Eu acho que já fiz esse comentário antes (mas eu não encontrei exatamente onde) então como as pessoas que não aprendem com o passado estou fadado a repetí-lo. Dizer que Exterminador do Futuro Zero é a melhor continuação para a franquia de James Cameron desde o segundo filme é basicamente a mesma coisa que entrar numa estação de tratamento de esgoto e encontrar o cocô menos fedido.
Lógico que é melhor que essencialmente todos os filmes que vieram depois (sabe, aquele com o Capitão Bumerangue ou aquele em que o John Connor morre nos primeiros cinco minutos do filme) porque efetivamente essa maldita franquia não conseguiu sair do que James Cameron fez com os filmes de 1984 e 1991. Robôs do futuro viajam no tempo para matar alguém em seu plano (idiota) para garantir a vitória em uma guerra com os humanos.
A série está nesse loop perpétuo em que robôs 'dumal' viajam do futuro para enfrentar robôs 'dubem' que também viajaram do futuro para impedir uma guerra que pode ou não acontecer (mas é bem provável que aconteça) e nada faz sentido ou é efetivamente interessante. Ei, dessa vez o robô dumal é uma gostosa! Ei, mas agora são nanomáquinas! Ei, mas agora eles estão no futuro se enfrentando.
Até a animação japonesa da Netflix, a única tentativa de quebrar um pouco o molde se deu na curta série de 2008-2009, as Crônicas de Sarah Connor que tentatava mais do desenvolvimento de John Connor e da jornada de Sarah (quebrando tudo em seu caminho), que honestamente não funcionou muito bem partes por arrogância (em minha opinião dos executivos) de achar que em 2008 seria tão fácil replicar os efeitos especiais criados em 1991 que eles fariam uma série de tv com baixo orçamento e daria certo... Ou talvez os quadrinhos do Frank Miller colocando o Exterminador para enfrentar o Robocop (que acaba servindo como base para a criação da Skynet).
No entanto, a animação japonesa quebra o molde ao mostrar que existem outros países no mundo quando a Skynet iniciou o dia do Juízo Final e as coisas seguiram caminhos diferentes. Uau, agora já temos soluções para franquias presas em um loop.
Na verdade tem mais que isso, uma vez que os oito episódios se passam na iminência do Dia do Juízo Final, em que a Skynet está prestes a se iniciar e acompanha vários grupos distintos de protagonistas, que vão de uma pessoa que veio do futuro perseguindo um exterminador, um grupo de crianças (filhas de um grande cientista especialista em robótica) e sua babá e um sujeito que fica oito episódios conversando com sua Alexa - juro, o sujeito fica oito episódios batendo papo com uma Alexa com filosofia barata sobre o que é um homem senão uma pilha miserável de segredos.
Existem pontos em que a série agrega bastante e modifica enormemente o status quo da franquia (não depende de John ou Sarah Connor, não traz T-800, 1000 ou o que mais for, além de nos mostrar uma dimensão mais abrangente do mundo - afinal todos os eventos aqui se passam no Japão) e que são argumentos para qualquer fã da franquia se deliciar com o que facilmente é a melhor continuação desde O Exterminador do Futuro 2 de 1991.
Para quem não é tão fã da franquia, no entanto, é bem possível se perder em alguns dos negativos, como a filosofia de boteco que permeia episódios e mais episódios (de novo, como o personagem batendo altos papos com sua Alexa sobre a natureza da humanidade) ou a tentativa de ao mesmo tempo consertar a franquia como oferecer uma perspectiva nova com a situação da viagem no tempo - o que ao meu ver cria mais problemas do que efetivamente resolve.
Deixe-me explicar: Em dado momento, a viajante do tempo recebe uma explicação de que ao voltar para o passado, há uma mudança nos eventos e isso faz com que o passado não resulte no 'futuro/presente' onde eles estão (essa é a explicação que tenta justificar porque a Skynet fracassou tantas vezes e continuou com esse mesmo plano de novo e de novo) mas em um novo presente que tende a formar um novo futuro. Faz sentido, é claro, no entanto isso não funciona para a franquia (e nem para essa série).
Ignorando os filmes mais novos (e incrivelmente ruins), isso já cai por terra com o filme mais famoso da franquia, que continua os eventos do primeiro filme (que formam paradoxos como o pai de John Connor vindo do futuro ou que a Skynet se inicia pela viagem no tempo causada pelo T-800), além do fato que pessoas do futuro conseguem voltar para uma mesma linha do tempo no passado (de novo, o T-800 do primeiro filme e na continuação com um T-800 e um T-1000 voltando para a mesma linha do tempo).
Só que a série também parte para esse tipo de (i)lógica ao trazer quatro viajantes do tempo (sem spoilers), sendo que dois voltam aproximadamente 10 anos antes dos eventos da série...
Isso prejudica a série? Bem, honestamente eu acredito que a grande maioria de quem assistir ou não vai se importar ou vai perceber o argumento e passar batido para o restante do que é realmente interessante (a animação, o caos e destruição e efetivamente a narrativa), mas deixando o lado retentivo anal de lado... Até porque o que realmente incomoda(ria) a essas pessoas provavelmente é o quanto a história leva para de fato engrenar.
Crianças protagonistas com narrativas que são pouco interessantes até de fato chegarem a um ponto relevante - ou seja, quando se encontram no fogo cruzado entre um exterminador e um viajante do futuro. O sujeito conversando com sua alexa que não avança até a reviravolta (que pra mim não foi tão interessante assim) e por aí vai. Mesmo que sejam apenas 8 episódios com menos de 30 minutos cada, leva um bom tempo para engrenar a segunda marcha e de fato andar.
Vale a pena conferir para quem é fã da franquia sem sombra de dúvidas, mas quem não está nessa categoria talvez seja mais interessante assistir ao primeiro episódio para tirar suas próprias conclusões pois sua quilometragem pode variar bastante.
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