Nota: 8,0/10 (Ótimo) |
House of X e Powers of X são duas mini-séries lançadas em 2019 como parte do relançamento da franquia X na Marvel em sua grandiosidade - como protagonistas do universo da editora e não mais apenas coadjuvantes de luxo nas entrelinhas dos grandes eventos.
Também marcam o retorno de Jonathan Hickman para a editora depois do fim (meio precipitado e corrido em minha opinião) de sua fase a frente dos Vingadores em 2016.
Não sei até que ponto consigo fazer uma resenha sem spoilers, então, bem, farei duas... Uma sem spoilers (hoje) e outra com spoilers (amanhã).
Primeiro de tudo, sinceramente não sei até que ponto são duas mini-séries de fato no lugar de uma maxi-série em doze edições. Existem diferenças tonais pequenas aqui e ali, é verdade, principalmente no foco das séries individualmente, mas o fato é que são uma única história intrincada em todos os fatos das duas... Pelo contrário, ler apenas uma das séries causaria muito mais dúvidas do que de fato ler a coisa toda.
E ainda nessa nota, esse não é um material para iniciantes.
Quem nunca leu X-men na vida (e eu digo ler, mesmo, ter a bagagem dos filmes não vai te ajudar muito quando existem ilhas vivas ou vilões idiotas como títulos como Sr Sinistro e 'Maximus') vai apanhar demais para compreender tudo o que está acontecendo. Até porque, praticamente tudo que já foi citado, mostrado e sugerido em uma trama dos X-men nos últimos cinquenta anos acaba que tangenciando em algum momento nessas doze edições (algumas coisas com maior destaque que outras, ao ponto que alguns personagens importantes pouco ou sequer dão as caras), e trama constrói e sugere com condições alternativas no que vemos vários futuros e realidades diferentes - com resultados diferentes - para a história maior.
Quer dizer, é possível entender as linhas gerais, sem sombra de dúvidas: Xavier cansou de tentar uma coexistência pacífica e partiu para um plano mais ousado (e vemos as reverberações desse plano nos futuros possíveis dos X-men).
Mas pra ler as linhas gerais você pode pular doze edições e ler essa resenha, não é mesmo?
Eu costumo gostar de entender um pouco mais do material que estou lendo do que só as linhas gerais...
E o material requer bagagem e esforço do leitor - até caindo numas bobagens/peculiaridades que Hickman gosta de fazer como criar um pseudo-alfabeto e linguagem própria, algo feito nos Vingadores também - com a grande vantagem de que vale a pena gastar esse esforço. Realmente marca algo novo, bizarro e quase sem precedentes nas histórias em quadrinhos em termos de recomeços.
Existe aqui algo bem interessante e com enorme potencial (ainda que me assuste o que a editora fará com esse potencial já com um anunciado grande cross-over ridículo para algum mistério sem pé-nem-cabeça, mas ainda existem todas as outras grandes relações geopolíticas da editora com a Wakanda de Ta-Nehisi Coates), e acho que se a editora (e os fãs) der corda para as ideias se desenvolverem como podem/devem, temos uns bons dez anos de boas tramas a frente dos X-men, no mínimo.
De novo, pode dar algumas confusões ao cruzar com outros quadrinhos da editora (minha grande cisma com o Hulk Imortal - que não morre no final - do Al Ewing), mas francamente isso é um problema comum da estrutura corporativa da produção editorial nos EUA e a menos que eles mudem a forma de produzir quadrinhos, isso não vai ser corrido tão cedo...
Em linhas gerais: ótima leitura (ainda que um tanto confusa em vários momentos), fantástico quadrinho e com enorme potencial. Mas não recomendo para iniciantes...
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