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18 de julho de 2019

{Resenhas de Quinta} Petralha do Destino de Gerard Way

Nota: 4,0/10
A série que lançou o selo Young Animals (que, me pareceu bastante com um Vertigo-lite), a Patrulha do Destino de Gerard Way é, bem, como eu disse em 2016 "perturbadoramente similar ao que Grant Morrison já fez".

Quer dizer, o autor emula ao máximo Grant Morrison mas não parece definitivamente captar o que significa a Patrulha do Destino do autor e segue num material que, por falta de melhor descrição é estranho simplesmente por ser estranho.

Dá-lhe o Sr Ninguém voltando para algum plano mirabolante que ele reforça que faz dele algo muito maior que simples e meros supervilões por ai. Mas ele não consegue uma pintura que devora Paris numa complexa análise de metalinguagem com um retrato, que deve, de fato, capturar pela eternidade a ideia de uma pessoa ou cidade -  e nisso o dadaísmo do Sr Ninguém funciona perfeitamente na década de 90 - mas qual o ponto de vender um produto estranho que é quase como cocaína em caixas de cereal matinal? E que ao mesmo tempo faz com que todo mundo inche/infle mas na verdade tudo isso é secundário para outro vilão maior e mais bizarro que matou Deus com um tijolo, mas que também é um vilão menor para uma corporação maligna que controla todo(s) o(s) universo(s) somente para o entretenimento de crianças sem rosto.

Sim, isso parece metalinguístico (ênfase em parece), mas é só nonsense tolo e sem profundidade.
"Ah, percebeu que a corporação maligna que controla o universo e produz material para entreter crianças que eles citam aqui é a DC?". Sim (dã), e...?
Qual o argumento pra isso especificamente? Critica-se a DC (e os leitores, afinal, são retratados como as crianças sem rosto que precisam ser entretidas) para qual propósito...?

Pra mim esse é aquele argumento meta à Deadpool - que quer fingir ser mais que de fato é.
E isso se repete vez após vez. É o garoto emo babaca que se torna um feiticeiro de um mundo de RPG (saca? Porque ele enquanto emo se via como o mega mago fodão?).

No fim o negócio todo se perde - e bastante - com um longo e estúpido crossover com a Liga da Justiça que apesar de ideias minimamente interessantes repetem exatamente o que já foi dito nos parágrafos anteriores.
Lorde Manga Khan volta para algum motivo (que envolve a venda de universos como se fossem propriedades imobiliárias - tente acompanhar) enquanto os personagens da DC foram transformados por um leite com propriedades de manipulação mental (de novo, tente acompanhar) transformando Batman no Padre Bruce, Mulher Maravilha na Dona de Casa Maravilha e o Superman no Homem Leiteiro enquanto a Rita Farr da Patrulha do Destino serve como um análogo de Cristo por algum motivo (se você não se perdeu, por favor me ajude que eu me perdi)...

A arte é, quase sempre deslumbrante, mas o roteiro dá nós sobre noz (sim, eu quis fazer um trocadalho sem sentido para seguir o tom da hq) e acaba se enrolando bem mais que formando uma boa e interessante história.
Gerard Way cantor emo provavelmente ficaria na defensiva criticando seus críticos de que eles não entenderam o brilhantismo de suas novas ideias e são nerds babões pavoneando Grant Morrison depois de quase três décadas, mas a verdade é diferente.
Não é material novo (é tudo bem requentado), reciclando ideias do Morrison e de outros autores (Madre Pânico é basicamente o Azrael da Queda do Morcego só que com uma garota, assim como Shade é o mesmo Shade só que também agora uma garota), e por mais que eu ironize com o quanto o material dá voltas sobre o próprio rabo, ele não é de fato complexo, só tenta ser, enquanto vale destacar que o material de Morrison continua curiosamente ainda atual enquanto o de Way não tem voz própria, sendo uma pálida imitação de algo lançado trinta anos atrás com alguns breves relances de originalidade.

Talvez um dia melhore, mas se a Umbrella Academy me serve como algum indicativo...

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