Pesquisar este blog

1 de agosto de 2024

{Resenhas de Quinta} Longitude - Dava Sobel

Se algum dia eu tivesse que apresentar uma proposta para a HBO Discovery ou Netflix para produzir uma série ou mini-série, eu com toda a certeza e sem pestanejar faria a proposta de adaptar Longitude de Dava Sobel.

Com primeira piublicação em 1995, o livro traz a prova definitiva de que quem acredita na Terra Plana é pura e simplesmente idiota que não consegue ler um livro de menos de 200 páginas resumindo o longo e complexo processo de mapeamento das estrelas e de aumento de precisão de relógios para que fosse possível calcular distância angular no globo de forma a conseguir traçar rotas entre pontos num mapa e tornar navegações mais... Você está dormindo já, não é colega leitor?

É uma situação matemática altamente complexa que fascinou gente desde a Grécia Antiga até que finalmente Galileu conseguisse métodos mais precisos e ainda assim levou mais de 200 anos para que isso produzisse algum fruto, envolvendo gênios e alguns somente brilhantes que dedicaram suas vidas ao trabalho científico árduo sem qualquer reconhecimento na história, e Sobel junta esse trabalho para produzir uma novela que, ainda que não totalmente ficcional distorce fatos aqui e ali, ignora detalhes quando conveniente para formar uma narrativa mais interessante que precisa.

Sobel cria heróis (principalmente John Harrison e sua família) e vilões (Maskelyne e toda a patota 'pretensiosa' de astrônomos trabalhando ativamente para impedir a glória de Harrison, nosso herói), e estabelece no geral os critérios e motivos para cada um deles em seus processos e tentativas de solucionar o problema bem real, e, rentável (sim, existia um prêmio para quem apresentasse a melhor solução para  oproblema da longitude com prêmios para o primeiro, segundo e terceiro colocados com valores que - como Sobel faz questão de destacar na conversão para a cotação atual - seriam equivalente a milhões atuais).

Ela ignora ou faz questão de deixar dúbia a motivação de Harrison em questionar seus próprios sucessos - ao produzir relógios altamente poderosos mas não submetê-los aos testes da banca examinadora de Longitude para avaliação do prêmio - fazendo parecer que o relojoeiro é magnânimo e humilde, sempre determinado a construir o melhor trabalho possível, quando as razões parecem bem menos nobres - sim, ele podia tirar umas 500 libras a cada 5/10 anos (quase 1/4 do prêmio e, depois solicitar o prêmio total quando/se apropriado), enquanto deixa implícito que Maskelyne odiava Harrison e por isso enxergava as soluções mecânicas como inferiores e tentava sabotar o trabalho do relojoeiro pura e simplesmente por inveja.

Quando a verdade parece bem menos interessante (que somente a solução mecânica, com relógios de alta precisão não adiantaria de muita coisa sem a referência precisa dos astros para permitir um posicionamento claro e eficiente... Você está dormindo de novo, não é caro amigo leitor?).

Ainda assim o livro é recomendadíssimo como um primeiro contato com um assunto complexo e honestamente até alienígena no quanto nos parece mundano e simples hoje em dia, e imaginar um mundo em que isso não fosse a realidade (e pelo contrário essa situação que nos é lugar comum fosse um desafio insolúvel).

Nenhum comentário:

Postar um comentário