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28 de agosto de 2024

{Deixa eu editorializar...} Mas o que faz de Mortal Kombat 1 tão medíocre, afinal?

(Continuando o post anterior mas com material bem mais especulativo que o primeiro e que, bem, acabou cortado do original).

Conhecendo um bocado mais de quadrinhos que de videogames (principalmente de luta) eu posso dizer que eu conheço bem dois assuntos que foram cruciais no que vemos como os problemas de Mortal Kombat 1: Interferência empresarial/editorial e a tentativa de abraçar novos públicos com relançamentos (reboots suaves ou gigantescos).

Eu posso especular em alguns dos pontos com base no que vimos do resultado (e de outros lançamentos e cancelamentos da Warner/Discovery desde a fusão), mas interferência empresarial parece bastante o ponto.

Mortal Kombat é conhecido pela sua narrativa, o que, em se considerando os demais jogos de luta no mercado, sabe, com Kangurus e Pandas lutadores ou pessoas que se transformam em monstros verdes por conviver com as enguias elétricas da floresta amazônica faz parecer quase Shakespeare. E enquanto nos arcades a história dependia mais de nuances pequenas (os finais ao completar as torres de arcade que explicariam mais sobre a rivalidade entre os clãs de Sub-Zero e Scorpion ou a organização criminosa de Kano, assim como ausências e presenças nos próximos jogos da franquia), enquanto engatinhava em estruturas narrativas mais complexas a partir de Deadly Alliance de 2002 com o modo 'konquista' que cresceria para se tornar o modo história de jogos a partir de 2008 com Mortal Kombat vs DC.

Com o nono jogo de 2011 a série produziu um reboot enorme recontando os eventos dos primeiros 3 jogos (recontextualizando elementos para uma nova versão da história) para continuar a história a partir dali com os jogos seguintes, apresentando uma nova geração de personagens (conhecidos como Kombat Kids, que são os filhos dos vários personagens da franquia - como Jax, Sonya e Kenshi) e vilões (como o rival de Shao Khan, Kotal Khan, Kronika e D'Vorah), e essencialmente a premissa de Mortal Kombat 1 de 2023 é de reiniciar a linha do tempo do zero de novo como fez o jogo de 2011, que, vale lembrar, teve só duas continuações narrativas até então...

E o jogo de 2023, bem, faz algumas escolhas ousadas nessa versão dos eventos - com Sub-Zero e Scorpion irmãos, o retorno de diversos personagens dos jogos em 3D que foram ignorados até o momento (do 4 ao 7) como Havik, Reiko, Li Mei, Nitara e Ashrah - mas, essencialmente, a narrativa não foge de que Shang Tsung é o grande vilão de novo (que é basicamente como termina o modo Aftermath de Mortal Kombat 11, sabe, o jogo anterior a esse) e mesmo com personagens que não aparecem há um bom tempo, não há exatamente grandes surpresas ou eventos minimamente mais interessantes que dos dois últimos jogos... O que torna tudo bastante previsível e pouco interessante.

O fato de dois ninjas que fazem parte de clãs rivais e que assassinaram um ao outro (e voltaram do inferno para continuar sua disputa sem fim fazendo os Martin e o Coy parecerem criancinhas no play) parece uma tentativa de sanitizar a rivalidade dos dois para algo ao mesmo tempo mais ocidental (sabe, menos clãs rivais de ninjas mais conceito familiar à 'murica rural) e menos violento. Se isso não tem a cara de imposição editorial, eu não sei o que tem.

Ainda nesse aspecto, temos os personagens que não aparecem desde Mortal Kombat Armaggedon de 2006 (exceto nos quadrinhos ou como participações especiais) e de antes do acordo com a Warner, e talvez sejam fatos de personagens não populares (sabe, como o klone de Ken, Kobra ou Meat) ou talvez tenham questões de direitos autorais e propriedade da Midway (antiga dona da franquia que decretou falência em 2010) e, bem, a Warner tem enorme sutilieza nesses assuntos como Alan Moore vai te explicar melhor que eu. Pode ser só coincidência, mas eu acredito que existe interferência para forçar estes personagens em um jogo a partir do controle da Warner/Discovery para garantir sua manutenção de direito autoral e propriedade intelectual (e por isso existe todo esse sistema de Kameos que garante praticamente o dobro ou mais de personagens disponíveis no jogo).

E não obstante, o fracasso dos filmes da DC provavelmente alterou planos que Ed Boon tinha para a franquia.

Não duvido que Boon planejasse um Injustice 3, mesmo que as vendas dos jogos anteriores não fossem tão altas (o que permite intercalar as franquias e propiciar um intervalo entre cada uma delas) ou mesmo alguma coisa diferente com personagens da DC (ou algo completamente diferente e maluco reunindo vilões de filmes de terror em uma única franquia de jogos de luta) e provavelmente os executivos da Discovery ou mesmo o James Gunn tenham interferido.

Sinceramente eu não acredito que Omniman e Homelander eram as ideias originais de participações especiais para o jogo, quando parecia mais lógico que Adão Negro (sabe, com The Rock) e o Pacificador (que está no jogo e é vivido por John Cena) poderiam trocar socos e garantir o que todo fã de WWE adora ver (ainda mais com aquele comercial para o jogo com Dave Bautista - que traria uma terceira estrela da luta livre). Inclusive porque é algo que tanto Mortal Kombat X quanto 11 fizeram com seus DLC (Alien e Predador em X enquanto o Exterminador do Futuro de Schwarzenegger enfrenta o Rambo de Stalone - e por boa medida, o Robocop que, sabe, tem uma rivalidade histórica nos quadrinhos com o Exterminador).

Mas eu posso estar errado em várias dessas suposições aqui.

Eu não tenho nenhum contato nos estúdios ou conheço o suficiente de bastidores para afirmar que qualquer um destes pontos é particularmente mais correto que o outro.

Parece lógico? Sim. Significa que é um fato? Não necessariamente.

Talvez seja somente incompetência de Ed Boon de produzir o próximo jogo da franquia ou do departamento de marketing de vender diante da competição.

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