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27 de fevereiro de 2017

{Resenhas} Um limite entre nós (Fences)

Nota: 8,0/10
Se Viola Davis não levou a estatueta de melhor atriz coadjuvante, bem, será uma das maiores injustiças da história do Oscar (sim eu escrevi antes da cerimônia e não vou editar)...

Fora isso? O filme é bem dispensável em inúmeras escalas, ainda que tenha Denzel de volta à suas melhores performances e um roteiro incrível... Só que não é um filme e nem se esforça para SER um filme.
É uma peça de teatro...

E nem só pelo fato de SER uma peça de teatro adaptada para o cinema (algo longe de ser inédito, diga-se de passagem), e sim pelo fato como é conduzida a progressão e edição de cenas - os closes, as mudanças de tons de vozes e esforço vocal em maneira bastante teatral e claro, a estrutura das cenas focada sempre de maneira a que a transição da câmera sirva como a quarta parede do palco. Isso, por si só, não é ruim, ainda mais porque dificilmente eu assistiria em minha vida uma peça de teatro com, tanto Denzel Washington como Viola Davis e com o excelente roteiro que é o de Fences.

O problema, e aí é onde o negócio realmente complica de se explicar, é que a transição de um gênero para outro requer adaptações para que flua melhor e haja uma sólida diferenciação entre as mídias e não apenas uma quimera.
Quer dizer, existem limitações do teatro que, por esse motivo, requerem técnicas específicas para a condução de uma cena e até para a construção de uma cena (o público depende da janela restrita e fixa que é o palco para acompanhar os eventos que transcorrem) e que são estranhas em outra mídia (na tv ou cinema, a câmera substitui a ideia do palco e produz com isso efeitos diversos - como, para transportar e inserir o espectador, se colocar na perspectiva de um personagem ou mero objeto de cena).

Isso é um exemplo bastante direto, claro, mas ele serve para ilustrar a pungente diferença entre os meios e é fácil apontar muitos/as mais. Um ator de teatro requer uma atuação mais externa, mais explosiva (para que tanto o sujeito da primeira quanto da última fileira vejam) enquanto no cinema/tv uma atuação contida e mínima pode ser capturada por um close (ou destacada pela edição).
Isso exige técnicas, caminhos e direções diferentes, ao que, para transportar técnicas de um para o outro é preciso uma camada extra de zelo e refinamento para não soar forçado e estranho - por sair das idiossincrasias que estão atreladas ao meio.

É uma pena que isso me incomodou tanto nesse filme, porque francamente eu esperava bem mais com um elenco e roteiros tão inspirados - De novo: Não é ruim, nem necessariamente algo mal feito, mas incomoda, e por mais que passe batido em alguns momentos, em outros você se pega rindo involuntariamente (meio que de susto) da atuação exagerada em uma cena tensa e dramática...

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