Eu não sei o que dizer, que já não foi dito.
A verdade é que, por mais que eu tenha medo de criminosos, nada me assusta mais que a polícia.
Esse é o programa para mostrar porquê (um criminoso pode te matar, mas vai saber qual o limite da polícia...).
A verdade é que, por mais que eu tenha medo de criminosos, nada me assusta mais que a polícia.
Esse é o programa para mostrar porquê (um criminoso pode te matar, mas vai saber qual o limite da polícia...).
Sim, o documentário é avassalador desde o começo, e, por mais que quase dez horas pareçam um longo tempo para se assistir um documentário, por mais que seja bem fundamentado de forma parcial a Steve Avery, existem coisas que simplesmente não tem como contra-argumentar sabe?
Tanto ele quanto o sobrinho tem, como é destacado, QIs bem abaixo da média (70 o de Avery, 73 o do sobrinho, o que, para efeito de comparação, é inferior ao de Forrest Gump que tinha 75!).
Como diabos em qualquer sociedade de lei que se baseie numa estrutura de sistema de justiça pode ser coerente aceitar que pessoas com esse tipo de incapacidade sejam interrogados pela polícia sem a presença de um advogado - e, pior no caso do sobrinho, ainda na época menor de idade, sem a presença ou autorização de um responsável legal!
Existem coincidências grandes demais para serem evitadas, existem fatores atenuantes (Avery é um tremendo filho da puta, não vamos negar), mas quando importa, os erros cometidos contra ele são bem maiores.
Mas, se eu tenho que ser honesto - e, eu tenho - essa história que mais parece um roteiro tirado de um livro esquecido de Franz Kafka ainda que um enorme pesadelo, não me parece um pesadelo sem igual.
Pelo contrário, Avery é apenas mais uma vítima de um sistema que não só é sujeito a falhas como é efetivamente preconceituoso e corrupto. E essa história mostra isso.
Mesmo focando só em um condado dos muitos condados norte-americanos, inclusive focando num crime cometido por uma pessoa branca contra uma pessoa branca em uma comunidade inteira branca (sem embutir ainda o estigma racial, como em toda a situação de Ferguson, Missouri), mesmo com toda a documentação, gravada e documentada, é visível uma clara manipulação de fatos e eventos (de novo, Avery com um QI de 70 é interrogado sem um advogado presente, uma assistente do xerife informa à vítima que a descrição oferecida se parece com Avery - enquanto o xerife faz um retrato falado baseado na foto da apreensão de Avery).
Só que não é só isso, porque o gosto ruim não sai da boca.
Qualquer um de nós com um mínimo de senso crítico sabe que isso é só uma fração de todo um enorme problema, ao que posso citar The Wire e suas cenas de interrogatório (que, por mais que tentassem emanar e aludir a certa comicidade, cada vez mais me pareçam reais), como inclusive John Oliver destacou meses atrás em seu Last Week Tonight com a incapacidade de advogados públicos em fornecer uma defesa justa a seus clientes.
Por favor, caro(a) leitor(a), atente que até agora eu nem falei do Brasil, de ditadura ou qualquer coisa do tipo, o que torna o cenário ainda mais assustador quando ou se pararmos para pensar (com os policiais que tiram selfies com manifestantes num dia e no outro avisam nas redes sociais que vão descer o sarrafo em professores)...
É o tipo de coisa para se assistir e não esquecer.
Não esquecer quando alguém comentar que 'Bandido bom é bandido morto' ou perguntando sobre 'quem pensa nos nossos direitos humanos?', para lembrar que, às vezes, mesmo sem nenhuma vírgula de provas uma pessoa pode parar atrás das grades (ou, como casos bem conhecidos e documentados do Brasil, ainda pior).
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