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18 de janeiro de 2018

{Resenhas de quinta} Ghost World - Do outro lado da vida adulta

Tá, eu tenho que admitir de maneira bem direta e reta que eu não saquei o fascínio todo sobre a obra, mas talvez seja mais algo da 'contra-cultura' americana da década de 90 na condição de autores independentes desenvolverem seus trabalhos - e chegarem a alguma notoriedade.

E segue naquela toada 'independente' meio pós-modernista tentando desconstruir a roda (mais que construir uma nova) então sobra estilo, estética e estrutura e falta um pouco de consistência, com a grande 'história' sendo como uma conjunção de curtas-metragens que acompanham um grupo de personagens específicos mesmo que as histórias em si não tenham nenhuma ligação direta.

Sobram personagens coloridos que pululam a cada virada de página mas que pouco ou nada acrescentam somente adicionando camadas sobre camadas de personagens sem haver evidentemente um progresso natural para a 'trama'.

Nisso ficam vários episódios dispersos da vida das duas adolescentes Enid e Rebecca nos últimos dias antes da faculdade e, com isso, da vida adulta em si - de lidar com as decisões, arcar com despesas e, bem, precisar fazer mais do que apenas ficar de bobeira pela cidade procurando lugares bacanas para lanchar enquanto fala mal da vida dos outros (ainda que essa última parte continue pela vida adulta, mesmo que em menor escala).

O ruim, efetivamente, é a forma da progressão das histórias que, ora é extremamente detalhista e ora parece que estão faltando páginas (ou quadros) pelo enorme salto que ocorre, e, claro que pode ser uma escolha estilística (que eu já destaquei no segundo parágrafo) mas não torna a história mais coesa, coerente ou interessante.

Fica faltando uma vírgula aqui e uma melhor contextualização ali e no fim você tem uma história muito bem ilustrada e que constrói um mundo interessante com personagens coloridos, mas que tem personagens mal desenvolvidos (sério, qual o propósito do cara que quer defender um padre pedófilo em um programa de tevê?) cruzando o caminho de duas protagonistas sem um arco e/ou desenvolvimento (elas começam como adolescentes sem qualquer propósito na vida e elas terminam como adolescentes um pouco mais velhas iniciando a vida adulta sem um propósito na vida e praticamente inalteradas pela jornada).

E, falando da edição da Nemo, confesso que me senti um pouco frustrado com alguns detalhes aqui e acolá... É uma edição cheia de extras e tudo mais, mas, sinceramente me incomodou alguns pontos das escolhas da tradução (para aproximar mais com os coloquialismos brasileiros), mas o que realmente me saltou aos olhos foi a tradução a uma piada da história com o cantor Werid Al Yankovic, traduzindo o apelido para 'Esquisit-Al' e perdendo aqui o propósito da piada.
Sei que é um pouco mais de ranhetice que de efetiva crítica, mas o que posso dizer é que vale a leitura, vale a curiosidade, mas francamente eu prefiro algo do Chris Ware ou do Art Spielgelman qualquer dia antes disso... Principalmente pelo preço.

Nota: 6,0/10

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