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16 de dezembro de 2016

{RESENHAS} A Agência do Detetive Holístico Dirk Gently (2016)

Nota: 5,5/10

Que eu gosto do material de Douglas Adams não é novidade para quem acompanha o blog.
Eu até tentei traduzir o livro beeeem lá em 2012. Admito que desisto bem antes da metade do caminho e não me arrependo (até porque ele saiu pela Arqueiro ano passado - com o nome meio errado se alguém me perguntar).

E porque o 2016 no título, alguém pode perguntar? Porque a BBC lançou em quatro episódios entre 2010 e 2012 com Stephen Mangan no papel título, e um pouco mais próximo do material de Adams, com os personagens do livro pululando aqui e acolá (Gordon Way, o instituto de São Cedd de Tecnologia e outros).

A versão americana (?) lançada pela BBC America e distribuída pelo Netflix produzida por Max Landis (o sujeito que escreveu Superman: Alien Americano que é uma das mais importantes histórias do personagem nos últimos dez anos) com o brilhante Samuel Barnett no papel título.
E bem, a versão é mais próxima dos quadrinhos da IDW - mais espalhafatoso e otimista - que o original de Douglas Adams - mais cínico e preguiçoso, que é mais próximo da versão de 2010.

Essa é a introdução para o texto. Porque eu estou expondo todo esse material?
Bem, uma das coisas que permeia a lógica das histórias de Dirk Gently é a noção holística de que tudo é(está) interconectado de alguma forma e com isso a(s) solução(ões) surgem de maneira orgânica e natural através tanto de pesquisa e investigação como do mais notório acaso e sorte.
Isso traz mudanças nas interpretação de acaso e sorte - o Dirk de Adams acredita que o acaso e sorte o trarão as respostas mesmo que ele não procure, enquanto o Dirk do seriado está sempre correndo pra todo lado como o Papa Léguas esperando que a resposta bata em sua cabeça.

O que acontece é que para uma história do personagem funcionar se requer toda uma enorme gama de camadas interconectadas que, ainda que aparentemente não façam sentido (e mesmo depois da história explicada ainda não o faça) pareçam se encaixar de maneira orgânica sobre todo o caos, absurdo e excesso que se precedeu.
(Um monge elétrico, um cavalo preso em um banheiro e viagem no tempo? Claro! Porque não?)

Nem sempre dá certo, e, sem sombra de dúvidas requer um enorme talento e competência para que isso flua - e, antes que qualquer pessoa pergunte, SIM, isso é difícil pra se produzir mesmo com enorme talento e competência.
E é o primeiro defeito sério da primeira temporada do Netflix.
Com tantas histórias concomitantes que não se cruzam ou demonstram nível similar de interesse (na verdade todas carregam tons bem distantes e às vezes conflitantes com a narrativa principal), e principalmente com um excesso de violência em certas partes (de fato o que mais me incomodou, afinal, é pra ser uma comédia simples e descompromissada com um personagem bufão e espalhafatoso).

E por favor, eu não reclamo da violência por ser excessiva por não gostar de violência, é que não funciona para o tom do material - combina mais para Deadpool ou Preacher que TEM esse perfil de humor negro e escrachado NESSE sentido.

Mas, francamente o maior defeito do seriado está em seu final da temporada horroroso. Cliffhanger desgraçado para engatar uma segunda temporada com uma resolução forçada do caramba para 'explicar' a função das histórias paralelas todas como num contexto único.

Tem um bocado de positivos, tem um bocado de negativos. Eu ainda assim recomendo - mais por curiosidade que por qualidade.

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