Em 2013 um filme com Ashton Kutcher, em 2015 um filme com Michael Fassbender e um documentário sobre 'O homem na máquina', e, provavelmente mais por vir nos anos futuros (mini-séries? Outros filmes? Livros com certeza já tem um bocado que saiu e mais uma cacetada por vir...)
Mas qual a razão, motivo ou circunstância, pergunto eu com um charuto numa mão e o chapéu na outra?
O que existe de tão fascinante sobre o empresário falecido em 2011, ou ao menos de mais fascinante que por exemplo a genial Madame Curie ou o controverso gênio de Robert Oppenheimer para gerar tanto material em tão pouco tempo?
A resposta um é que Jobs é uma commodity importante para a marca 'Apple' e eles precisam - direta E indiretamente - dessa imagem pública reforçando a marca (pois é parte da estratégia da Apple tornar o 'gênio' de Jobs indivisível do produto que eles vendem, mesmo na época que ele ainda estava vivo).
E é importante reforçar a figura do personagem e a imagem que ele representa para a "Lenda da Apple" que é o que a companhia vende há umas boas décadas. Essa é uma outra parte importante da estratégia de marketing deles...
Jobs foi o maior Don Draper de nosso tempo na transformação da tecnologia em utensílio de moda, afinal, os produtos Apple nem de longe tem a melhor capacidade de processamento (ainda que possam apresentar melhor desempenho em aplicativos mas por vários outros motivos, que incluem o fato de desenvolvedores de conteúdo trabalharem mais - ou melhor - na plataforma) ou mesmo as funcionalidades (câmeras, GPS e 'n' outros gadgets que ofereçam). Inclusive porque Jobs enquanto inventor é um excelente marqueteiro (sim, presente, pois mesmo falecido continua a vender e divulgar a marca).
Também é importante pro marketing que ele seja uma figura controversa, um 'gênio louco' incontrolável e irremediável... Sabe toda aquela bobageira? Pois isso o faz INTERESSANTE e de novo o produto por tabela (ainda que se repita a ladainha que a concorrência faça melhor ou que o que a Apple fez de melhor com seus últimos produtos foi tirar as liberdades do consumidor ao tornar os equipamentos menos customizáveis).
E eu reforço a ladainha inclusive porque o 'gênio' de Jobs não durará ou será lembrado por muito tempo e esse é um ponto crucial que, tanto a marca da maçã quanto as produtoras de conteúdo sabem muito bem.
Hoje o nome ainda pulsa e é celebrado, lembrado.
Daqui alguns anos, pós-Uber, pós próxima grande tecnologia, depois que a 'internet das coisas' deixe de ser a grande tecnologia inovadora, é bem provável que Jobs seja mera nota de rodapé da história (mesmo a Apple sem Jobs, diga-se de passagem, eu tenho dúvidas que se aguente até 2030).
Admito que posso estar engando (e a figura grandiloquente do empresário nos palcos e palestras sobreviva por esse talento ainda insuperável em apresentações persista por séculos a fio) mas sejamos honestos por um mísero minuto: Com que freqüência inventores ficam famosos?
Veja quantas tecnologias incríveis que usamos no dia a dia em nossas vidas que sequer imaginamos quem foi o visionário que as concebeu (sem olhar na wikipedia ou buscar no google, tente lembrar os nomes do inventor do controle remoto - que praticamente todo aparelho hoje tem - e com esse verão chegando, do ventilador e/ou ar-condicionado). Nós sabemos daqueles que quebram o molde, que reinventam a roda (afinal, aqui vai outro que nós também não sabemos) e mudam tudo o que sabemos sobre alguma coisa.
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