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27 de agosto de 2020

{Resenhas de Quinta} Três pratos de Robin para três Coringas Tristes (DC 2020)

(Ou 'três pequenos coringuinhas' - tu ru ru, ru ru)

E a gente ainda não entende porque a editora vai mal das pernas...

Ah, Johns... O que foi que te aconteceu, meu rapaz? Carreira promissora no início dos anos 2000 com a nova Sociedade da Justiça, a Sideral e boa parte dos personagens principais da DC (Flash, Lanterna Verde e quase tudo mais da editora), e acabou num carguinho corporativo servindo de consultor em projetos pouco ou nada memoráveis (para dizer o mínimo) como o filme do Lanterna Verde ou o cross over entre Mortal Kombat e o universo DC.

Johns conseguiu emplacar alguns sucessos no reboot dos novos 52 com o Aquaman e a Liga da Justiça mas a ânsia de revirar a lixeira do Jack Kirby e do Alan Moore falou mais alto e veio uma saga pouco ou nada memorável dos novos deuses com a Liga da Justiça (que é sim muito idiota) e um crossover com o universo de Watchmen (que é sim muito idiota).

E enquanto Tom King arrasa com seus projetos de mini séries como Xerife da Babilônia, Visão e Senhor Milagre simplesmente por explorar o potencial das histórias em quadrinhos enquanto mídia e estrutura para destrinchar a humanidade através dos aforismos super heroicos (ou nem tanto em Xerife da Babilônia), Johns cada vez mais corporativo e cada vez menos criativo veio explorando ideias mais recauchutadas e pouco interessantes.

Então vieram os três Coringas, e pelamor, que estupidez é isso?

Não, sério, que estupidez é isso?

Uma tentativa de contextualizar as diversas versões de um mesmo personagem após 80 anos de reboots e reestruturações (e mudanças da sociedade) como parte da estrutura comum do personagem, e, de fato ele não é apenas uma pessoa mas várias versões de si próprio...? Isso não é só estúpido, é ridículo mesmo.

Diminui a estrutura e o próprio personagem em seu impacto. Se a condição geral do Coringa é de ser obcecado com o Batman - como um complexo enigma que à sua percepção é uma hilária piada - existindo várias versões do mesmo com a mesma perspectiva e ideia, mas no entanto com pequenas variações em suas personalidades... Bem, nenhum deles é particularmente único ou especial e somente variações da mesma estrutura.

É o inverso de Rick e Morty com as infinitas possibilidades de terras paralelas enquanto o protagonista e sua personalidade (auto)destrutiva se mantém como uma constante, e mesmo do que algumas das melhores obras de Batman estabeleceram do personagem, como a ótima O que aconteceu com o Cavaleiro das Trevas? de Neil Gaiman... Ou mesmo com o Lego Batman (isso mesmo).

Isso é importante, manter a constante da personagem mesmo que existam diferentes interpretações sem buscar um caminho fácil para, bem, criar o tipo de idiotice como Metal e estes múltiplos Coringas. Tudo isso é falta de imaginação e criatividade.

(Claro que ainda seja falta de imaginação e criatividade pelo excesso de uso do personagem nos seus quase oitenta anos na editora servindo de bode expiatório e válvula de escape para praticamente todo escritor medíocre produzir alguma história ruim que ele achasse ou planejasse como a grande e definitiva história do personagem - ou simplesmente porque algum editor medíocre assim definiu).

Mas e a história em si, talvez você esteja se perguntando? E eu respondo... Que história?

Arte fazendo o máximo para emular o material do Dave Gibbons em A Piada Mortal - inclusive na estrutura de quadros e páginas - várias páginas de nada acontecendo para que finalmente seja recontada a origem do Batman (algo que ninguém nunca viu) e depois alternar para outros dois personagens lidando com suas cicatrizes e encontros passados com o Coringa.

Nisso já foi metade da 'história' que finalmente 'começa' quando encontram alguns cadáveres de pessoas com a mesma maquiagem do Coringa e usando a roupa do Capuz Vermelho (de novo, da versão de A Piada Mortal, ou seja, mais masturbação para a arte de Dave Gibbons).

Daqui por diante temos um pouco de apresentação dos 'três Coringas', mas, como é a primeira edição é bem tangencial e isso leva a uma série de eventos convolutos que colocam Batman, Capuz Vermelho (Jason Todd) e Batgirl contra o Coringa (ou um deles) e, Jason Todd acaba atirando contra essa versão do vilão.

Sei que pode parecer spoiler, mas, nessa altura do campeonato e com a 'qualidade' do material até aqui eu não me surpreenderia se o tiro tiver passado de raspão ou revelarem na próxima edição que foi somente um sonho ou uma fantasia. Ainda assim é tão ruim que pouco ou nada muda ter o conhecimento deste evento de antemão.

Talvez melhore nas próximas edições e acabe servindo para forrar gaiola de passarinho ou para embrulhar peixe. Hoje, como está, é facilmente um dos piores e mais idiotas quadrinhos que eu já li na vida.

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