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12 de setembro de 2024

{Resenhas de Quinta} Fallout: New Borderlands

Porque Borderlands fracassou quando Fallout funcionou talvez seja uma pergunta simplista e até a pergunta errada a se fazer depois que os materiais foram produzidos e os resultados tabulados.

Mas analisando antes dos lançamentos, as apostas eram inversas com toda a certeza. Um filme com orçamento de 120 milhões com elenco de Cate Blanchett, Jamie Lee Curtis, Jack Black e Kevin Hart com direção de Eli Roth contra um seriado da Amazon (que já colecionou um bocado de fracasssos nos últimos anos - com quase 1 bilhão gasto para Os Anéis do Poder, por exemplo, que menos de metade dos espectadores chegou ao episódio final) com um elenco bem mais modesto (Walton Goggins e Kyle MacLachlan devem ser os nomes mais famosos entre os atores, ainda que também inclua Jonathan Nolan que colaborou na direção/roteiro).

O orçamento da série é um tanto maior, é verdade, com 150 milhões para 8 episódios, e, considerando o material fica visível que foi muito bem investido pois consegue recriar o universo dos jogos de Fallout com incrível fidelidade... Enquanto eu fico distraído com o cabelo da Cate Blanchett em Borderlands tentando entender se eles usaram uma peruca ruim, tintura ruim (com papel crepom?) ou o que diabos. E mais importante, quem olhou o resultado e pensou 'É, tá bom o suficiente para um filme de alto orçamento de um grande estúdio (mesmo que não funcione para um filme de fã)'.

E eu sei que os fãs de Borderlands estão defendendo o filme e dizendo que o 'hate' é injustificado e que o filme é divertido ou qualquer outra bobagem do tipo, mas eles são fãs, não precisam de muito incentivo para gostar...

Só que para quem não conhece a franquia - no que eu me incluo, que nunca joguei nenhum deles e nem conheço a história mesmo que de maneira tangencial - o filme precisa de mais. É preciso apresentar os personagens e o mundo em que estão inseridos. E enquanto eu gosto bastante de Fallout, não acredito que haja enviesamento de minha parte favorecendo uma franquia e prejudicando a outra.

Fallout faz isso desde o primeiro episódio, apresentando os habitantes do abrigo, destacando a protagonista Lucy, depois nos mostrando o mundo externo com a Irmandade do Aço, com o segundo protagonista Maximus enquanto nos mostra também o Ghoul em sua jornada pelo ermo (ou Wasteland), ao mesmo tempo que nos mostra os paralelos com os jogos (cada um dos três protagonistas representa as escolhas de moralidade que delineam as escolhas dos jogos). Roteiro bem escrito e direção coesa ajudam, claro, mas tudo depende da construção de personagens e universo.

Borderlands não faz isso, ainda que essa seja uma falha de Eli Roth desde seu começo como diretor de filmes de horror (que achava mais importante criar uma cena chocante ou algum evento bombástico do que, sabe, uma estrutura narrativa lógica). Do pouco que assisti de filmes de Eli Roth, eu sempre tive a impressão que ele é do tipo que assiste Zack Snyder (que eu não carinhosamente apelidei de 'Capitão Óbvio') como um bulldog assiste a um forno de padaria com a baba escorrendo e pensado no quanto o sujeito é brilhante. E enquanto o diretor começou a produzir filmes infantis (?) ao mesmo passo que continua a produzir filmes ruins (sabe, o remake de Desejo de Matar com Bruce Willis?), não é como se ele tivesse aprendido alguma coisa no caminho ou sequer melhorado.

Eli Rotten (sim, sim, eu sei que o sobrenome dele não é 'podre' em inglês) não parece preocupado com a construção de cenas ou mesmo em criar algo interessante e empolgante. Na verdade pelo que eu conheço do diretor, ele parece plenamente contente em fazer seu trabalho de maneira mais distinta de um processo de plágio possível. Sem criação, sem invenção, só uma cópia legalmente distinta e estamos todos bem.

Com Borderlands é o que ele faz do começo ao fim.

Desde os trailers que tentavam emular James Gunn e seus Guardiões da Galáxia para as cenas que tentam fazer uma mescla de tudo e mais um pouco (que vai dos Guardiões da Galáxia já citados a Mad Max, uma caralhada de filmes do Kevin Hart - incluindo Jumanji que também traz o Jack Black e a lista segue, mas não melhora muito) enquanto uma batida genérica dá o tom, mas, o que é pior efetivamente, em momento algum o diretor ou roteiro parecem se importar e isso vai produzindo um efeito cascata para praticamente todo mundo envolvido.

Se o problema é que o material é genérico e uma tentativa de ser Fallout mas num contexto legalmente distinto (e mais espacial/futurista) ou que o diretor não conseguiu capturar a ideia para produzir algo interessante eu não sei responder, mas o que eu sei é que alguém viu uma franquia de videogames como potencial para lucrar fácil e rápido - produzindo algum filme rápidos e fácil para lançar o quanto antes - e o resultado foi o que foi, um filme que será esquecido tão rapidamente quanto o reboot do Corvo que algumas pessoas inclusive acreditam que nem aconteceu.

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