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7 de novembro de 2015

{RESENHAS} 007: Nação Secreta

Nota: 5,5/10
Bom? Não...
Pior filme do personagem então...? Também não pra tanto. Mesmo Quantum of Solace, ainda continua o pior da era Craig, e essa é uma era bem melhor que 90% de todo o restante da filmografia do personagem (ainda que Goldeneye e Goldfinger resistam bem ao teste do tempo também), e aqui acaba meio que residindo parte do problema.

O filme tenta, meio que na medida de Skyfall dar um passo além da condição de unir a nostalgia dos filmes antigos de Bond com o estilo moderno mais dinâmico e até humano do personagem.
Mas, ao meu ver, são dois passos ruins dados pelo filme aqui ao contrário do anterior, um em andar mais na direção dos absurdos de carros com assentos ejetáveis e mega-organizações secretas controlando o mundo do passado enquanto tentando manter a postura de filmes modernos de ação com suas duas horas e meia de contextualização.

É a verdade mais absoluta que existe sobre o personagem é que ele sempre foi a idealização de uma fantasia bastante masculina (o sujeito elegante e suave que onde chega causa uma impressão, fica com todas as mulheres e ainda salva o mundo), no essencial de 'fantasia' (que foi incorporando tecnologias bizarras e cada vez mais elementos que distanciam-no de um espião real). Pra mim esse é o mote que transforma o Bond de Daniel Craig numa revisão interessante, pois ele deixa de ser um mito para ser um homem de carne e osso.

Um homem com falhas, medos e defeitos como todo outro, e que faz uma fachada séria para um esconder os esqueletos em seu armário e dois defrontar o perigoso mundo em que habita.
E isso faz dessa versão do personagem a mais interessante ao meu ver, e o que torna em obras-primas instantâneas filmes que focam justamente nisso (Royale e Skyfall) e, bem, filmes medíocres os que são incapazes de manter o mesmo tom e pique (Quantum of Solace e o atual Spectre).

Ainda assim acho injusto dizer que Spectre principalmente seja um filme ruim.
Quantum of Solace, sim, tem diversos e incontáveis defeitos que o tornam muito menos que medíocre (cenas de ação em que é impossível saber o que está acontecendo, vilões inexpressivos e desinteressantes, e mais que isso todo um elenco de apoio desinteressante - as 'Bond Girls' do filme nada acrescentam), que não estão aqui. O começo do filme é espetacular (toda a cena de ação no México é de tirar o fôlego) e eu diria que a primeira hora do filme consegue manter muito bem o pique. A ação é clara, os personagens interessantes, os vilões talvez merecessem um pouco mais de tempo de tela - principalmente Christoph Waltz, que sempre faz um retrato espetacular como vilão - e o elenco feminino é fenomenal. Então o que falta?

Talvez seja ranhetice o meu primeiro ponto, mas eu tenho de fazer... Eu não gostei do tema de Sam Smith para esse filme, já antes do filme, e no filme não me ajudou nem um pouco (pelo contrário, eu ficava esperando Cynthia Harrell gritar um SNAAAAAKE EATER no refrão o que pelo menos tornaria a coisa toda mais autociente do quanto o negócio todo é ridículo - mesmo que eu ache que Kojima se leve igualmente a sério com o ridículo de Metal Gear Solid, mas é história para outra resenha), e, como eu disse, pode ser mais ranhetice que outra coisa, mas eu achei a música de Smith cafona - algo que a da Adele do anterior também é, diga-se de passagem, pelo menos tem mais gravitas, com um refrão bacana que combina com o tom daquele filme, e, entendo completamente quem discorde desse argumento.
Música é subjetivo. Tem quem, não ironicamente, goste de 'É o Tchan', então o que dizer?

Ainda na área da ranhetice, tenho que admitir que, considerando o contexto dos outros filmes, eu esperava mais, e isso, como com "O poderoso Chefão parte 3" ou "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" acaba prejudicando o filme na avaliação. Pode até nem ser tão ruim, mas soa pior em comparação - você esperava um sorvete de chocolate e só tem de baunilha? Não é ruim, mas não é o que você queria...

