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21 de janeiro de 2016

{RESENHAS DO OSCAR} A comédia e o drama se enfrentam

Em 10 de Janeiro de 2016, o prêmio Golden Globe se deu e colocou 'O Regresso' (The Revenant) como o melhor filme dramático (com o prêmio para DiCaprio como melhor ator dramático inclusive) e 'Perdido em Marte' (The Martian) como melhor filme de comédia ou musical (e, de mesma feita, o prêmio para Matt Damon como melhor ator de comédia ou musical).

Nota: 7,0/10
Nota: 7,5/10

Num 'duelo de titãs' (cof, cof) sem precedentes o Oscar 2016 coloca os dois filmes cara a cara para definir qual seria o melhor de 2015 SEEEEE não forem derrubados por algum azarão como Mad MaxSpotlight, Ponte de Espiões ou ou algum daqueles outros que ninguém sinceramente e realmente acha que tem alguma chance (ah, qualé, Brooklyn?).


Curiosamente, em minha humilde opinião, estes dois filmes são bastante parecidos em uma enorme quantidade de fatores - o protagonista é dado como morto depois de um evento terrível e cabe a ele mesmo se apoiar em algo maior (no caso de Damon a ciência no caso de DiCaprio a vingança) para, bem, não só sobreviver como 'voltar para casa'.

Também são dois filmes com traduções que mudam a ideia e conceito de seus títulos originais, ainda que no caso de Revenant eu acho realmente difícil uma tradução literal que não pareça com um filme de terror, afinal, a palavra significa 'Aquele que volta dos mortos', então ainda vejo o motivo por uma tradução menos literal e mais abrangente. Com Perdido em Marte eu vejo o exato oposto - o título original é mais bonito, dando o tom da conquista do planeta pela sobrevivência do protagonista, enquanto a tradução sugere um spin off dum seriado da década de 60 (e isso é um mal de quem trabalha no mercado editorial brasileiro, infelizmente, com exemplos a perder de vista).

E sim, o tom dos dois é bem diferente, ao ponto de o Globo de Ouro enxergar Perdido em Marte como uma comédia, afinal o personagem de Damon conduz com um enorme bom humor toda a situação horrível em que está, tentando tirar o melhor da situação, sorrindo, e, invariavelmente contando várias piadas. Na minha opinião, porém, o filme é uma comédia pela derivação absurda - se em 'Pixels' essa derivação absurda torna Kevin James o presidente dos Estados Unidos ou em 'Um Duende em Nova Iorque' o gigante Will Ferrel é um elfo do Papai Noel, em Perdido em Marte temos um governo chinês bonzinho.

Dito isso, eu particularmente prefiro o filme de Ridley Scott como um todo. É uma experiência mais agradável, o filme tem um ritmo melhor e uma cadência melhor (Scott corrige diversos dos problemas que eu tive com o livro de Weir, além de dar voz e vida a cada um dos personagens de maneira que é realmente palpável a relação entre cada um deles e o que o nível de sacrifício que estão colocando nessa situação impossível. Não é perfeito, longe disso (ainda acho que tanto Ponte de Espiões e Mad Max - só pra manter dentro da lista do Oscar - são bem melhores), com a puxação de saco para o governo chinês, por exemplo, e as interferências impostas pela NASA que tiram um pouco do ritmo do filme.

Ainda assim é bem melhor que o ritmo leeeeeeeeento do filme de Iñarritu (cadência, na verdade, sempre foi um problema da obra do diretor, mesmo no ótimo Birdman que não sabia quando acabar). O filme chega a seu ápice por volta de trinta minutos quando DiCaprio é atacado por um urso (numa cena incrível, sem dúvidas) e depois vai decaindo morosamente em sucessões e sucessões de eventos pouco interessantes. Eu dormi umas duas vezes, e não acho que tenha perdido nada - entendi o filme melhor que minha amiga que estava comigo e assistiu o filme todo.

Só que é o tipo de filme e tom que o Oscar ama (e por isso minha aposta para a estatueta).
Aquele tom denso e sóbrio com uma ótima semi-histórica e coerente da sucessão de eventos com uma atuação metódica gutural e que realmente sobressai - mesmo num filme chato e lento - inclusive de Tom Hardy, como o vilão (?) do filme.

Vale a pena conferir os dois filmes? Sim, afinal ambos contam com excelentes atuações com elencos brilhantes e direções inspiradas.
Só que um é o filme que você assistirá várias e várias vezes (provavelmente em cursos e palestras motivacionais) e o outro é aquele filme que, além da cena do ataque do urso, ninguém lembrará de muito mais.

Semana que vem tem a parte dois, com os azarões (e destaque para Mad Max e Ponte dos Espiões, os melhores filmes da lista na minha opinião).

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