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6 de julho de 2017

{Resenhas de quinta} (Que zorra de nome é) Okja (?)

Eu estava no cinema em 1993 quando Jurassic Park estreou nas salas brasileiras, e, assisti embasbacado conforme o filme de Steven Spielberg mesclava dinossauros ao mundo real. É verdade que eu tinha meros 8 anos e, sejamos bem francos, até ali eu já achava o máximo quando a Carmem Miranda cantava e dançava com Pato Donald e Zé Carioca em "Você Já foi a Bahia?" (de 1944 que, meus pais adoravam e por tabela foi um dos desenhos animados que eu assisti diversas vezes enquanto criança), então não é como se meus critérios fossem muito argutos naquela época.

Hoje, porém, ao assistir a Okja em 4k no Netflix quase um quarto de século depois mostra bem o quanto a tecnologia avançou no que tangem efeitos especiais e computação gráfica.
Sim, sim, eu sei que Mogli dirigido por Jon Favreau lançado ano passado também é bastante surpreendente, assim como os Animais Fantásticos e Onde Encontrá-los também do ano passado e, verdade seja dita, existem outros tantos exemplos para contextualizar isso (como os Guardiões da Galáxia, de 2014 com Groot e Rocky Racoon). Mas acho que isso também faz parte da explicação de que não foi um mero e simples salto - mas um longo e árduo processo de aprimoramento de técnicas e tecnologia.
E, sim, também sei que o impacto se reduz um tanto (por maior que minha tv seja, está longe de uma tela de cinema, além do que, os 

A criatura absurda (o porco gigante que dá título ao filme) possui um enorme realismo em seus detalhes (além dos pelos quando demonstrados em close, também nos movimentos e, incrivelmente a sinergia com o ambiente e nas interações com atores) e o filme gasta uma boa dose de tempo ao contextualizá-la e apresentá-la ao público, bem como - ou tal qual - em um desenho animado, com a interação entre a humana e a besta.

Ok até aqui? Ótimo, porque agora é hora de deixar os elogios de lado e começar a dissecar o que diabos esse filme pretendia.
Quer dizer, vamos começar do, no mínimo bipolar tom que a história pleteia entre a comédia leve e o drama(lhão) pesado com cenas em um matadouro (em uma cena que emana claros tons de filmes de holocausto)?

Mais que isso, que merda de direção foi dada para Jake Gyllenhaal? Tente superar a atuação terrível e  seja mais caricato que Kevin Spacey em Superman - o Retorno? Droga, mesmo a Tilda Swinton que geralmente é ótima e consegue dominar com louvores esse tipo de performance entre a caricatura e a seriedade (vide O Expresso do Amanhã pra ficar em um exemplo só) aqui é só, bem, estranho.
Quer dizer, estranho e desfocado... Por algum motivo a personagem dela tem uma irmã gêmea e ambas competem pelo controle acionário da empresa (que é uma bagunça, para justificar o horroroso projeto de dez anos que move a trama do filme) e ambas as personagens combinadas não formam uma!
Droga, em dado momento as duas se põe lado a lado e o negócio lembra mais os efeitos especiais do Chaves quando Nhonho e Sr Barriga contracenavam que um filme extraordinário que nos primeiros momentos fez crer que um animal bizarro como um superporco é real!

Inclusive tem uma cena em que ambos 'interagem' por volta da marca de uma hora e, bem, é uma composição tão estranha com cortes e close-ups tão bizarros que parece só evidenciar que ambos os atores não estavam no mesmo set (a cena começa quando o personagem de Giancarlo Esposito interrompe um diálogo histérico para uma pausa constrangedora enquanto prepara seu café) e daí segue corte sobre corte para deixar claro que praticamente ninguém ali estava na mesma sala...

Tem uma série de outros momentos que realmente não se encaixam na história, como a Frente de Libertação dos Animais que mais parece um grupo revolucionário de A Vida de Brian (e não, isso não é um elogio) ou a garota de 14 anos que consegue acompanhar um caminhão E realizar uma série de manobras acima do mesmo (sobrevivendo a uma ponte baixa enquanto se agarra a uma barra da porta traseira do caminhão)...

No fim, fica uma mensagem vaga e confusa sobre direitos animais (e digo vaga mesmo, pois a própria garota que se esforça até o fim do mundo para salvar sua porquinha Okja cria - e come - galinhas assim como não se importa em comer peixe) e mais ainda sobre, bem, o propósito do filme.
Não quero entrar (mais) em território de spoilers aqui para as críticas, mas acho que já consegui cobrir a maioria dos pontos importantes.

O filme é uma bagunça desfocada ainda que produza alguns dos mais incríveis efeitos especiais que eu vi ultimamente.
Os primeiros vinte ou trinta minutos com o animal interagindo com a natureza e sua amiga humana valem horrores... Quanto o resto? Um show de horrores...

Nota: 4,0/10

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