Do que eu vejo mesmo, o que falta em parte, é uma história original... Assistir um filme com um imenso senso de 'eu já não vi isso antes...?', principalmente quando 'eu já vi isso num filme mais empolgante' é a reposta.
A trama central do filme (o grupo de vilões que estão tão escondidos que sequer as principais agências de espionagem conseguem encontrar, as ações de gente tentando acabar com a espionagem incorporando-a em outros departamentos do governo) não é só 'similar' como IDÊNTICA ao filme com Tom Cruise, e, esse desconforto se torna maior quando é o filme de Tom Cruise lançado esse ano (Missão Impossível 5: Nação Secreta foi lançado em 13 de Agosto, só três meses atrás...).
Judi Dench faz um pouco de falta (e num filme com tantas cenas focadas no MI6, com certeza a veterana traria todo um gravitas à situação).

Não obstante, Missão Impossível É um filme em que o ridículo é abraçado como parte elementar à trama, portanto absurdos são esperados.
O Bond de Daniel Craig, bem, mesmo com os redutos secretos de supervilões em ilhas particulares e planos altamente elaborados, tudo sempre permeava num contexto coerente e factível, ao que aqui... Bem... Não consigo ver isso.
Eu não consigo ver o plano do vilão de Waltz (de novo, o cara é tremendo no papel ainda que seu personagem seja uma merda), eu não consigo entender a ligação dele com os outros eventos do filme, e menos ainda eu não vejo nem de longe as ligações que o filme pretende fazer com os três filmes anteriores (de novo, como Nação Secreta).
Não que eu não entenda, deixe-me estabelecer isso de maneira bem clara, eu entendo o plano (controle a informação e terá tudo), mas essa é a grande parte do problema.

Um porque o 'controle' da informação já existe, e se chama Big Data (eu inclusive já fiz alguns cursos na área de ciência de dados) que é basicamente a utilização dos processadores de nossos computadores para filtrar em meio ao emaranhado de informações que já existem um meio para encontrar uma estrutura lógica. Sites como o Google, Amazon e Facebook fazem grande uso disso (recolhendo informações, utilizando e distribuindo), ao ponto que essa é a minha grande birra com o plano... Qual o ponto de controlar informação para ter uma gigantesca máfia (que vem abaixo tão facilmente)?

Segundo eu francamente não vejo a grande vantagem, que é o ponto de motivação do plano de todo vilão. Sim, ele terá acesso a toda informação e controle a tudo, mas... Qual a ameaça iminente e efetiva?
Ele vai mandar fotos comprometedoras minhas do Carnaval de 2008 por fazer esse tipo de resenha negativa do filme? Sinceramente, eu não consegui ver a nítida motivação dos agentes em questão sobre os eventos e seus resultados (com isso ele terá mais, menos ou o que? Que tipo de organização é essa? O que eles ganham com tudo isso?)

Mas e, é onde eu vejo o ponto mais fraco de todo o plano e esquema... Como essa organização É tão forte e poderosa cometendo erros tão absurdos, banais e ridículos?
Droga, Waltz poderia matar Bond em tantas e diferentes ocasiões durante o filme (Bond escapa ileso de uma reunião secreta com TODOS OS MALDITOS AGENTES DA SPECTRE em dado momento!!!!)

Na verdade, o mais fraco do filme é o ato final mesmo em que tudo se embola e embrulha num emaranhado confuso, e, principalmente numa conclusão anti-climática (e ruim ficando por aqui para não oferecer spoilers, mas não pela condição e sim condução, ou seja, não o resultado mas a forma como chegou nele).

Talvez daqui uns dois anos, reassistindo todos os filmes (inclusive Quantum of Solace que eu juro que vou me mijar nas calças se ver o semblante de Christoph Waltz naquela cena da ópera em Bregenz), pode ser que o filme pareça melhor ou mais coeso.
Hoje é uma bagunça mal ordenada com um plano incoerente tentando amarrar quatro filmes como uma longa série, sem conteúdo suficiente para ser seu próprio filme (e olha que sendo até mais longo que os outros).

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