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6 de maio de 2016

{Resenha} Capitão Amehrica - Guerra (?) Civil

Ao contrário de Batman vs Superman que a crítica desgostou com uma fúria de mil sóis, Capitão América 3 - Bugaloo Elétrico vem recebendo elogios dos mais diversos, e, como no caso do primeiro filme citado nesse parágrafo, bastante exagerados.

Primeiro é importante destacar que sem sombra de dúvidas, a menos que você seja uma pessoa terrivelmente amargurada e que odeia filhotinhos, é impossível ignorar o Homem Aranha. Essa é, sem qualquer necessidade de pensar muito, a melhor encarnação do personagem nas telonas (tanto na caracterização quanto nas cenas de ação e no contexto todo).
Ainda tenho minhas ressalvas quanto a Marisa Tomei como a Tia May (e acho que isso deva ser um consenso), mas esperemos para ver.

Sobre o filme, Guerra Civil é, sem sombra de dúvidas, um filme bem melhor que a hq com o qual compartilha o nome (mas até aí, a hq é uma merda), e, talvez, se eu pudesse analisar como fiz com Era de Ultron como o filme isoladamente, eu teria uma visão diferente desta produção. O problema é que Guerra Civil faz questão de destacar e lembrar com toda a força e intensidade que é uma continuação - e que se faz necessário vislumbrar os capítulos anteriores para que esse encaixe e funcione.
Aí, como em Spectre, a coisa desanda.

Quer dizer, existem buracos do tamanho do Canyon no roteiro por si só (uma vez que várias coisas são apresentadas aqui pela primeira vez) e eu voltarei a estes pontos depois, mas considerando como o filme força uma estrutura de continuação, fica difícil simplesmente ignorar a continuidade pura e simplesmente.

O General Ross destaca todas as 'falhas miseráveis' dos Vingadores como justificativa para o tal tratado da "Sokovia", mas, perdoe o meu ceticismo, mas... Não foram os Vingadores que impediram que Nova Iorque fosse destruída por uma ogiva nuclear (ordenada pelo conselho de Krypton de diretores da S.H.I.E.L.D. que nunca ficou exatamente esclarecido quem são) E do ataque massivo de um exército alienígena?
Como é que tentam justificar que as vidas perdidas nesse evento são de responsabilidade dos Vingadores? Sério, eu não estou perguntando de maneira irônica, eu não consigo entender...

O mesmo que vale para os eventos de O Soldado Invernal (que é inclusive dos mesmos diretores deste filme) que acabam demonstrados como uma "tragédia" quando o Capitão América impediu gigantescos porta-aviões com ordens para matar pessoas que fossem consideradas ameaças ao governo/Hidra/S.H.I.E.L.D. ... Ao que fica parecendo que faltou uma parcela enorme de informação afinal, a história toda da Hidra e dissolução da S.H.I.E.L.D. não demonstra as ramificações claras e duradouras que deveria retratar, e, fica inclusive um tanto estranho que alguns personagens como Nick Fury ou Maria Hill sequer sejam mencionados.

Enquanto isso, o elefante branco com manchas cor de rosa na sala não é citado em momento algum. Falam de Sokovia isso, Sokovia aqui, comentam o quanto Tony Stark se sente culpado aqui e acolá, mas... Nunca explicitamente por, bem, SER RESPONSÁVEL PELA MALDITA DESTRUIÇÃO na Sokovia (se o Homem de Ferro não fosse arrogante em sua tentativa de criar Ultron, bem, as coisas não desandariam como desandaram).



Stark doa dinheiro a torto e direito para aliviar sua consciência pesada (que é somada a um enorme retcon sobre a morte dos pais de Tony), mas, como é destacado em dado momento do filme, a natureza arrogante do personagem não o permite reconhecer seus erros, e, tudo acaba com um enorme exercício de futilidade (até porque a ONU votar qualquer tipo de coisa não tem valor legal e efetivo, afinal os emissários da ONU são embaixadores e não membros do legislativo eleito de seus respectivos países, mas isso é outro assunto).

Na medida do possível, esse é um texto sem spoilers, ao que é fácil comentar que não vi qualquer motivo para Martin Freeman estar no filme (além de conseguir levar Sherlock e Watson para o MCU, ou Bilbo e Smaug se você é mais fã de Tolkien), mas no que tange os furos do roteiro, são prioritariamente 3:

1) O retcon que tenta conectar o passado de dois personagens soa forçado demais para dizer o mínimo (também é altamente desnecessário), e as explicações sobre como informações disso chegaram ao antagonista do filme (ver mais no ponto 2) não colam nem com superbonder, principalmente no quanto o vilão consegue de dados e detalhes (droga, câmera de vigilância em 1991 num lugar ermo e isolado?).

2) O plano geral do vilão é talvez a versão mais ridícula dos "planos ridículos que simplesmente dependem de coisas demais para dar certo". Sério, eu assisti o filme uma segunda vez - já com o conhecimento do "plano genial" do vilão - e simplesmente é absurdo!
São tantas variáveis, tanta coisa que podem dar errado (além de absurdos que incluem a 'máscara para todos os propósitos' de Missão Impossível) e uma dezena de pontos e falhas na ideia geral (que só pra resumir, se os Vingadores todos concordassem OU discordassem OU se resignassem pacificamente dos termos do tal tratado de Sakovia, os planos dariam com os burros n'água)... E, o final do plano deste personagem é ainda pior (porque é um não-final!)

3) A situação toda da ONU é bem ridícula para dizer o mínimo, ao que fica claro que é uma forma de fazer uma direção mais neutra (117 países sancionaram um projeto do dia para noite? Sério?), para não prejudicar os mercados internacionais que são tão importantes para a Hollywood moderna, e, mais porque precisariam soar diferentes de duas versões mais inteligentes no que trataram do assunto (Watchmen e Checkmate de Greg Rucka - que inclusive tem a ONU definindo os integrantes do grupo, ao que consta OBVIAMENTE, com imposições de integrantes por parte de algumas nações).
Isso pra mim é a maior bola fora do filme, ao ignorar que outras nações não só estariam desconfortáveis com os superseres norte-americanos, mas que tomariam atitudes, afinal, de ponto de vista militar, um super herói é um enorme deterrente (alguns como uma ogiva nuclear, inclusive literalmente quando falamos de chinês Homem Radioativo). Até porque a ideia de grupos de outros países não é algo inédito ou novo na Marvel (como os ridículos 'Super Soldados Soviéticos' ou a  pouco menos ridícula 'Tropa Alfa').

No fim, do conflito é aquela velha história que se repete toda vez que super heróis se enfrentam (nos quadrinhos ou fora deles): Esteticamente belo mas incrivelmente vazio.
Os motivos acabam falhando (e seriam bem melhor resolvidos de outra forma - ao que vale o mesmo para Batman v Superman, diga-se de passagem), e no fim a coisa toda se resolve rápido demais.

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