Droga, Bridgerton e Emily in Paris foram indicados ao Emmy e Golden Globes respectivamente... Se o critério é tão baixo assim, o Brendan Frazer merecia uma categoria criada em seu nome só pelo episódio do Steele e Stone (tipo 'maior alcance de um ator em um único episódio').
Mas eu sei e é indispensável admitir que o seriado NÃO É PARA TODO MUNDO. É estranho, é esquisito e em algumas vezes até bem pesado demais (sim, tem uma personagem que sofreu com abuso durante a infância, e eu nem acho que esse é o único ou mais pesado tema abordado pela série), mas também é espirituoso, bem humorado e com a dose certa entre ironia e legitimamente sarcástico, e, claro, é inteligente. Tipo, o contrário do filme da Cinderella para a Amazon Prime.
E o que é mais complicado sobre a série reside justamente nas expectativas que existem referentes a toda essa bobajada Marvel como se o Loki jacaré fosse interessante (não é) ou a Wanda presa em um programa de televisão fosse algo criativo (e não uma versão piorada de Kevin can F himself), o que cria toda uma dose de visões pré-concebidas sobre o que a série pode ou deve ser, afinal, é uma série de super heróis... Sabe, algo mais para Arrow e Flash, gente de colante salvando o mundo e tendo problemas de relacionamentos, aquela velha forma que já foi repetida de novo e de novo (e de novo e...)
Só que não é o que a gente vê aqui.
Cliff, Rita, Larry e companhia não são heróis ou se designam como tal. De nenhuma maneira mesmo.
Eles são humanos quebrados que sofreram traumas terríveis e estão aprendendo a lidar com seus problemas e aceitar quem são e o que são. A diferença é que eles possuem super poderes e tem de combater um sujeito que vive no rabo de um burro e tem de lidar com toda a enorme dose de bagagem emocional e trauma que carregam pelas décadas.
Ao contrário das típicas fantasias super heroicas, os poderes não libertam esses personagens mas os aprisionam em seus próprios mundinhos e seus pesadelos e autocomiseração são o (mesmo) obstáculo que pessoas sem poderes enfrentam para lidar com traumas e seus (próprios) problemas... Tá, mais ou menos o que o Stan Lee sempre quis fazer com seus heróis mas não tinha a capacidade literária para fazê-lo.
De toda maneira a história é mais sobre como essas pessoas lidam com seus traumas (e possuem super poderes) do que como elas (ocasionalmente ou acidentalmente) salvam o mundo. Mais no tom de terapia mesmo, de autocrescimento, busca de interações humanas (após situações traumáticas) e desenvolvimento que de enfrentar o vilão da semana ou do mês (ainda que eles estejam lá - e em grande parte mais como um comentário e demonstração das facetas e problemas internos que os personagens já vem lidando).
E eventualmente é como ou quando essas pessoas conseguem aceitar quem são e até o que são que a série tem seus momentos mais brilhantes.
Claro que com vilões como um viajante do tempo chamado Dr Tyme que mora numa discoteca ou com o Caçador de Barbas (que é obcecado com pelos faciais) a série também consegue se destacar um pouquinho...
Nota:
1ª Temporada 8,5/10 (começa um pouco ruim e leva uns dois episódios para pegar o ritmo)
2ª Temporada 9,0/10 (apesar de terminar de forma um tanto precipitada)
PS: Essa é uma resenha sem spoilers (ou com o mínimo possível) das duas temporadas até porque o quanto menos se souber entrando no seriado, na minha humilda opinião, melhor.
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