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8 de dezembro de 2022

{Resenhas de Quinta} O Rei da maturb... digo, televisão [Starplus, 2022]

Olha, a versão rápida e fácil é que é uma droga, mas você não precisaria que eu te dissesse isso, né?

É uma biografia do Silvio Santos, pelo amor de Rao, como poderia ser bom em primeiro lugar? Mas esse é exatamente o ponto pelo qual é tão ruim, porque, afinal de contas, não é SÓ uma biografia de uma pessoa que por nenhum motivo discernível mereça uma biografia (a menos que expondo todos seus inúmeros podres e colossais defeitos), mas é algo tão masturbatório e sicofante ao todo poderoso líder do grupo SS que é nauseante.

E é ainda pior justamente porque as críticas são deliberadamente retratadas como ridículas e infantis. A série faz questão de deixar isso claro ao mostrar em sequências de pesadelos ou coisa do tipo as montagens em que são feitos os questionamentos sobre as inúmeras pilantragens cometidas pelo homem do Baú de forma a desmontar o argumento e desmerecê-lo como irrelevante e efetivamente com uma criança proferindo o questionamento sobre o estelionato praticado por décadas na estrutura de capitalização do baú da felicidade (ao não corrigir o valor das mensalidades pela inflação, ainda mais em um momento de enorme inflação na história do Brasil).

Isso é tudo? Claro que não, pois o material se esforça a cada vírgula para fazer de Silvio um herói incompreendido que a sociedade a todo custo quer destruir e não é capaz de compreender (e eu preciso deixar claro que senti um fortíssimo refluxo escrevendo esse parágrafo), e não apenas isso mas que ele e os seus são todos gênios inexpugnáveis, como quando a conja Iris que assiste a uma novela e critica o roteiro (sabe, porque ela depois se tornou escritora de novelas - todas elas ótimas e dignas de todos os prêmios literários imagináveis).

Ainda temos a atuação caricatural e personagens que basicamente servem como ferramentas para conduzir a trama (como o Chacrinha aparecendo para servir da arma de Chekhov pra narrativa) e sempre e constantemente retratando o protagonista como um gênio injustiçado pela sociedade malvada que não reconhece seu enorme e gigantesco talento.

Mas se eu preciso reforçar que existe algo realmente assustador e terrível nesse material é isso: Deve ter uma segunda temporada, e, pelo amor de meus filhinhos não nascidos, depois da absurda cena de dancinha inspirada por bollywood e a masturbação sobre como o homem do baú seria o perfeito presidente da república (e eu senti um enorme refluxo de novo)...


EDITADO: Ah, e eu quase esqueci que esse mesmo pessoal produziu uns anos atrás uma série (que agora está no Star + também) sobre a Bruna Surfistinha em que ela demove uma rede internacional de prostituição infantil, causa enorme inveja na reunião de sua turma do colegial (algo que, talvez não tenham me convidado, mas que eu saiba não é exatamente uma tradição brasileira) e recebe uma ligação do Dalai Lama sobre como ela é mais elevada espiritualmente que ele. E talvez eu só tenha exagerado ou errado em uma dessas situações (sim, não foi o Dalai Lama foi o Papa Sith XVI).

Então a gente vê que 'credibilidade' e 'veracidade dos fatos' obviamente são critérios importantes para os produtores desse material, afinal, se na primeira temporada já estão dizendo que os gases de Silvio cheiram a lavanda e nenhum prato feito por chef 5 estrelas é melhor que as fezes dele, na(s) próxima(s) teremos a deidade católica partindo os céus para pedir a conselho ao homem do baú...

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