Fielder caminha sempre num limiar entre o que a tv de realidade propõe como real e o que de fato é real, numa condição que é bastante meta ao questionar os fundamentos e limites do que é possível com esse tipo de análise através de humor em parte usado para oferecer maior brevidade aos tópicos abordados mas em parte como uma ferramenta genial para confundir-nos telespectadores. Afinal de contas, isso é tudo somente uma piada (mesmo que com um número enorme de atores e equipe contratada)?
E com o Ensaio (e a verba da HBO) Fielder vai muito além do que ele propôs com seu primeiro (?) projeto, e não apenas ao recriar um bar cheio de extras para que uma pessoa (que no caso não é - será? - um ator contratado para o projeto) 'ensaie' e se prepare para situação difícil na vida real. Essa é a ideia do show, mas, bem há toda uma série de camadas (e mais camadas) que o material vai desembrulhando conforme avança e simplesmente fica incrivelmente difícil chegar ao episódio final sem se perguntar se isso tudo foi real ou somente parte da piada.
Talvez eu faça uma resenha com spoilers (mas honestamente eu sinto que isso estraga a experiência para quem não passou por todos os episódios ou perdeu algum detalhe), mas eu não sei como expressar mais a minha recomendação pelo material. Num ano que a HBO vem arrasando com material como a série sobre os Lakers, a Idade Dourada, A Cidade é Nossa (dos mesmos criadores de A Escuta) e o Pacificador (obviamente ciente de que existe muita coisa boa que eu não comentei), eu honestamente tenho que dizer que O Ensaio supera todo esse material e recomendar que você pare o que está fazendo temporariamente e confira.
São somente seis episódios de no máximo 45 minutos (e na média 30) que vão te fazer refletir sobre, se não muitas coisas, pelo menos sobre obsessão e a condição em que nós humanos temos de querer controlar (e nos manter no controle de) tudo.
Nem que às vezes seja somente de nossas próprias ficções.
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