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27 de julho de 2023

{Resenhas destruidoras de mundos} Barbie

Eu confesso que me assusta a ideia do filme Barbie ser um grande sucesso como tudo aponta que será (com lojas de roupas já há alguns meses vendendo as cores da boneca assim como apetrechos com seu nome vinculado, mas parece que todo mundo quis entrar na onda e lanches, milk shakes e mais um bocado de itens comestíveis rosa estão por todos os lados), não porque eu tenha qualquer coisa contra a ideia de adaptarem um produto infantil adorado por uma vasta parcela da população e que talvez tenha alguns problemas de mensagem ou de ter envelhecido mal (o filme brilhantemente endereça essas questões, ainda que eu duvide realmente que as crianças e adolescentes lotando as salas estejam entendendo qualquer coisa disso). Droga, essa descrição cairia como uma luva para metade dos personagens da Marvel e da DC e esse blog não demonstrou qualquer motivo para desgostar destes produtos por este motivo (só que, honestamente, nenhum destes universos de quadrinhos foi capaz de produzir uma onda tamanha como o tsunami rosa que está diante de nós todos).

Não, meu medo reside justamente no fato que o sucesso estrondoso e arrebatador do filme (quase como uma bomba atômica criada por Oppenheimer de Christopher Nolan - e que merece todos os Oscar, e eu repito TODOS OS OSCAR do próximo ano) seja o catalisador da mudança de perspectiva dos filmes que veremos nos próximos anos, e, que, verdade seja dita parece que veio moldando 2023 com Super Mario e Dungeons & Dragons, e é o fim dos filmes de super heróis (que, sejamos honestos já passou da hora) e os filmes de brinquedos (e dá-lhe esperarmos Chris Pratt como Lion-O em 2026 ou Ryan Reynolds como um dos Ratos motoqueiros de Marte, é isso nunca vai acontecer...) tomarem a Terra.

Isso me assusta um pouco justamente pela base específica do que isso é e o que pode ser. Sim, os dois filmes Lego (assim como Lego Batman) são muito divertidos, assim como os outros filmes citados aqui (Mario, Dungeons & Dragons e claro, o filme em questão, Barbie), mas, será que algum destes ou dos vindouros filmes baseados em brinquedos, consegue captar algo maior que uma bela oportunidade para marketing, merchandising e estúdios faturarem alguns milhões a mais? Ou como aconteceu antes persistirá num futuro de mais e mais filmes aprovados a toque de caixa para capitalizar num grande sucesso e com qualidades questionáveis (para dizer o mínimo)? Ainda mais quando se trata de filmes baseados em brinquedos e com foco específico para crianças (onde o piso tem um alçapão e a falta de qualidade não conhece limites). Droga, com o sucesso que Barbie vem conseguindo nos cinemas, eu não ficaria surpreso se a continuação (inevitável nesse ponto) simplesmente substitua a brilhante Greta Gerwig pra trazer alguém que aceite produzir um filme bem próximo das tantas animações já produzidas com a personagem que não tem nenhuma pretensão ou propósito maior.

Sim, são filmes comerciais e esse é o ponto (são baseados em brinquedos produzidos em massa) para vender mais produtos, inclusive os ingressos deste produto, e, ei, é o capitalismo, baby. Só que me assusta um pouco, ainda mais vendo no retrospecto dos últimos 20 e tantos anos de filmes de super heróis (com tanta coisa ruim que saiu) e mais especificamente com o que já saiu baseados em brinquedos ou jogos (como a franquia Transformers ou a Batalha Naval da Rihana), o quanto é possível produzir algo bobo com o simples propósito de faturar uma grana rápida para explorar fãs babões. Entendeu porque me assusta um futuro próximo em que os brinquedos nostálgicos comecem a surgir mais e mais como filmes?

Barbie em si é, bem, uma história de um peixe fora d'água que precisa encontrar seu lugar no mundo e/ou sua própria voz, mas com uma mensagem mais complexa sobre valores tradicionais de gênero (inclusive toda a construção do patriarcado em nossa sociedade, contratada pelo mundo de Barbie onde as mulheres literalmente mandam e fazem qualquer coisa - e obviamente por esses motivos você pode imaginar que tem uma galerinha raivosa sobre isso). Funciona pelo excelente elenco e direção (que consegue lidar tanto com os aspectos cômicos como mais sérios - ainda que não haja nada particularmente desafiador como uma série da HBO - ou o filme Oppenheimer de Christopher Nolan que merece todos os Oscar, e eu repito, TODOS OS OSCAR do próximo ano). Consegue lidar com vários dos elefentes da sala, inclusive o fato de que é um produto com uma história controversa (para dizer o mínimo) e aproveita de um bom momento para arrebatar público senão a crítica. Talvez não seja algo revolucionário e quebrador de barreiras - mas honestamente, com o histórico de 2023, é fácil um dos melhores filmes do ano.

Mas ei, se qualquer coisa nisso te incomode, você pode assistir Oppenheimer do Christopher Nolan (que merece todos os Oscar do próximo ano) e ver que enquanto o diretor continua excelente e o filme é extraordinário, ele ainda cai em alguns senão todos os velhos e já esperados problemas do diretor (ausência de um elenco feminino relevante, uma trama rocambolesca não linear na qual é fácil perder o fio da meada e um ato final que acaba decepcionando ou ao menos ficar longe da qualidade dos demais). Droga, via de regra você pode assistir ambos na sequência nos cinemas e ser feliz.

Foi o que eu tentei, e até agora não me decepcionou.

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