Essa imagem, que todo mundo já viu ao menos uma vez na vida (a menos que seja um deficiente visual, ao que me deixa intrigado como está acessando meu blog - sério... É algum daqueles leitores eletrônicos? Como é a voz que está lendo o meu texto? Suave e elegante como Sean Connery ou esganiçada e fanhosa como a minh... Digo a de Jerry Lewis?), esse é um mapa mundi.
Exceto na Austrália.
Não, não... Por favor, não estou supondo ou dizendo nenhum absurdo sobre a Austrália viver numa dimensão paralela ou seus geógrafos estarem tão atrasados que não tem sequer um mapa mundi, é só que a maior ilha do mundo tem uma perspectiva, 'diferente' de como representar um mapa: A ilha está, não só no 'topo' do mapa como no centro (e não segregada a parte inferior direita de nosso mapa tradicional).
Pra fins gerais, o primeiro mapa que nós usamos é a versão, digamos 'universal' de como o mapa do globo deve ser representado no que foi definido no século XVIII quando se estabeleceu que Greenwich seria o "meio" do globo em condição longitudinal enquanto o Equador seria o o meio do globo na condição latitudinal. Nada demais, não é mesmo?
Bem, sim e não. Há um pouco mais na estrutura toda - afinal, o encontro que definiu Greenwich como o meridiano se resolveu num encontro com apenas 25 nações, das quais a maioria era da Europa, e o encontro seu deu em Washington. O que quero dizer é que a noção do 'norte' para 'cima' tem um viés mais ideológico (assim como o da Inglaterra no centro do mundo). Curioso que muita gente associa rapidamente a ideia de 'norte' e 'cima', e, uma grande parte disso se deve a convenção dos mapas (seja nas salas de aulas ou mesmo livros/atlas e meios eletrônicos).
Principalmente quando levamos em conta o quanto essas ideias são fatalmente absurdas.
Quer dizer, lembre-se que primeiro o mundo não é plano (e esse foi o maior erro de Mercator) e sim um geoide (se for mais fácil pense numa bola ovalada - mas num formato único).
Apontar o 'meio' de uma bola é estritamente difícil, só que fica ainda mais complicado quando você deve levar em conta que essa bola está rodopiando a uma enorme velocidade em torno de si própria ao mesmo tempo que ela também orbita uma outra bola maior (que chamaremos de 'sol'). Obviamente essa é a versão simples da coisa toda, uma vez que o universo está expandindo, o sol não está parado estático em um ponto fixo no universo e os campos magnéticos da Terra tendem a oscilar e mudar o ‘ponto’ real do Norte e Sul do globo (de novo, devido a uma série de fatores, alguns dos quais inclusive são desconhecidos sobre toda a questão do eletromagnetismo - no video do Kurtzgesagt há um pouco sobre eletromagnetismo e mais, bem mais sobre o planeta), e ainda tem um agravante sobre a forma como fazemos e fizemos todos esses mapas por anos e anos a fio, e, que volta ao problema proposto da questão de perspectiva.
Veja, somente recentemente graças a tecnologias avançadas e satélites de alta precisão a humanidade teve a oportunidade de ‘ver’ a Terra efetivamente de uma perspectiva externa (que é como todos os mapas desde os mais antigos, tendem a parecer, vislumbrando o mundo ‘de cima’). Nossos mapas mais antigos eram, na melhor das hipóteses, presunções e liberdades poéticas sobre a forma que o mundo deveria ter (na pior, terrivelmente inacurados).
Acontece que a Europa demandou, por muitos anos, de imensas quantidades de mapas para seus exércitos (o Império Romano foi uma força impressionante que dominou toda a Europa e partes da África e Ásia), e a expansão das rotas marítimas europeias nos séculos XIV e XV demandaram mais e mais mapas (as rotas comerciais no Atlântico com o 'descobrimento' das Américas só cimentou isso). Daí até o século XVIII quando se definiu a Inglaterra como o meridiano central foi apenas uma passagem de tempo.
Isso e a animosidade da Austrália com a Inglaterra (até porque a ilha nasceu como uma prisão para ingleses deportados) explicam os primeiros parágrafos, mas no fim, tudo é, nada mas que uma questão de perspectiva.
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