Eu jurava que tinha falado dessa série ano passado que foi uma das gratas surpresas para um primeiro ano de uma série nova. Empolgante, interessante, com bons atores e performances, a primeira temporada de Lakers: Hora de Vencer é fácil um dos melhores (se não o melhor) seriados esportivos produzidos até o momento.
Não que existam tantos assim (de cabeça lembro de um sobre o Maradona que, bem passa longe de ser assistível, e vários documentários que se aproximam demais dos envolvidos para serem efetivamente jornalísticos - sabe, tipo aquele do Neymar), mas existe algo de especial na primeira temporada que faz efetivamente despertar um interesse por mais. Até porque a temporada inicia justamente anos mais tarde dos eventos que trazem o primeiro caneco ao time de Doc Buss, quando Magic Johnson é diagnosticado com HIV, e, bem, a série nunca chega a esse ponto - inclusive porque ao final da extremamente morna segunda temporada ela foi cancelada.
Droga, é uma bagunça.
Morna talvez nem seja a palavra correta, pois a segunda temporada é algo que talvez me falte palavra melhor para descrever além de confuso e estranho, mas usarei a palavra que acho que melhor descreve e é anticinemática. A segunda temporada produz o oposto de arcos narrativos, ao jogar elementos e tramas e simplesmente nunca desenvolvê-los ou tratá-los (e sim, enquanto isso é uma série baseada em fatos reais, isso ainda é uma série) e tudo acaba parecendo muito no ar e sem relevância.
Além de vários personagens que somem entre as temporadas e mal ou porcamente são trabalhados (como a única pessoa competente da administração do clube, Claire ou o advogado sempre à beira de um ataque cardíaco Frank), a narrativa se perde ao tentar retratar um espaço de cinco anos (ao contrário de um único e emocionante ano da primeira temporada) e egos, conflitos e personalidades colidem mas nunca há um real resultado para isso tudo.
Nem mesmo a grande rivalidade que a série tenta construir entre Larry Bird e Magic Johnson é devidamente explorada, e até mais que isso com o final que temos, bem, fica longe de algo que resolva tanto de maneira satisfatória como de maneira conclusiva (ainda mais se tratando do final da série - não apenas da temporada), e termina de maneira bastante anticlimática.
A série perde tempo desenvolvendo uma trama (sem pé nem cabeça ou mesmo relevância) da vida romântica do presidente do clube, enquanto não trabalha direito as dinâmicas e polêmicas de bastidores. Nos primeiros episódios Johnson tem de decidir sobre um filho que teria com uma garota (se pagaria por um aborto ou simplesmente daria algum dinheiro para silenciar a garota - e alegar que não é o pai da criança), e isso nunca mais é abordado ou representa qualquer impacto para os episódios seguintes, e isso é só um exemplo de fios narrativos que vão a lugar nenhum (e que, bem a série poderia excluí-los completamente para focar em uma narrativa mais coesa e interessante).
Simplesmente não funciona como um drama - ou dramatização de eventos reais - assim como não funciona como um registro histórico dos eventos (justamente pelo excesso de drama tirando foco dos eventos relevantes e interessantes). O material se perde sem foco entre duas realidades distintas - entre relatar com veracidade eventos reais e produzir uma dramatização interessante, e, honestamente fracassa assustadoramente nesse caminho.
O que é ainda mais assustador com o quanto a primeira temporada demonstrou capaz de fazer justamente isso.
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