cara que aponta para um rastro de óleo no chão e diz 'pling, pling, bleim, bleim, bleim' e eles respondem 'brilhante ideia chefe'). Droga, não é nem como se estivessem se esforçando...

Curiosamente, com Minhas Aventuras com Superman, a própria DC apresenta versões bem diferentes dos seus personagens (eu confesso que talvez por burrice, falta de atenção ou outros fatores combinados não percebi que o 'Agente Wilson' era o Exterminador - ainda que em minha defesa, o estilo animê do seriado faz com que todo mundo pareça mais com um personagem de Evangelion que da DC), mas honestamente eles funcionam porque, bem, o foco está no senso de aventura (e nos desafios que o Superman enfrenta num mundo inspirado por animê) que é a proposta da série, inclusive com a segunda temporada abraçando ainda mais o senso de aventura e homenagens a Dragon Ball.

E enquanto o seriado do Superman não seja nada revolucionário - mas mostre muito da burrice da empresa que é dona do material, porque ele está uns 20 a 10 anos atrasado em tentar criar um cenário de animê com o personagem, sabe, na época em que as pessoas de fato assistiam ao Cartoon Network? - eu recomendo bem mais assistir às duas temporadas das Aventuras do Superman que a qualquer episódio do Cruzado Encapuzado.

{Editado} No entanto fica clara uma diferença vital entre ambos os programas. Enquanto o Superman vive em um mundo futurista, enfrentando ameaças tecnológicas e científicas (e é um personagem que vive de esperança oferecendo quantas chances imagináveis para os vilões - ao ponto de vencer uma de suas contendas com um abraço, e eu juro que não estou inventando), o Batman de Brubaker e cia vive de passados, ressentimentos e culpa (em contraste, ele condena um vilão fantasmagórico a um pós vida de torturas constantes) num mundo pessimista e deprimente.

Honestamente eu prefiro o otimismo do personagem que acena dos céus e sorri, mas, ei, para cada um seu cada um... {Fim da edição}

Agora, Esquadrão Suicida: Isekai eu me recuso a comentar (puta merda, o Coringa pilotando um carro com um piano é demais pra mim - não, sério, é o piano que dirige o carro, não tem um volante)

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