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11 de agosto de 2019

A história do Blockbuster parte 4 - O pós 11/9

Com o início dos anos 2000 (que não, não resultaram no fim do mundo que muita gente queria acreditar, mas talvez não tenha acontecido porque Schwarzenegger enfrentando o demônio em Fim dos Dias de 1999 assim como Bruce Willis no jogo Apocalypse de 1998), a indústria de entretenimento iniciava uma pequena mudança na perspectiva da construção de entretenimento em grande valia graças aos enormes saltos na tecnologia de computação gráfica nos anos 90 e, é claro, com um filmezinho que saiu em 1999 e moldou bastante o cenário da ação nos anos vindouros: O Matrix.

Com efeitos revolucionários, coreografias que misturam o wire-fu chinês (que se tornaria uma obra de arte no ano seguinte com O Tigre e o Dragão de Ang Lee) e cheio de estilo com couro, óculos escuros e sobretudos (que voltariam com peso na franquia original dos X-men a partir de 2000)...
Ainda que, é bem verdade, o modelito de Neo tenha aparecido primeiro em 1998 em Wesley Snipes no filme Blade (que, efetivamente foi o primeiro e mais importante filme da Marvel na história recente).

Nos anos seguintes os efeitos especiais iriam cada vez mais se aperfeiçoar já a partir de 2001 com Harry Potter e a Pedra Filosofal e O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, com enorme qualidade técnica nessas áreas e fazendo muito do que se achava impensável até então: Adaptar com enorme qualidade obras complexas, com muitos personagens (e, no caso de O Senhor dos Anéis com cenas de batalha envolvendo exércitos enormes), que mais que isso, possuem uma base fãs fervorosos (e, sim, chatos).

Mas foi o atentando das Torres Gêmeas que de fato reescreveu a noção do cinema com o primeiro grande sucesso depois do evento ser justamente a do herói aracnídeo (cujo material publicitário inclusive aludia a usar as torres para impedir um assalto). Com Homem Aranha lançado em 2002 mostrando uma Nova Iorque mais unida, inclusive auxiliando o protagonista em uma das cenas de luta contra o vilão Duende Verde (algo francamente impensado nos quadrinhos em que o Homem Aranha é quase sempre visto como uma ameaça), e, com muito de ufanismo e mundos de magia para compensar o baque no ego ferido norte-americano.

O Homem Aranha passaria em sua seqüência por uma cena num metrô ainda mais apoiado pela população de Nova Iorque que reviveria Spartacus para impedir o vilão Doutor Octopus, enquanto Batman de Christopher Nolan (mais sobre isso aqui) lidaria com as ameaças terroristas, e em 2008 o Homem de Ferro sozinho destruiria todos os terroristas no Oriente Médio...

Não só os super heróis estavam lidando com terroristas e o medo oriundo do terror, é claro.
Bond ressurge em 2006 com Cassino Royale e busca vilões que financiam atentados terroristas pelo mundo... Ainda que Bond tradicionalmente enfrente generais malignos e terroristas, vamos lembrar que alguns destes vilões tinham armas de ouro, satélites com olhos de ouro (tem uma certa fixação com ouro, né?) e vilões com dentes de aço...
Os terroristas mais comuns não eram tão tradicionais e uma longa investigação sobre o financiamento destes terroristas não estaria de longe na lista do que Bond faria nos anos anteriores.

Droga, ressuscitaram até o Rambo em 2008 pra vencer o Vietnã de novo, no mesmo ano em que Liam Neeson espancava terroristas traficantes de mulheres na França em Busca Implacável.
A magia vinha ganhando força com a longeva franquia de Harry Potter e seus oito filmes (com um vilão nas sombras planejando destruir e desestabilizar o mundo) assim como os subsequentes filmes de Peter Jackson da franquia do Senhor dos Anéis (com um vilão agindo nas sombras planejando destruir e desestabilizar o mundo).
De forma geral, era a prioridade de um escapismo que buscava resgatar o senso de segurança em meio a um cataclísmico e sem precedentes ataque.

A Disney brigava para se atualizar pros novos tempos (é, curioso que hoje seja o gigantesco Kraken no seara cinematográfico, né?), com muito poucas produções inéditas e tentando atualizar sua aproximação ao público enquanto abandonava a animação tradicional com o último longa de animação dessa natureza "A Princesa e o Sapo" não atendendo nem de perto as expectativas enquanto a empresa passava a investir cada vez mais nas animações por computador com a Pixar (até eventualmente comprar o estúdio de vez). A empresa investiu principalmente em atualizações de produtos próprios - como a franquia dos Piratas do Caribe (A Maldição do Pérola Negra de 2003), seu grande sucesso nos anos 2000.
A empresa do camundongo foi comendo pelas beiradas enquanto outros nadavam de braçada - e os resultados viriam com as enormes aquisições de franquias bilionárias como Star Wars, Marvel e mais recentemente o grupo Fox (dos Simpsons, Aliens e tantos outros).

No entanto, como é de se imaginar, não faltaram fiascos, bem intencionados ou não.
Hulk de Ang Lee em 2003, Demolidor de 2003 (e sua sequência em Elektra de 2005), Mulher Gato de 2004, Quarteto Fantástico (2005), Superman Returns de 2006 são alguns dos muitos fracassos lançados com super heróis e que pavimentariam o caminho para o imenso sucesso da Marvel a partir do final da década com Homem de Ferro. Mas não se restringem a estes com as continuações de Matrix (Reloaded e Revolutions ambos lançados em 2003 num intervalo de seis meses) assim como as prequelas de Star Wars (o episódio um em 1999, o segundo em 2002 e o terceiro em 2005) sendo consideradas os piores filmes de toda a franquia (reforçando que na franquia original continha ursinhos de pelúcia derrotando soldados treinados).

E mesmo alguns filmes bem ousados como Capitão Sky e o mundo do amanhã de 2004 mostram bem os rumos dos anos vindouros investindo cada vez mais na perspectiva de retorno que em qualquer momento da história pregressa do cinema.

Nos cinemas muito pouco de novidades de fato foi visto com mínimas franquias únicas a este formato, e é bem notável que a criatividade foi rareando mais e mais com cada vez mais continuações, revivals e adaptações de quadrinhos, livros e tudo mais que estivesse disponível.
Sim, muitas adaptações e continuações para mostrar os potenciais - e novos limites - das tecnologias, com cenas cada vez mais deslumbrantes e embasbacantes, e foi nesse ponto que a televisão passou a ganhar cada vez mais força com seriados trabalhando os limites do que a narrativa de fato poderia se apresentar de maneira serializada.

Com os Sopranos (1999-2007) e a Escuta (2002-2008), a HBO foi apresentando sinais de que a televisão, com efeitos especiais mais restritos e orçamentos menores poderia compensar o espetáculo cinematográfico com qualidade narrativa e atuação de qualidade, mas com o passar dos anos o acesso a tecnologia de ponta foi aproximando inclusive dessa capacidade tecnológica embasbacante dos cinemas.
Mas isso já é outra história...

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