A quarta temporada retrata justamente como Barry, Fucches, Sally, Gene e Noho Hank lidam com a repercussão dos eventos passados (a investigação criminal do final da , a prisão de Barry e as tentativas frustradas de redenção para trilhar um novo caminho). Cada um foge de seu passado enquanto tenta construir um novo futuro e isso eclode em um final onde eles simplesmente não podem mais fugir e afinal precisam confrontar a realização de seus atos (se não ficou claro até agora, eu realmente estou me coçando para não usar qualquer tipo de spoiler). Barry foca de maneira quase cirúrgica todo o borburinho, confusão e barulho exterior e vai focando cada vez mais nas vozes interiores até um final magistral em que efetivamente toda(s) a(s) história(s) concluí(em), e aí num segmento que merecia tranquilamente uns quinze ou vinte minutos a mais e que é incrivelmente inteligente e meta a série termina como foi, uma das melhores e mais inteligentes comédias da última década, puxando completamente o tapete debaixo dos pés do espectador e terminando de maneira magistral. O que mais dizer? Wow.
Por outro lado, Succession produziu episódios excelentes um após ao outro e terminou com um material altamente masturbatório, num episódio mais longo, com uma hora e meia que podia cortar uns 40 minutos, e ainda assim teria tempo demais para sua narrativa, e, em contraste com os demais 9 episódios extraordinários da temporada, repetitivo... Quer dizer, nós temos uma nova votação para determinar quem será o presidente da companhia (como já aconteceu pelo menos duas vezes em temporadas passadas) e o resultado não é exatamente diferente dessas outras temporadas, só, sabe, levou mais tempo para chegar lá (de novo, sem spoilers no máximo que eu posso).
Vamos deixar claro que é bastante consistente com o que aconteceu durante toda a série e seus personagens, mas, também vamos deixar claro que "consistente" é um adjetivo bem mais importante para fezes que para, vamos dizer, narrativas, afinal histórias não são comerciais de Activia.
O que para mim é curioso com toda a crítica babando o ovo do material o Rei Lear moderno e toda essa patacoada que você vê nas críticas de gente que descobriu só na quarta temporada que não havia nenhum personagem digno de redenção na série. Mas, particularmente não me parece um final shakespeareano ou, ao que vale, um final. Não é definitivo ou conclusivo (honestamente, não parece que Kendall, Roman ou Shiv aprenderam alguma coisa - ou mais importante não tentariam novamente nas próximas semanas ou meses manipular a companhia/diretoria por dentro ou montar algum projeto idiota para conseguir capital suficiente para comprar a finada Waystar e agora Gojo, sabe, como nas últimas quatro temporadas). Na verdade até, e aqui eu acho que cabe um pequeno spoiler, eu nem acho que é um final porque nos bastidores provavelmente o pessoal responsável pela série queria mais uma ou duas temporadas (sabe, tipo aqueles filmes ruins do Adam Sandler cuja única justificativa é para que ele leve a família e amigos para viajar), mas o pessoal da Discovery/HBO resolveu encerrar por isso mesmo, inclusive para diminuir os paralelos sobre a fusão da série com o que acontece de fato na aquisição da Warner no mundo real (fim do spoiler).
Nisso o final acaba presunçoso (ainda que, sejamos honestos, a série seja bastante desde a primeira temporada) e parece somente um ponto aleatório, como alguém que pegou pra ler O Senhor dos Anéis e parou no momento em que eles chegam na casa de Tom Bombadil. Sim, eles se divertem ali em terras que estão alheias aos problemas (enquanto protegidos pelo personagem Bombadil), mas nada disso conclui a narrativa (droga, eles nem chegaram a formar a Sociedade do Anel ainda nesse ponto - droga, eles nem encontraram Aragorn nesse ponto). Com Succession além de uma cena com um milkshake nojento (e basicamente a família reunida na casa da mãe, basicamente como os Hobbits na casa de Bombadil), o final não trouxe nada que efetivamente seja conclusivo na história desses personagens.
Sim, existe a manobra final sobre a empresa (e Waystar deixa de existir) mas isso não significa um final. E enquanto é fácil destacar qualquer um dos outros episódios como brilhantes dessa temporada e realmente eles são, o material acaba ofuscado por um final bobo, não conclusivo e repetitivo mas que está constantemente trabalhando para parecer super ousado e brilhante (sabe aquela sequencia final com o personagem desfocado meio que tentando aludir à abertura do programa?), inclusive porque falta substância para o material. Existe muito barulho e ruído dos excelentes episódios anteriores para que tudo se dissipe em fumaça com argumentos pouco inspirados.
Sabe, ao final eles não aprenderam nada (por mais que inclusive ao final isso seja martelado para cada um dos três irmãos Roy - e mesmo para vários dos outros personagens, como a barata Greg ou o capacho Tom - e realmente não denota que qualquer um deles tenha aprendido alguma coisa ou que virá a mudar a partir deste ponto). Francamente podia terminar com um título como 'Business as usual' (Negócios como sempre) que funcionaria perfeitamente, e, é o que acontece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário