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21 de setembro de 2023

{Resenhas de Quinta} Lakers: Hora de Cancelar na segunda temporada

Eu jurava que tinha falado dessa série ano passado que foi uma das gratas surpresas para um primeiro ano de uma série nova. Empolgante, interessante, com bons atores e performances, a primeira temporada de Lakers: Hora de Vencer é fácil um dos melhores (se não o melhor) seriados esportivos produzidos até o momento.

Não que existam tantos assim (de cabeça lembro de um sobre o Maradona que, bem passa longe de ser assistível, e vários documentários que se aproximam demais dos envolvidos para serem efetivamente jornalísticos - sabe, tipo aquele do Neymar), mas existe algo de especial na primeira temporada que faz efetivamente despertar um interesse por mais. Até porque a temporada inicia justamente anos mais tarde dos eventos que trazem o primeiro caneco ao time de Doc Buss, quando Magic Johnson é diagnosticado com HIV, e, bem, a série nunca chega a esse ponto - inclusive porque ao final da extremamente morna segunda temporada ela foi cancelada.

Droga, é uma bagunça.

Morna talvez nem seja a palavra correta, pois a segunda temporada é algo que talvez me falte palavra melhor para descrever além de confuso e estranho, mas usarei a palavra que acho que melhor descreve e é anticinemática. A segunda temporada produz o oposto de arcos narrativos, ao jogar elementos e tramas e simplesmente nunca desenvolvê-los ou tratá-los (e sim, enquanto isso é uma série baseada em fatos reais, isso ainda é uma série) e tudo acaba parecendo muito no ar e sem relevância.

Além de vários personagens que somem entre as temporadas e mal ou porcamente são trabalhados (como a única pessoa competente da administração do clube, Claire ou o advogado sempre à beira de um ataque cardíaco Frank), a narrativa se perde ao tentar retratar um espaço de cinco anos (ao contrário de um único e emocionante ano da primeira temporada) e egos, conflitos e personalidades colidem mas nunca há um real resultado para isso tudo.

Nem mesmo a grande rivalidade que a série tenta construir entre Larry Bird e Magic Johnson é devidamente explorada, e até mais que isso com o final que temos, bem, fica longe de algo que resolva tanto de maneira satisfatória como de maneira conclusiva (ainda mais se tratando do final da série - não apenas da temporada), e termina de maneira bastante anticlimática.

A série perde tempo desenvolvendo uma trama (sem pé nem cabeça ou mesmo relevância) da vida romântica do presidente do clube, enquanto não trabalha direito as dinâmicas e polêmicas de bastidores. Nos primeiros episódios Johnson tem de decidir sobre um filho que teria com uma garota (se pagaria por um aborto ou simplesmente daria algum dinheiro para silenciar a garota - e alegar que não é o pai da criança), e isso nunca mais é abordado ou representa qualquer impacto para os episódios seguintes, e isso é só um exemplo de fios narrativos que vão a lugar nenhum (e que, bem a série poderia excluí-los completamente para focar em uma narrativa mais coesa e interessante).

Simplesmente não funciona como um drama - ou dramatização de eventos reais - assim como não funciona como um registro histórico dos eventos (justamente pelo excesso de drama tirando foco dos eventos relevantes e interessantes). O material se perde sem foco entre duas realidades distintas - entre relatar com veracidade eventos reais e produzir uma dramatização interessante, e, honestamente fracassa assustadoramente nesse caminho.

O que é ainda mais assustador com o quanto a primeira temporada demonstrou capaz de fazer justamente isso.

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