Discutindo mais sobre a trama propriamente dita da hq, vamos do começo: Ela muda bastante a história dos X-men oferecendo uma grande reviravolta com a condição de Moira como uma mutante que, ao morrer, retorna ao momento de seu nascimento com todas as memórias de sua última vida.
Essa mudança estabelece o cerne da trama rocambolesca entre múltiplas linhas do tempo e tentativas de recriar um futuro em que os mutantes tenham algum semblante de chance de coexistir, existir ou resistir num futuro.
A trama de Hickman questiona, de diversas formas o passado dos mutantes (ou seja, tudo que nos trouxe até aqui) para pavimentar o caminho do que está por vir (e muito do que a hq sugere como material por vir, com o futuro de cem - como a Guerra - e mil anos - como a ascensão - no futuro).
Inclusive mostrando futuros possíveis - como aqueles em que Moira desiste de fracassar ao seguir Xavier e segue os vilões Magneto e Apocalipse em suas cruzadas - e como cada uma destas visões acaba invariavelmente fracassando também...
O que traz ao novo presente, um contexto em que o sonho de Xavier precisa se adaptar e reinventar para ser algo com alguma chance de florescer. E, verdade seja dita, a perspectiva é bem interessante e diferente do que já foi tentado antes com os personagens (que, ainda que o grupo mais interessante da editora acabava sempre escorraçado e às margens de personagens bem menos carismáticos como os Vingadores e o chatissimo Quarteto Fantástico).
Tudo isso é muito legal e muito interessante e tem perspectivas incríveis para anos de histórias (como eu já disse), mas tem alguns problemas muito sérios que precisarão de solução para que a coisa toda flua melhor e mais coerente.
Um dos problemas principais, ainda que algo redundante de quadrinhos de super herói (americanos, diga-se de passagem, já que o mangá My Hero Academia é beeeem diferente nesse aspecto), reside na morte e subsequente ressurreição de personagens.
Hickman deixa bem claro que tem uma técnica para ressuscitar qualquer personagem mutante que ele bem entender, e, enquanto isso pode render problemas maiores e confusões ainda maiores (já existe uma série de especulações sobre Xavier alterar a memória de personagens nesse processo de ressuscitação), nesse primeiro momento ao menos fica uma sensação nítida de que dentro desse status quo dos personagens ao ponto de que mortes, lesões sérias ou qualquer outro tipo de complicação permita tão somente o uso do processo convoluto de ressuscitação desenvolvido por Xavier.
Considerando que a própria Marvel trabalhou com algo bem mais interessante no caso do Hulk Imortal do Al Ewing (imbuindo toda a lógica do Hulk e da radiação gama na ideia dos muitos monstros - que como nos filmes de horror, sempre voltam).
De novo, sei que outros quadrinhos trouxeram personagens dos mortos com explicações ainda mais idiotas (quando sequer ofereceram alguma explicação) mas isso não muda o velho problema de que a morte é só uma inconveniência em quadrinhos de super herói - e no caso dos X-men nem chega a tanto, já que com um processo de ressuscitação tão facilitado, poderia com facilidade levar ao extremo da hq de Bryan O'Malley, Repeteco, em que a personagem reinicia a realidade sempre que o mínimo incômodo e inconveniente lhe ocorre (Surgiu uma espinha em meu rosto? Vou ressuscitar em um novo corpo sem espinha...).
Pode render, pode representar algo no longo prazo (até porque a trama com anos 100 e 1000 tende justamente em conceitos de inteligências coletivas e coisas do tipo e esse debate somado com o conceito de individualidade pode render um caldo), mas também pode tirar todo e qualquer senso de perigo imediato... Na verdade, até 'se' existe qualquer perigo.
Tem uma série de personagens omissos que podem representar mudanças significativas (inclusive com suas ausências definitivas das séries mutantes, nos casos de Bishop ou Cable por exemplo, dois viajantes do tempo), mas é o caso da Feiticeira Escarlate (que era mutante, deixou de ser e eu nem faço mais ideia do que é hoje em dia) que pra mim entra num problema mais abrangente dos retcons (como a DC já experimentou algumas vezes) que é o bom e velho 'o que ainda vale na cronologia?'.
