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30 de agosto de 2020

{Editorial} Uma formiga entra num culto...

 Recentemente, em uma conversa com alguns amigos eu fui me recobrando de uma série de desventuras ao longo dos anos e fomos conversando sobre empregos, entrevistas e toda uma sorte de absurdos aos quais temos de passar por motivos claramente arbitrários. Quer dizer, porque um garoto de dezoito anos (ou de qualquer outra idade) precisa entregar um currículo para uma vaga de chapeiro numa franquia como aquela dos arcos amarelos...?

Que experiência se faz necessária?

Ou de que servem as inúmeras e múltiplas dinâmicas em que nos perguntam com que tipo de animal nos identificamos mais...?

Enfim, nisso fui me recobrando de duas entrevistas de emprego para empresas que, posteriormente foram investigadas por escândalos e fraudes em licitações (é, isso mesmo, acabei escapando de uma bala aqui) e depois teve uma outra história no mínimo peculiar que me ocorreu.

Não lembro quando exatamente, mas foi entre o colegial e a faculdade, enquanto eu procurava (quase desesperadamente) um emprego, e, através de um conhecido me foi proposta a oportunidade de trabalhar com quadrinhos. Era (e é) um sonho de infância poder fazer isso, e, sem sombra de dúvidas eu precisaria de muito pouco convencimento para pelo menos tentar.

A pegadinha é que eu teria de escrever um roteiro para uma história do Smilinguido. Sim, aquela formiga evangélica sem personalidade alguma além de ser evangélica mais devota que a Damares Alves.

De imediato minha cabeça entrou em um vórtex de confusão e possibilidades. Ei, muitos já disseram que não existem personagens ruins mas autores ruins, quem sou eu para discutir? Quem sabe eu não poderia fazer algo transgressor e capaz de inspirar toda uma revolução para o personagem e que conseguiria expandir tanto o personagem como a publicação para uma bem mais ampla audiência...?

Você já sabe que a resposta é um óbvio nem a pau, né?

Enquanto eu pensava em possibilidades, eu recebi uma orientação sobre o que era esperado dos roteiros, e, vamos dizer apenas que não era algo que permitiria minhas fantasias de nem ao menos aprimorar a mais singela habilidade de roteirista. Era bem prosaico para dizer o mínimo.

A estrutura era bem definida do que se esperava e a margem de manobra quase a mesma que de uma limusine... Tentei atender a demanda e produzir algo, em semanas que se seguiram o comentário do conhecido, e, após tentar e mais tentar, bem, simplesmente não consegui chegar a nada.

Afinal, é uma maldita formiga cuja personalidade é ser evangélica. Não tem como algo ser mais idiota que isso em se tratando de personagens, e, sem discutir essas hipocrisias e o ridículo da situação plena, simplesmente não é possível criar histórias.

Claro que o o que era esperado eram panfletos - igual aquele filme da Flor de Lis, sabe? - e pra isso não precisam de alguém com experiência, ou mesmo qualquer vontade.

Só desesperado mesmo.

Basicamente o público alvo desse tipo de publicação.

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