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26 de novembro de 2020

{Resenhas de quinta} 10 de Espadas, 7 de Paus e um 8 de Copas...

 Quando a Marvel anunciou a revitalização da franquia X ano passado com as duas grandes séries Powers e House of X tinha tudo para - e me desculpe a sinceridade - dar muita merda, até porque historicamente é o que acaba acontecendo nesses grandes e grandiosos planos para reestruturar tudo o que existe e já foi visto sobre uma série tradicional.

Hickman mesmo fez isso com os Vingadores, e, enquanto ele produziu boas sacadas e bons momentos, é bem difícil acreditar que qualquer uma das ideias ou projetos do autor teve grande reverberação ou influência na franquia - ainda mais considerando-se o sucesso dos personagens nos cinemas e tudo mais.

Com os X-men a trajetória já era outra, com um grande plano de reestruturar mesmo a franquia depois de anos destruindo ela (por vários motivos, que incluíram diminuir criações para uso da Fox na franquia cinematográfica, enquanto tentar dar mais vazão e força aos Inumanos como um equivalente), e o projeto inicial de dar um novo fôlego e reestruturar a franquia em seu novo lugar no universo Marvel abrindo o leque para o que ainda viria - que basicamente foi uma enxurrada de relançamentos com Novos Mutantes, X-Force, Carrascos, Excalibur e mais uma porrada de títulos incluindo outros tantos que viriam alguns meses depois como Wolverine, X-Factor, Satânicos (com as desventuras do grupo do Sr Sinistro) e as aventuras do jovem Cable.

Fora as histórias escritas por Jonathan Hickman, dessa leva toda só Cable tem algo de minimamente interessante, com a arte brilhante de Phil Noto e um roteiro de Gerry Duggan mais próximo da paródia do velho Cable sangue nozóio dos anos 1990, com isso permitindo situações bem mais interessantes e criativas. Os outros títulos contam com autores fracos/ruins como Benjamin Percy, Tini Howard e Zeb Wells e isso já dá o tom que a ideia de um mega crossover de 22 edições reunindo todo esse conjunto de mediocridade (somado a mais alguns nomes para uma ou outra edição apenas) já antecipa que dificilmente qualquer projeto funcionaria.

Claro, que, para ajudar, alguns meses antes do lançamento da mega-saga na franquia X, a Marvel resolveu já lançar outro mega evento (que não empolgou ninguém, chamado Empyre) e que envolveu os X-men, mesmo que não tenha resultado em nada de relevante...

Mas tudo bem porque o assunto daqui é a X of Swords, e, bem com o X of Swords (X de Espadas numa tradução bem literal) não é diferente.

Há um esqueleto de uma história que se molda nos limiares do que Jonathan Hickman traça entre as três edições da série que não fazem parte de qualquer título (Creation o capítulo 1, Stasis o capítulo 11 e Destruction o capítulo 22 e final) assim como alguns dos elementos principais desenvolvidos em X-men e Novos Mutantes mas é muito pouco para sustentar a história.

Ainda mais uma história que depende de um gancho antigo de alguma história ruim escrita por Alan Moore - do longínquo 1988 - e digo isso sem querer lançar qualquer spoiler.

A história para se dividir nos 22 capítulos escritos há mais de dez mãos (são os cinco autores aqui citados além de pelo menos mais dois nomes que incluem Leah Williams e Vita Ayala que escreveram X-Factor 04 e Marauders 13 respectivamente), e se divide em dois longos arcos que parecem não fazer parte da mesma história.

A primeira metade consiste em apresentar a história - que envolve um enorme conflito desencadeado por Apocalypse e seus filhos milhares de anos atrás - e, para a solução desse conflito campeões de Arakko (o mundo invasor) e Krakoa (o mundo dos mutantes) precisarão se enfrentar em um torneio.

Mediando o conflito está Saturnina (com seu irritante tarô mágico) e nisso é determinado que será necessário aos campeões de cada lado buscar espadas mágicas (claro). A busca pelas espadas é a primeira metade da história (em Stasis e X-men 14) e a partir do capítulo 13 (com Marauders 14) inicia-se de fato o torneio, ou, mais precisamente os ritos do torneio. 

E é justamente nesse ponto que há uma queda avassaladora de qualidade quando Percy e Duggan lançam os primeiros capítulos da segunda metade da história e resolvem abusar de alívios cômicos que são tolos demais, assim como desesperados demais para denotar qualquer coisa minimamente interessante. São torneios de comida, dança ou mesmo pegadinhas do Malandro (pois num duelo até a morte 'vence' o sujeito que morreu - sacou?), que te fazem perguntar porque diabos eram necessárias as espadas se eles vão ficar nessas competições idiotas...?

A história tenta se reencontrar após um belo e longo desperdício de papel - mas parece muito pouco, tarde demais. A ameaça não parece satisfatória, os conflitos pouco interessantes, e ao final da peça toda pouco parece de fato ter acontecido, e, do que aconteceu, pouco interessante.

Claro que com tantos personagens, séries e autores era de se esperar que fosse algo complexo e difícil de funcionar perfeitamente bem. Só considerando os campeões de cada mundo e um desenvolvimento apropriado ou decente para cada dupla já possibilitaria um bom desenvolvimento e uma história no mínimo interessante ou curiosa, mas, como dito, autores como Percy e Duggan preferem levar mais tempo produzindo histórias sobre Wolverine impedindo casamentos no Inferno (sim) do que de fato apresentando os antagonistas de Arakko, suas motivações e propósitos ou mesmo estes dos personagens do lado de Krakoa.

Com exceção de Apocalypse - que é o único personagem muito bem desenvolvido na história, ainda que sua ex-mulher e filhos recebam algum desenvolvimento tangente - há muito pouco trabalho em apresentar e desenvolver os demais personagens. Pelo contrário, em alguns casos parece haver uma enorme desconstrução de anos de desenvolvimento, como no caso da Tempestade - que parece bem pouco com a Tempestade ponderada e líder exemplar de sempre.

No fim é uma história que é longa demais, pouco desenvolvida e com várias pontas soltas (e/ou desinteressantes) que tentam criar um contexto muito mais inteligente do que realmente é.

O mais fácil é ignorar toda história além dos capítulos de Hickman além de um resumo ou algo do tipo, inclusive lendo alguns dos capítulos anteriores para contextualizar mais ainda a história de Apocalypse e suas decisões.

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