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7 de setembro de 2017

{Resenhas de Quinta - pt1} A biônica, loira atômica!

Eu gosto de filmes/livros/quadrinhos (e o que mais) em que o narrador não é confiável e o que isso implica - nas reviravoltas, nos nós no roteiro e o intrincado quebra cabeças que se monta e molda ao redor do(s) personagem(ns) e eventos.

Some a isso uma trilha sonora dos anos 80, cenas de ação tiradas de John Wick e a Charlize Theron e você já me verá gritando a plenos pulmões "Cale a boca e pegue meu dinheiro!!!", e, é claro, isso vai sem dizer que as cenas de nudez (e sexo) não atrapalham (além do meu argumento de que sou um cidadão sério resenhando um filme).

Até aqui tudo bem? Ok.
Aí vem a maldita pedra no meu sapato que é um roteiro clichê pra caramba, com a tradicional lista de todos os operativos em todo o mundo que pode acabar com todos os negócios de todas as agências de espionagem - e que foi roubado de todos os filmes de espionagem já feitos - combinado com uma alternância desnecessária (e mal construída) entre um interrogatório e os eventos decorridos, que tira o senso de urgência (afinal sabemos que a protagonista sobreviverá a cada e qualquer evento, uma vez que ela está narrando a história).

E claro, o final que precisa de uma reviravolta shyamalanesca que eu simplesmente achei não merecida e mais que isso, nada coerente com o restante do material.
Talvez faça mais sentido na graphic novel, talvez tenha algum ponto no filme em que eu não tenha prestado atenção para que o final faça mais sentido e que monte um elaborado e complexo quebra-cabeças, mas francamente? Eu não acredito.
Na verdade, eu achei a reviravolta bem estúpida a ponto de perder todo o sentido do filme...
Quer dizer, eu já vi uma dezena de reviravoltas inteligentes (Metal Gear Solid 3 pra mim continua intocável nesse sentido), só que existe uma enorme diferença entre uma reviravolta inteligente e uma reviravolta do Shayamalan.
Precisa de inteligência, de sutileza e de uma estrutura coerente para conduzir a trama PARA a reviravolta (e não como um pensamento posterior).

Quer dizer, tem várias pessoas (incluindo espiões) que SABEM quem é o agente duplo (antes disso ser revelado para o público) e eles simplesmente acham ok em trabalhar com esta pessoa?

E eu vi a 'sutileza' com a qual eles entregam quem é o agente duplo (sim: O agente duplo é bissexual, portanto 'corta' para os dois lados), e o fato que a narrativa se perde no ponto em que é narrativa e no ponto em que é recordação/memória (ela está narrando a noite mal dormida e os sonhos? E o sexo que, como espectadores vemos - que no depoimento fica claro que foi omitido?), ao que no fim temos mais que um narrador não confiável mas também uma narrativa não confiável - pois além das mentiras contadas temos que saber quando e onde a história que nos é apresentada é a mesma da versão 'oficial' ou ao menos da versão do depoimento...
E isso é menos Rashomon e mais, bem, A Vila.

Assim fica difícil... Mesmo com toda a Charlize Theron do mundo...

Nota: 4,5/10

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