Não sou fã babão, sei que mesmo as primeiras temporadas tem uma série de problemas e as temporadas mais recentes tem seus momentos. Os problemas residem na forma como temporadas mais recentes foram fazendo as coisas nas coxas e reduzindo personagens a caricaturas (como Flanders que era essencialmente a condição da grama do vizinho ser mais verde - afinal ele era melhor que Homer em tudo - e acabou virando somente um carola religioso e o alvo de piadas e cenários em que se foca em um carola religioso), incluindo pontos que fãs mais antigos destacam de positivo do começo da série e que simplesmente desaparece em temporadas mais recentes.
Coisas como um certo desprezo por celebridades (e pela cultura à celebridade demonstrada através daquele que você pode conhecer por salvar a casa de Tony Orlando, Troy Mclure ou mesmo Krusty, o Palhaço) que vão se tornando um verdadeiro culto à celebridade com participações nada especiais que formam alguns dos piores episódios da série (como da Lady Gaga ou do Elon Musk), e, como você pode imaginar, não se resume a isso...
Mas a verdade mesmo é que com 34 temporadas, o mundo mudou muito - e a televisão mais ainda. Hoje com serviços de streaming lançando episódios simultâneos em todo o mundo, ou ao menos com algumas horas de diferença do lançamento no Japão de um animê famoso (algo que tínhamos que esperar a nova leva de episódios dublados passarem na rede Machete em horários aleatórios), e as histórias da família amarela foram deixando de chamar atenção, se tornando apenas mais uma propriedade para uma megacorporação multibilionária.
E eu sei que é fácil desprezar o material que acaba se perdendo em meio a tanta coisa (bem melhor) que sai atualmente. Só que eu realmente fiquei impressionado com a qualidade do material dessa última temporada e é o motivo para falar sobre ela.
Claro, alguns episódios são ruins (como o final da temporada) mas de 22 episódios eu digo que uns 3 são ótimos (sim, o de dia das bruxas, a paródia de It e o episódio em que Bart nunca nasceu, que dá uma guinada interessante narrativa, mas tem outros bem legais na minha opinião que chegam perto - como o que o pai de Millhouse se junta a galera chapéu de alumínio que quer banir livros das escolas ou aquele do lockdown), 10 são bons e o restante está entre o medíocre e ruim, o que é uma média bem acima de outras temporadas da série, e, em grande parte essa mudança se dá pela adição de um novo produtor executivo depois de tantos anos, que encabeça a guinada na estrutura e qualidade dos episódios. Matt Selman (que é um escritor de longa data, dos tempos do filme e do último jogo da franquia ainda no PS2) junta-se a Groening, Sam Simon e James L Brooks (que honestamente não fazem muito além de ter os nomes nos créditos ultimamente).
Talvez nunca mais veremos episódios como o Inimigo de Homer, 22 curtas de Springfield ou Marge contra o monotrilho, mas a leva recente pelo menos diverte, o que já é bem mais que podíamos dizer da série por bem mais de uma década.
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