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| Nota: 7,0/10 |
Eu sei que no saturado cenário norte-americano em que ter mais de dois personagens negros em um mesmo filme já parece algo absurdo (ei, não acho que só eu percebi que quase todos os atores negros 'morrem' no final de Guerra Infinita... E tá cheio de comentários sobre os personagens negros serem os primeiros a morrer em filmes de horror, ou mesmo mais recentemente com o seriado The Walking Dead em que, por mais que o grupo crescesse, nunca tinha mais de duas pessoas negras...) ainda mais com boicotes e toda sorte de estupidez racista predominante.
E, sejamos honestos, em se tratando da Disney - que é o epicentro da mesmice e genericidade da cultura popular mirando o mdc cultural em busca do máximo resultado financeiro - o filme consegue até passar algumas nuances interessantes sobre o racismo e preconceito no mundo.
Claro, longe de ser 'This is America' ou mesmo 'Corra!', tudo bem genérico e dentro das mesmices para que o vilão perca no final e o herói fique com a mocinha mostrando para o mundo os passos certos a se dar a seguir...
Sinceramente eu fiquei até surpreso com a qualidade... Dos primeiros quarenta minutos.
O filme é realmente impressionante na construção de um mundo interessante de maneira imersiva, com personagens tridimensionais que tem problemas reais e interagem uns com os outros de maneira crível... E eu estou tão surpreso quanto qualquer um em escrever um parágrafo desses para um filme da Marvel!
Aí vem o Andy Serkis fazendo a sua pior imitação de César Romero no papel do Coringa sob efeito de metanfetamina e o filme vai degringolando em cópias mal feitas de outros filmes superiores (ou nem tanto - mas continua sendo cópia assim mesmo).
Droga, a cena do cassino na Coréia me lembro tanto a cena do Cassino em Macau de Skyfall que eu tive de assistir ao filme de Bond pra conferir se não usaram o mesmo local (ainda que realmente pareça, só que com decoração inferior).
Dai em diante eu simplesmente perdi o completo interesse do filme porque já sabia o que ia acontecer as generalidades do que estava por vir (T'Challa perde a confiança de seu povo, seu trono, tem uma lição de humildade e volta para reconquistar o que perdeu - e conquistar a garota - exatamente como O Rei Leão). E o pior, fiquei procurando os paralelos com outros filmes, e a lista só cresceu...
Serkis foge da cadeia - como o Coringa em O Cavaleiro das Trevas (ainda que essa seja meio clichê para quase todo vilão com um plano maligno que se deixa capturar como parte de seu plano, né?) - T'Chala perde o trono, para treinar e se recuperar sob tutela de um antigo rival - como em Rocky III - e tentar novamente - como em Rocky II - em uma batalha longa e convoluta com criaturas estranhas casi-místicas - como em Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei.
Some a isso o plano de Killmonger de distribuir e destruir a tecnologia de Wakanda (basicamente o plano de Bane em O Cavaleiro das Trevas Ressurge) e que o vilão se torna TODO VILÃO GENÉRICO DA MARVEL ATÉ HOJE (que é uma versão odiosa do herói bonzinho, com direito inclusive a traje idêntico - como o Jaqueta Amarela em Homem Formiga ou o Jeff Bridges em Homem de Ferro, ou o Mickey Rourke em Homem de Ferro 2...)
E sendo bem honesto, mesmo com tudo isso o filme entretém.
São ótimas performances (exceto o já citado Andy Serkis), com personagens interessantes e bem construídos e mesmo nos piores momentos do filme as cenas são bem construídas.
Acaba um produto bem genérico em comparação com o início do filme, mas é um genérico positivo ao menos, que não chega a comprometer.
Então o que eu posso dizer mais?
Sim, o filme tem um começo extramente promissor e eu fiquei realmente intrigado para ver onde AQUELA história daria... E aí Disneylizaram a coisa toda...
Uma pena, porque eu realmente queria ver o final daquele filme dos primeiros quarenta minutos...
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