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27 de dezembro de 2018

{Editorial} E o que o futuro reserva para o streaming?

Continuando o editorial de ontem, vamos partir para uma análise mais aprofundada dessa grande tendência dos últimos anos e que tanto pode ser a grande corrente para o futuro quanto colapsar em muito breve.
O streaming e serviços similares seguem uma noção que vários especialistas da informática já vinham antevendo - como Chris Anderson em seu Free de 2009 - das mudanças no mercado digital e como absorveríamos mídia nos anos futuros.

A versão simples - e que será o choque que as gerações atuais terão com as futuras se referindo a frases como 'No meu tempo...' - é que a necessidade de comprar ou sequer emprestar algo é completamente irrelevante uma vez que um serviço pode oferecer à disposição do cliente uma gama enorme de conteúdo.

Assinando o 'Kindle Unlimited' ou a 'Netflix' existem conteúdos variados com renovação constante do material oferecido, com a grande vantagem do valor mais baixo/menor. Por exemplo, um blu-ray ou dvd de um filme sai entre R$9,90 a R$69,90 - no caso de lançamentos, chegando a R$119,00 no caso das steelbooks - enquanto a assinatura da Netflix vai de R$19,90 a R$37,90. Um mês do plano mais completo (com 4k e acesso em até 4 aparelhos) é muito menor que o de um único blu-ray de um lançamento de filme (mesmo que a Marvel/Disney tenha passado a lançar seus filmes por R$39,90).
Preço baixo e acervo vasto e variado são os grandes atrativos dos serviços de streaming. O mesmo obviamente vale para o caso do Kindle e de outros serviços como Game Pass.

E os problemas são equivalentes também.
Um deles reside na disponibilidade, que, devido as renovações resulta em mudança constante do catálogo, com um empecilho extra por exemplo no caso da Netflix com a possibilidade de remoção dos filmes da Disney de seu catálogo, considerando a intenção da empresa do camundongo lançar seu próprio serviço online.
Nisso, inclusive, a empresa acaba com uma enorme dificuldade na produção de conteúdo - afinal, essa é a única garantia de que pode oferecer conteúdo exclusivo - resultando em elevados gastos e apostas que não se pagam (vide Marco Polo) assim como uma dificuldade de mensuração (um exemplo do problema de mensuração: um filme ou seriado novo produzido por eles resultou em quantas assinaturas novas?). Aqui surge talvez o grande calcanhar de Áquiles sob a forma de ajustar os preços para balancear os gastos - e talvez isso não só seja impossível como não seja atrativo para os consumidores.

E esse na verdade é o grande problema com a proliferação de empresas tencionando a competir por uma fatia desse mercado (a Fox já retirou uma boa quantidade de séries como Homeland, assim como impossibilitando outros conteúdos como It's Always Sunny in Philadelphia para vender seu Fox Play, assim como o popular Supernatural migrou para o Primevideo), e a Globo lançando seu Globoplay E Globosat Play (que trazem os episódios do Chaves e Chapolin)... Isso sem falar de muita coisa que nunca chegou aqui em serviços de streaming, como o Crunchyroll (com seus inúmeros animes, incluindo Dragon Ball, One Piece e Naruto) além do já mencionado projeto da Disney e o projeto da Warner com conteúdo da DC (que se resolverem fundir com o HBO-Go, sinceramente pode desequilibrar bem).

Isso tudo pode de maneira bem geral implodir o mercado com toda essa pulverização somente afastando o público de todos esses serviços com a criação de nichos - e, pior do que isso - tornando cada um desses serviços pouco atrativos. Por mais que seja interessante ter todos os filmes da Marvel e Star Wars em um único lugar, será que valeria a pena um serviço de streaming somente com esse conteúdo mais adulto em meio a inúmeras animações?
Enquanto para a Netflix pode justamente colocá-la na mesma posição da HBO, produzindo ótimo conteúdo que é visto por muita gente, porém de forma clandestina (Game of Thrones é o show mais pirateado por vários anos consecutivos).

Mas o grande medo mesmo se dá quando existe a venda de material - como com a Comixology ou o Google Play.
Que garantias temos de que essas compras serão equivalentes a compras físicas? Se eu quiser acessar daqui a dez anos uma hq que comprei no Comixology, que garantia tenho que eles não tentarão me vender novamente alegando que minha licença para acesso era por 9,5 anos (um problema que não tenho no caso de uma cópia física)? Ou mesmo se a empresa mudar de mãos e resolver que as compras sob a empresa anterior são nulas e inválidas (isso pode parecer tolo, mas no mundo dos games é bastante comum com a incapacidade de retrocompatibilidade de consoles de uma mesma fabricante mas de gerações posteriores).

Se em 2019 veremos esse mercado crescer cada vez mais, se difundir cada vez mais ou começar seu declínio, bem, dependerá das ações dos principais agentes (aqui todos eles citados) e suas decisões.
O público dificilmente tolerará uma gama muito grande de serviços concorrentes, até por motivos financeiros, ao que acredito que se a tendência de polarização se tornar realidade só trará prejuízos para os envolvidos. Ainda assim nada impede que a Disney lance seu serviço somente para quebrar - e futuramente adquirir - a Netflix...
Fiquemos ligados aos próximos capítulos...

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