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8 de julho de 2021

{Resenhas de Quinta} Mulher Maravilha Grande Irmão [Patty Jenkins, 2020]

Nota: 1,984/10

Eu queria gostar do filme de Patty Jenkins. JURO mesmo que queria.

Adorei o primeiro, e acho que foi uma lufada de ar fresco tanto para a DC (que teve seus baixos e baixos) quanto para o gênero de super heróis, e, francamente existia enorme potencial para que fosse NO MÍNIMO tão bom quanto o primeiro... E não é.

Se eu tiver que resumir os problemas do filme, acredito que são essencialmente dois: Ou o filme é longo demais para o que é (são quase duas horas e meia de uma história idiota envolvendo pedras mágicas que concedem desejos) ou o roteiro é ruim demais e não aproveita o seu tempo de duração.

O que quero dizer é que, se esse mesmo filme que foi lançado nos cinemas, e na HBO Max tivesse 1:30h (ou até 1:45h) ao invés dos 2:30h, isso significaria cortar muitos dos excessos, gorduras e cenas que não acrescentam muita coisa. Droga, dava até pra tirar tramas inteiras - como o Max Lord (e o filho, que é um dos piores atores mirins que eu já vi), fácil - e o filme ficaria mais conciso, direto ao ponto e funcionaria (MUITO) melhor.

Com duas horas e meia e um roteiro ruim que aproveita mal seus atores, sobram excessos e tramas subutilizadas (pra dizer o mínimo, afinal a Mulher Leopardo aparece somente depois de duas horas e sua trama chega a uma conclusão no mínimo ridícula), e o filme sofre demais com isso. Cortando esses excessos, acrescentando mais algumas cenas de ação e aumentando o foco a uma narrativa coesa, o filme funcionaria muito melhor.

No entanto, também existia a possibilidade de refinar o roteiro e aproveitar bem essas duas horas e meia, o que produziria igualmente um filme muito melhor - algo como O Poderoso Chefão 2 com a narrativa intercalando entre a Diana desde os eventos do primeiro filme até 1984 e do presente. Sabe? Apresentando a justificativa para o que a Mulher Maravilha fez nesse longo intervalo - o que permitiria desenvolver melhor a personagem e suas justificativas.

O que há de errado com o filme, então? Bem, o grande vilão do filme é uma pedra. Uma pedra mágica que concede desejos mas que, obviamente, é maligrina (harn, harn, harn!!!!) e ela desperta o que há de pior nas pessoas.

Mas isso não significa que o vilão é quem desenvolveu a pedra - afinal, é citado que é um deus maligno, e que há inclusive a inscrição "na língua dos deuses". Ok, quem? Não, sério, o filme não se importa em dizer exatamente quem é esse deus maligrino ou contextualizá-lo - e porque ele fez essa pedra que causa tamanho mal - além de que os deuses são caprichosos. E é isso.

A Mulher Leopardo aparece por menos de meia hora e é pouco ou nada contextualizada (afinal, suas ações são controladas pela pedra maligrina) e Max Lord, bem, é um vilão estúpido com mínima motivação coerente e contexto (o que faz dele exatamente o mesmo que qualquer vilão do MCU), mas, igualmente é manipulado pela pedra maligrina. No mínimo tinham que explicar melhor a tal pedra mágica (e por quem ela foi criada, afinal esse é o verdadeiro vilão do filme).

E isso que era só colocar que o nome desse deus maligno é Darkseid e pronto, o filme se contextualiza como parte do universo DC cinematográfico ao mesmo tempo que explica porque essa história em particular é relevante - e até porque o vilão não é enfrentado por Diana nesse filme.

Do que temos, há um filme que fracassa em se contextualizar tanto individualmente (porque 1984? Porque ignorar todos os 60 anos em que Diana esteve no 'mundo dos homens' até esse filme? Porque essa trama da pedra mágica é relevante de qualquer forma...?) quanto parte do universo DC maior (se a Mulher Maravilha não era conhecida - nem como lenda urbana nesse período - o que essa trama nos acrescenta sobre quem ela é? Ou o que os demais personagens fazem e fizeram antes de Batman v Superman?)

E enquanto eu estou focando na história maior, vale lembrar que o filme fracassa TAMBÉM no contexto menor. No desenvolvimento das pequenas tramas, das nuances e seus personagens. Diana faz amizade com Bárbara (que virá a ser a Mulher Leopardo) mas eu acredito que, sem exagero, é um dos piores diálogos que eu já vi na minha vida.

As transições do diálogo parecem tarantinescas demais e pouco naturais - forçando uma exposição que não é coerente - o rapport entre as atrizes está longe de funcionar como estabelecendo porque essas duas personagens teriam o mínimo vínculo de amizade. Droga, em um momento elas estão conversando naturalmente e rindo e no outro já estão falando o quanto uma tem inveja da outra (e as duas se conheceram naquele mesmo dia) para então falar de relacionamentos amorosos.

Ou na longa sequência em que Diana vai até o Egito - e que obviamente é dia da Independência americana e tem fogos de artifício - e nada faz exatamente muito sentido ou se justifica. Droga, até agora eu não entendi como eles conseguiram pegar aquele avião/jato...

Ou a cena da Casa Branca. Ou a cena que mostra o caos no mundo com todos os desejos já realizados. Ou... Acho que fica bem clara a ideia, né?

No fim há um filme com muitos excessos, pouco brilho e que falha grosseiramente a recapturar o impacto de seu antecessor. Na verdade, compensa assistir ao primeiro filme duas vezes a cogitar assistir o segundo novamente...

Estou voltando aos poucos, e, daqui a 15 dias uma nova resenha de {Brrrr} Liga da Justiça, versão do diretor de Zack Snyder. Daqui um mês Tenet.

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