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14 de setembro de 2017

{Resenhas de Quinta} A queda de Frank Miller

Quando eu penso em Frank Miller e Demolidor, existe um enorme motivo pelo qual eu não penso ou lembro de O Homem Sem Medo.

Não sei se eu já tinha lido (no caso emprestado pois eu não tinha uma cópia da hq), ainda que eu lembrasse de alguns dos pontos absurdos da história, eu não lembrava de, bem, todo o ridículo que é a coisa toda.

Quer dizer, o Demolidor derrota um vilão rebatendo uma bala.
Isso mesmo! Não é exagero, não é uma forma de tornar uma cena normal em algo ridículo, não é uma extrapolação ou algo além de uma narração do fato que ele REBATE UMA BALA COM UM CASSETETE (e mata o vilão com a mesma).

Ah, e também tem o fato que o Demolidor mata uma cacetada de gente nessa hq... Mesmo que não faça qualquer sentido ou seja mencionado em momento algum na longa história do personagem (ao que eu acho que mesmo a Marvel tem certa vergonha dessa história e jogou tudo pra baixo do pano da maneira mais discreta possível). Ou ele demonstre ao menos algum remorso e arrependimento (apesar de ser católico e se confessar a cada dois quadrinhos em metade das hqs do personagem).

O grande problema da história nem chega a ser o que ela é, mas o que ela NÃO é.
Tá, tá, a história é idiota, apressada e mal escrita e sem refinamento (droga, o apelido do Matt é Demolidor enquanto criança E o pai dele se vestia de demônio enquanto lutava boxe!), mas o problema mesmo é que não é uma história do Demolidor... Nem da 'origem' ou da 'gênese' de Matt Murdock no Demolidor.

Eu sei, eu sei isso (ou partes disso) faz parte da origem como escrito por Stan Lee e faz parte de outras obras - como da revisão de Jeph Loeb e Tim Sale (que é muito melhor que essa obra do Miller) em Demolidor Amarelo ou o Mark Waid em sua fase...
Acontece que, bem, Miller fez algo parecido pro Batman com seu Ano Um, então porque é tão difícil a ideia de reimaginar uma história mudando detalhes e pontos para que a narrativa seja mais fluída, atual e coerente?
Quer dizer, a molecada chama ele de 'Demolidor' para tirar sarro? E ele fica ofendido?
Quisera eu no meu tempo de moleque ter um apelido desses mesmo que irônico...

No frigir dos ovos, faltam os passos lógicos na narrativa para conduzir a trama, falta a estrutura coerente para que ele vá do passo a ao passo b, e, mais do que isso, que do final da história ele seja o personagem que conhecemos - das outras histórias de Miller, Bendis e cia.
Com o trabalho apresentado ele é outro personagem.
Esse cara que termina a hq é um criminoso que mata o principal assassino do Rei do Crime - deixando uma testemunha para trás, que o vilão poderia manipular e usar para chegar a ele... E não só ele (ele deixa uma bela trilha de cadáveres no caminho - ainda que aparentemente com mínimo remorso por uma das vítimas).

Não há dualidade ou sutileza.
Não há o lado de Matt questionando o que está fazendo enquanto fantasiado e surrando bandidos à noite...
Não há nuance alguma... São desculpas para sucessões de cenas de ação que não se encaixam no todo.
E esse é meio que o ponto triste da história.
Fora a espetacular arte, o material é bem capenga.

Nota: 3,5/10

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