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30 de setembro de 2021

{Resenhas do Futuro} Batman de Quinta

Batman Beyond foi lançado entre 1998 e 2001 e eu confesso que agora em 2021 foi a primeira oportunidade que eu tive de assistir a todos os episódios e de fato entender a série.

Quer dizer, primeiro de tudo é necessário entender que a série existe para ser uma continuação da 'quarta temporada'/'reboot' da série animada do Batman (que foi de 1992 a 1995 - que variam entre bom, ótimo e excelente - e depois teve entre 1997 e 1999 mais 24 episódios - que variam entre ruim, muito ruim e passável). Essa nova série entre 1997 e 1999 tenta integrar o Batman mais ao universo DC (até porque ele se encontra com o Superman - que na época também tinha uma série animada) e em breve teria a Liga da Justiça, algo que não faz muito sentido no contexto da série original de 1992 a 1995 com aquela estética semi-noir perpétua dos anos 1940/1950.

Digo isso porque no reboot/nova temporada de Batman são introduzidos conceitos que Paul Dini e Bruce Timm iriam perpetuar e trabalhar até hoje em suas produções do Batman (incluindo os jogos da Rockstar, a adaptação de A Piada Mortal e o que mais eles venham a produzir e colaborar) e em Batman Beyond isso reverbera bastante.

Como a briga do Batman com o Asa Noturna ou o que acontece com o segundo Robin, Tim Drake (que é revelado no filme Batman do Futuro, a Vingança do Coringa de 2000), ou o caso do Batman com a Batgirl... E tudo isso ainda que seja mais easter egg que de fato relevante, faz uma boa diferença para entender esse universo e realidade - até porque esse é um futuro distopico.

A Gotham de Batman do Futuro é mais parecida com a Neo Tokyo de Akira (incluindo os kanjis estampando fachadas de prédios, gangues de motoqueiros - com designs bem arrojados e pouco funcionais e até alguns psíquicos aqui e ali), enquanto o mundo é mais parecido com a Marvel (incluindo o novo Batman que está mais para Homem Aranha, lidando com o colegial e com vilões como megaempresários obcecados em controlar o submundo e destruir o herói, caçadores, mestres de ilusões e uma mudança distinta de registro de marca de Venom - ainda que não muito).

Droga, tem até um "Quarteto Fantástico" ali...

E curiosamente até agora eu falei muito pouco sobre a série, não é mesmo? Só contexto...

Que é mais ou menos o que eu sinto sobre o material. Sim, é interessante em muitos sentidos e tem muito potencial e material interessante... Só que acaba funcionando muito mais pelo contexto que, bem, pela excelente escrita e os novos personagens interessantes (até porque, como eu disse, boa parte deles são versões de outros distintamente diferenciados para fins de direito autoral da outra editora).

E é em partes o que fracassa e falha na série. O contexto é bem mais interessante que os personagens de fato...

Dana, a namorada de Terry (o Batman do Futuro) é uma personagem sem graça e desinteressante que só serve como fio condutor para histórias meio sem graça. Ela é sequestrada, ela briga com o Terry porque ele está ocupado demais (e chega atrasado em encontros com ela), e invariavelmente vemos que existem personagens mais interessantes e que funcionam melhor para o Batman (a amiga Max da segunda temporada ou a vilã da gangue Royal Flush tentando se redimir).

Ou a mãe (e o irmão menor) de Terry, que raramente tem alguma relevância na história além de muletas para tramas menores - sim, a mãe de Terry trabalha e alguém precisa cuidar do irmão menor, mas isso só é importante de vez em quando.

E isso tudo acaba impedindo a história de, de fato, ser interessante.

A história se esforça mais para contextualizar o vilão do Homem Aranha como vilão do Batman e a Gotham do futuro como uma Neo Tokyo cheia de gangues e monstros... Enquanto as histórias desse mundo futurístico não exploram completamente as condições - tanto do mundo quanto dos personagens. Inque (a vilã que copia Venom) por exemplo, tem um baita potencial mas é apenas uma mercenária que se move como um vilão do Homem Aranha e odeia o Batman.

No fim das contas, eu poderia criticar a série por ser medíocre mas no contexto da quantidade de coisas que Dini/Timm vinham produzindo no período, é até incrível que eles conseguiram algo medíocre. Só é uma pena quando vemos todo o potencial não explorado da série.

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