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27 de junho de 2024

{Resenhas deprimidas de Quinta} Divertida mente 2

Puta merda eu odeio fazer resenhas de animações infantis porque não importa o meu argumento eu sempre vou parecer um velho idiota reclamando para as crianças sairem do meu gramado, né?

Quer dizer, quando eu gosto ainda eu pareço o velho simpático pedindo educadamente para as crianças sariem do meu gramado...

Quer dizer, as crianças gostam do filme e querem uma pelúcia da Ansiedade ou de outro dos personagens novos, a Disney consegue muita publicidade e merchandising e o filme é um sucesso de público e crítica e o velho idiota reclama que não gostou porque não trouxeram de volta o Bill Hader enquanto oferecendo um gigantesco aumento salário para a Amy Poehler (que tem ainda mais tempo de tela que no filme anterior) ou porque não faz sentido dentro do contexto do filme que existam mais que as 5 emoções (sabe, que os adultos também só tem 5 emoções, assim como os cachorros e gatos conforme a sequência final nos mostra).

É uma sinuca de bico.

Criticar e ser o velho idiota, não criticar e ser o idiota conivente que aceita qualquer porcaria comercial de Hollywood desde que gere receita.

E eu poderia ignorar e falar de outra coisa qualquer (meio que o que eu costumo fazer já regularmente, mas sabe, perdendo oportunidades de falar de um filme, seriado ou mesmo série de quadrinhos quando ela é relevante e todo mundo está falando sobre ela - como eu já fiz com Fallout esse ano, e com toda a certeza farei com a segunda temporada de House of The Dragon).

Olha, de todos os filmes da Pixar, Divertida Mente de 2015 claramente apontava para uma continuação (estava bem ali no final quando eles encontram o botão da puberdade no painel de controle), só que, e me perdoe se eu estiver errado, mas eu confesso que não me lembro de ouvir durante a 1:30 de filme a palavra 'hormônio' dita uma única vez nessa continuação que efetivamente É sobre puberdade.

Talvez seja alguma coisa da Disney para não usar palavras que soariam controversas num filme para crianças e colocar novas emoções além de permitir mais merchandising é mais fácil que explicar hormônios atrapalhando o funcionamento apropriado de suas emoções, e, eu concordo.

Só que esse é o ponto onde o filme de 2015 funciona. É um filme para crianças mas com uma temática extremamente complexa de análise e psicologia da mente humana e dos processos internos do funcionamento do cérebro. Claro, não é científico e preciso (é uma animação para crianças no final do dia, não um documentário), ainda assim num sentido mais abstrato ele consegue explorar conceitos extremamente complexos e difíceis mesmo para filmes mais adultos de maneira bastante madura.

A garota lida com depressão enquanto 'enterra' seus sentimentos, e no processo precisa aprender a lidar melhor com suas emoções (inclusive com aquelas que parecem mais 'negativas' como tristeza e medo) para viver bem.

A continuação claramente define uma das emoções como a vilã (e ao final do filme claramente não aponta que ela pode oferecer algo de positivo e que é necessário aprender a lidar melhor com ela - mas que ao contrário levar a ansiedade para ver os coelhinhos parece uma ótima ideia), sem tentar oferecer alguma perspectiva de aceitação como no primeiro filme ou de algum cenário positivo de que todos os sentimentos tem sua função... E enquanto uma é a vilã do filme, as outras são claramente emoções negativas - que, ao contrário do primeiro filme - não demonstram nenhuma função clara ou útil.

Mais que isso, parecem até redundantes. Tanto Vergonha como Ansiedade parecem partes que o Medo controla (ou, se preferir que o Medo e a Nojinho combinados controlam), enquanto a Inveja e a Raiva também tem muito mais em comum do que deveriam (e o Tédio é só a Tristeza gótica).

Honestamente mesmo a 'árvore da convicção' não é exatamente algo do qual eu tenha visto agregar grande coisa pro conceito ou oferecer algo a mais para o filme. Não sei se é um grande conceito de psicologia que o filme tenta contextualizar com uma alegoria simplificada (e que para a galera dessa área seja um orgasmo gigantesco ver uma representação do conceito), mas não foi algo que eu particularmente achei interessante no contexto do filme, ou achei que funcionou.

No geral, a milhagem pode variar...

Só que talvez se essa franquia fosse como Carros ou algum dos outros filmes estúpidos que a Pixar produziu e ninguém se importa (sabe, tipo aquele com o Tom Holland que o pai dele reencarna da cintura pra baixo), qualquer mudança mesmo que incrivelmente estúpida e contraditória, poderia funcionar - ou porque ninguém se importa com algum desses filmes ou porque, bem, qualquer coisa já é melhor do que o original ao ponto que qualquer melhora marginal sobre o anterior seria suficiente para tornar a experiência mais interessante. Outros filmes como Ratatouille, Wall-E ou Up já são muito bons como são e qualquer mudança à fórmula pode mudar demais o resultado, ou prejudicar o resultado final.

E nem é como se a Pixar não soubesse fazer boas continuações, pois Toy Story surpreende a cada novo capítulo e por mais que seja o maior sucesso do ano e com certeza vá agradar muita gente (crianças e adultos), fingir que está no mesmo patamar do primeiro é absurdo.

É só mais um sintoma da 'sequelite' que Hollywood tanto se esforça para produzir produtos rápidos e experiências de marketing e consumo e não necessariamente filmes bons.

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