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5 de agosto de 2021

teneT {atniuq ed sahneser}

 Tenet é um filme.

Pronto, já estou apto para receber o prêmio Shell de jornalismo depois dessa excelente frase que encapsula tão bem e resume o filme.

Mas, a verdade é que depois de assistir ao novo filme de Christopher Nolan, eu realmente não sei se é possível resumir o filme de outra maneira. Quer dizer, o roteiro é horroroso e tenta justificar (ou mais precisamente maquiar) o quanto é terrível com jargões técnicos e conceitos altamente complexos de física quântica e teórica para TENTAR parecer mais complexo, mas não é. É basicamente um filme de James Bond em que o vilão da vez lida com viagem no tempo.

Esse é um resumo melhor que dizer que é um filme? Bem, não.

Porque enquanto É um filme de James Bond em que o vilão da vez lida com viagem no tempo (ao invés de tentar dominar o mundo controlando um satélite, os reservatórios de água, petróleo ou ouro do mundo), essa não é a melhor forma de resumir o filme também, porque a direção de Nolan se destaca e sobrepõe tudo o que já foi feito ou imaginado em praticamente toda a filmografia de Bond até o momento.

Sim, Nolan faz um filme de Bond melhor que todos os filmes do espião já lançados, ainda que seja um narrativa ruim que talvez só fique atrás de alguns dos filmes do Roger Moore. Ficou um pouco mais claro e menos confuso ou a primeira frase ainda sumariza o filme melhor?

Vou tentar de novo: Enquanto a direção é soberba, com escolhas inteligentes em quase todo aspecto (efeitos especiais brilhantes, a edição genial tanto quando constrói a narrativa sem precisar insultar o espectador com um gritante letreiro para dizer onde e quando a ação acontece - quanto na edição para a construção da narrativa do fluxo normal e invertido do tempo, assim como um elenco brilhante e estelar, uma trilha sonora que não excede seu lugar e toda uma construção de narrativa visual que é ao mesmo tempo inteligente e simples), a narrativa é ruim, truncada e nada fluída (o roteiro tenta justificar seus excessos em paradoxos quânticos - mais no aspecto teórico/filosófico da coisa apontando teoremas e justificações sem de fato apresentar a motivação dos personagens e da ação em questão).

Então enquanto o roteiro é de fato Bond encontra sci-fi (mais especificamente eu diria Bond encontra O Fim da Eternidade do Isaac Asimov) mas escrito por um adolescente meio que num fanfic autoindulgente (e eu próprio poderia até ser esse adolescente se tivesse lido Asimov ou gostasse dos filmes de Bond na minha época de colégio), todo o resto é fascinante. Melhorou? Não, né...

A narrativa é ruim, simples assim. Cheia de personagens pouco interessantes que são mais avatares de teorias de física quântica (sabe, tipo o Robert Pattinson que é filho - ou mais provável neto - do Kenneth Branagh no filme?), enquanto a história se embola tentando e querendo fingir que é super inteligente e algo que você precisa assistir milhares de vezes em busca de pistas e soluções para os inúmeros enigmas e mistérios do filme que... Bem, não são interessantes.

Até porque, e vamos demais bem claro, viagem no tempo já tem todo um subgênero graças em grande parte a Doctor Who (que já está no ar há mais cinquenta anos). Então fingir que esses paradoxos e teorias de física quântica são novidade ou que é possível tratá-los de maneira mais complexa em um filme de ação que parece mais uma dissertação de doutorado... (de alguma faculdade meio fubenga que acha que isso é complexo)?

No fim, se resume ao fato que é um filme, e, no que tangem filmes, eu já assisti coisas muito piores - e passei raiva tendo de assistir alguns outros que eu não podia sair da sala antes do final.

(E eu também assisti também a muitos filmes melhores que não tinham metade da qualidade técnica e elenco desse filme).

Sinceramente: Eu prefiro assistir Primer de novo, e, inclusive acho que Nolan poderia (e até deveria) fazer um remake desse filme com o orçamento e gabarito que ele pode agregar para a produção.

Tenet tem efeitos ótimos mas falta imaginação para tornar esses efeitos interessantes. Tem uma trilha sonora, atores e, bem, quase todo o orçamento da Warner à disposição para fazer um filme gigantesco para arrasar toda a bilheteria, mas, simplesmente não é interessante.

É só um filme.

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