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6 de junho de 2024

{Reseric de Quinta} Eric, o Eric do mundo de Eric! Eu já falei Eric?

Existem séries com potencial gigantesco, que fica evidente desde o primeiro trailer. Um elenco fantástico, uma premissa interessante e uma história claramente cativante que te prende do primeiro ao último episódio e geralmente te faz querer mais.

Eric não se encaixa nessa situação (você pode ver o trailer, que inclusive é bem melhor do que a série em si, mas não apresenta nenhum potencial gigantesco), mas com toda a certeza com um elenco encabeçado por Benedict Cumberbatch e o cara de Animais Fantásticos (não, não o protagonista, o padeiro gordinho, sabe? O personagem mais interessante de todo o filme?) e uma premissa que envolve um sequestro e alucionações do pai (que começa a ver um monstro de pelúcia gigante), pelo menos algum potencial a série apresenta.

Verdade seja dita, o primeiro episódio é até bom. Não é ótimo, não é nada memorável, mas é até bom.

Apresenta bem os personagens, contextualiza bem o cenário e nos apresenta os principais atores envolvidos na trama. E aí o detetetive principal no caso invade uma boate, e, bem, as coisas começam a degringolar (coincidências demais, algumas propostas que são idiotas demais - e acabam se relacionando ao caso - e outros elementos que acabam definindo a boate como basicamente o vórtex que conecta toda a história).

Os dois episódios seguintes tentam disfarçar isso com novas situações, novos suspeitos e elementos mas aí do nada a série simplesmente perde total e completamente seu suspense no terceiro episódio ao apresentar para o telespectador a solução do crime (lembra, uma criança desapareceu no primeiro episódio e no terceiro eles nos mostram o que aconteceu), e isso nem é o pior. Não, não... O pior é que justamente o seriado tenta apresentar e amarrar toda uma quantidade enorme de temas que nos foram apresentandos com um belo laço para explicar o que está(va) acontecendo (só que spoiler, eles não funcionam).

A história se perde, os personagens não mais são interessantes e a conclusão de suas tramas não funcionam mais, principalmente porque tudo vai desviando cada vez mais e mais de uma premissa lógica e interessante para uma bagunça completamente insana com cada vez mais e mais ideias que não se encaixam ou fazem sentido no contexto do material.

Da condição básica - da investigação criminal enquanto o pai do garoto desaparecido tem um colapso mental e começa a ver um monstro gigante de pelúcia - para o que o seriado se torna (com toda uma bobagem sobre especulação imobiliária que faria um escritor do Scooby Doo corar), só vemos desperdício de talento e potencial, e enquanto eu não quero entrar em território vasto e longo de spoilers, eu acho no mínimo necessário reconhecer algumas das inúmeras tramas secundárias que permeiam pela história - 1) a mãe tem um amante; 2) o zelador do prédio onde eles moram tem ficha criminal (sim, por envolvimento com menores); 3) o melhor amigo do pai tem uma ficha criminal (sim, por envolvimento com menores); 4) existe toda uma gama de corrupção na polícia de Nova Iorque; 4.1) Um desses policiais corruptos é atropelado; 4.2) O chefe do policial quer apresentar alguém para o principal investigador do caso (sim, o principal investigador é gay e o chefe do policial é corrupto); 5) O marido/parceiro do investigador está doente;

E vai por mim, tem muito mais coisa que eu nem comecei a cobrir. Cumberbatch tenta e se esforça ao máximo (e ele realmente faz um ótimo trabalho) e outros atores como McKinley Belcher III ou Erika Soto conseguem igualmente notas altamente positivas.

Curiosamente, o seriado me fez lembrar do muitas vezes melhor The Night of de 2016, não pelo tema ou história, mas no quanto o seriado da HBO utilizou bem a estrutura para construir sua narrativa (separando os aspectos do investigado e do investigador), que é onde o material fracassa terrivelmente.

Poderia funcionar - e o primeiro episódio aponta inclusive nesse caminho - pena que se perde demais com tantas e tantas e tantas coisas que pouco ou nada importam para o desenvolvimento da história.

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