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9 de julho de 2020

{Resenhas de quinta} oll (Salvat)

Em janeiro (nossa, eu jurava que fazia mais tempo) eu fiz uma resenha do primeiro volume da coleção "Marvel Edição Limitada" da Salvat do Thor do Walter Simonson.

Eu reclamei que a edição era cara, que cometia o erro de não concluir a história (que facilmente podia concluir naquele volume), e, depois de uma mega promoção para comprar os volumes remanescentes com 50% de desconto eu acabei lendo na pandemia os volumes 2 (O Vale das Sombras) e 3 (A Dádiva da Morte), e, realmente isso me fez reavaliar uma cacetada de coisa sobre o estado do mercado editorial brasileiro.

Não, sério.

Ignora o tópico do Thor do Walter Simonson por um instante, e lembra que essa é uma coleção que foi lançada com três volumes a R$99,90 cada e que os caras não tiveram o cuidado de verificar com consistência aquelas malditas notinhas de rodapé - que, nestes dois volumes estão CHEIAS de erros com 'volume anterior' quando não é, 'no início deste volume' quando é a história anterior e muitos e muitos que FACILMENTE se resolveriam se eles só colocassem a maldita edição original.
Pior é quando as referências acham necessário 'traduzir' palavras como 'fado' ou informar pela centésima vez que Midgard é a Terra. Olha, se eu estou no volume 3 desse material e ainda não captei que Midgard é a Terra, eu não acho que a notinha vá fazer diferença a esse ponto.

E aí você tem as cagadas mesmo, tal qual na edição 1 que não tem o final da história que conta, o volume 2 consegue duas proezas simultâneas de ao mesmo tempo trazer não concluir sua história (como eu disse na resenha do volume 1, a saga do Sapo do Trovão só conclui no volume 3), enquanto trazendo SPOILER dessa conclusão (é, isso mesmo), uma vez que a edição 366 se passa ANTES de Balder The Brave 4 (e que conclui uma das tramas iniciadas lá atrás na edição 353 que resulta no desaparecimento de Odin e leva a escolha de alguém para substituí-lo).

Se não tivessem feito a cagada da edição 1, a edição 2 funcionaria muito melhor, é verdade, mas MESMO com a cagada da edição 1, era possível deixar a edição 4 de Balder para o volume 3, concluindo a história do Sapo do Trovão, do conclave dos deuses e deixando a nova trama a partir dali para o volume 3 (iniciando com Balder The Brave 4).

Só que, claro, uma vez que estou com todas as edições em mãos e posso lê-las, tanto na ordem correta como a qualquer momento, esse tipo de crítica soa mais como reclamação... E aí eu lembro do pessoal criticando o Thor do Jason Aaron e dizendo o quanto era bom na época do Walter Simonson e, obviamente, das edições da Abril onde esse pessoal leu essas histórias, afinal edição em formato americano bonita e chique como essa é coisa bem recente - e na época da publicação original praticamente proibitivo de se comprar no exterior.

Nada contra o Walter Simonson em si, mas seu texto mesmo pra época é, bem, aquém.
Não é um Neil Gaiman abordando mitologia e fantasia. Não é um Alan Moore abordando natureza (tanto humana quanto o contexto ecológico). E mesmo pra quem curtiu bastante essa coisa toda, não é exatamente um dos materiais mais marcantes e fascinantes nem mesmo da década 1980.
Tá, tem um ou outro lampejo de brilhantismo como a edição 380 (A Canção do Mjorlnir) contando somente com splash-pages para retratar justamente a gigantesca batalha entre Thor e a Serpente de Midgard e a heroica morte do Executor em Thor 362, além de um ou outro momento mais interessante aqui e ali (Volstagg é sempre, tanto um alívio cômico como um fascinante personagem para as tramas), mas igualmente tem coisas questionáveis ou mesmo idiotas nessa saga toda.

Seja o clone do Juiz Dredd (sim) e toda a história ao redor dessa rocambolesca trama de viagem no tempo, seja a saga de Balder seduzido por feiticeiras trolls, ou os planos cada vez mais ridículos de Loki (sério, vai ficando cada vez menos imaginativo ou interessante, e aquele com o Homem Absorvente é bem ridículo) ou o fato que apesar da conclusão da história na edição 382 - e de fato ser uma conclusão legítima - com alguns retornos e despedidas de personagens, nem Karnilla, Lorelei ou mesmo Odin tem qualquer menção ou indício de seus destinos (enquanto, vale lembrar, vemos um clone do Juiz Dredd que resulta em dois órfãos morando em Asgard)...

E claro, a verborragia constante e repetitiva, as tramas rocambolescas (mas muitas vezes bem simplórias - o que é bem ruim quando levamos em conta publicações da mesma época como Demolidor ou Monstro do Pântano).

Não recomendo não.
Tem alguns bons momentos, mas no frigir dos ovos tem muita coisa dispensável (e até bem ruim mesmo).

Nota: 5,5/10

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