Xavier tem conhecimento de eventos futuros desde o 'ano 0' no que molda-se essa nova realidade que estamos lendo na série. Mas o que mudou e muda?
Quais eventos das histórias X mudam completamente e quais continuam valendo como foram publicados...? Sei que isso pode (ou não) ser explorado nos próximos capítulos e anos inclusive (a primeira edição de X-men lançada nessa semana já traz alguns relances sobre isso), mas é justamente nessa reconstrução de mundo - ainda mais um mundo integrado a outros diversos títulos igualmente mensais e algumas vezes conflitantes - que tudo pode degringolar rápido.
Vou dar um voto de confiança e francamente até ignorar bastante do material avulso (como o crossover programado para 2020), até porque no momento o saldo é bem mais positivo que negativo.
Tudo isso é muito legal e muito interessante e tem perspectivas incríveis para anos de histórias (como eu já disse), mas tem alguns problemas muito sérios que precisarão de solução para que a coisa toda flua melhor e mais coerente.
Um dos problemas principais, ainda que algo redundante de quadrinhos de super herói (americanos, diga-se de passagem, já que o mangá My Hero Academia é beeeem diferente nesse aspecto), reside na morte e subsequente ressurreição de personagens.
Hickman deixa bem claro que tem uma técnica para ressuscitar qualquer personagem mutante que ele bem entender, e, enquanto isso pode render problemas maiores e confusões ainda maiores (já existe uma série de especulações sobre Xavier alterar a memória de personagens nesse processo de ressuscitação), nesse primeiro momento ao menos fica uma sensação nítida de que dentro desse status quo dos personagens ao ponto de que mortes, lesões sérias ou qualquer outro tipo de complicação permita tão somente o uso do processo convoluto de ressuscitação desenvolvido por Xavier.
Considerando que a própria Marvel trabalhou com algo bem mais interessante no caso do Hulk Imortal do Al Ewing (imbuindo toda a lógica do Hulk e da radiação gama na ideia dos muitos monstros - que como nos filmes de horror, sempre voltam).
De novo, sei que outros quadrinhos trouxeram personagens dos mortos com explicações ainda mais idiotas (quando sequer ofereceram alguma explicação) mas isso não muda o velho problema de que a morte é só uma inconveniência em quadrinhos de super herói - e no caso dos X-men nem chega a tanto, já que com um processo de ressuscitação tão facilitado, poderia com facilidade levar ao extremo da hq de Bryan O'Malley, Repeteco, em que a personagem reinicia a realidade sempre que o mínimo incômodo e inconveniente lhe ocorre (Surgiu uma espinha em meu rosto? Vou ressuscitar em um novo corpo sem espinha...).
Pode render, pode representar algo no longo prazo (até porque a trama com anos 100 e 1000 tende justamente em conceitos de inteligências coletivas e coisas do tipo e esse debate somado com o conceito de individualidade pode render um caldo), mas também pode tirar todo e qualquer senso de perigo imediato... Na verdade, até 'se' existe qualquer perigo.
Tem uma série de personagens omissos que podem representar mudanças significativas (inclusive com suas ausências definitivas das séries mutantes, nos casos de Bishop ou Cable por exemplo, dois viajantes do tempo), mas é o caso da Feiticeira Escarlate (que era mutante, deixou de ser e eu nem faço mais ideia do que é hoje em dia) que pra mim entra num problema mais abrangente dos retcons (como a DC já experimentou algumas vezes) que é o bom e velho 'o que ainda vale na cronologia?'.
Xavier tem conhecimento de eventos futuros desde o 'ano 0' no que molda-se essa nova realidade que estamos lendo na série. Mas o que mudou e muda?
Quais eventos das histórias X mudam completamente e quais continuam valendo como foram publicados...? Sei que isso pode (ou não) ser explorado nos próximos capítulos e anos inclusive (a primeira edição de X-men lançada nessa semana já traz alguns relances sobre isso), mas é justamente nessa reconstrução de mundo - ainda mais um mundo integrado a outros diversos títulos igualmente mensais e algumas vezes conflitantes - que tudo pode degringolar rápido.
Vou dar um voto de confiança e francamente até ignorar bastante do material avulso (como o crossover programado para 2020), até porque no momento o saldo é bem mais positivo que negativo.
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