(Roteiros: Frank Miller, Arte: Bill Sienkiewicz, 65 páginas, Marvel Comics publicado originalmente em 1986)
Lembra de quando todo mundo gostava do Frank Miller?
Nem parece tanto tempo atrás assim olhando em retrospecto... Quer dizer, teve o episódio dele rasgando a Wizard bem antes de O Cavaleiro das Trevas 2, da temorosa adaptação cinematográfica de Spirit (imagino que a alma de Will Eisner é incapaz de descasar em paz por qualquer vez que as palavras 'Spirit' e 'Frank Miller' apareçam numa mesma frase)...
Mas, verdade seja dita, os sinais estavam ali na nossa frente, não é mesmo?
Ele era literalmente o garoto propaganda dos direitos tradicionais da família americana, se projetando e mascarando como mais um dos heróis patrióticos e batalhadores lutando para moralizar nossa améri... Digo, os Estados Unidos da 'Murica. Limpando o quintal daqueles desgraçados preguiçosos (que curiosamente quase sempre eram os únicos personagens negros/mulatos nas histórias de Frank Miller).
Love and War é um daqueles capítulos que, talvez se lido em conjunto aos ouros fascículos de Frank Miller nos roteiros de Demolidor, talvez assim seja (mais) fácil ignorar a panfletagem conservadora.
O sujeito que é psicótico - e portanto é 1) viciado em drogas; 2) um assassino e 3) um tarado; A beleza pura da personagem vítima de sequestro é de uma mulher caucasiana com vastos cabelos louros - e que não tem qualquer propósito na trama além de passar de lado a lado, seja do criminoso, seja do Demolidor tentando subornar o criminoso (é, eu sei, soa estranho mesmo lendo), seja do próprio marido da personagem...; A cúmplice/irmã/ex-mulher do psicótico que ainda que demonstre claramente o quão é prestativa e caridosa é descrita com todas as palavras como alguém promíscua;
Tudo já estava ali, e só foi piorando com o tempo, conforme o autor foi dando mais e mais espaço a suas visões preconceituosas e direitistas (exemplos não faltam, e olhando bem mesmo nos quadrinhos bons do cara).
De mais a mais, é até fácil relevar alguns dos pontos quando a trama flui (afinal, extremismos à parte, é Frank Miller em sua melhor forma)... Aí o Demolidor voa igual ao Superman carregando uma mulher sedada nos braços e você se pergunta quando diabos o Demolidor aprendeu a voar e toda a suspensão de crença cai por terra...
Nota: 7,0/10 (Sienkewicz puxa bem a nota pra cima)
(Roteiros: Mark Waid, Arte: Chris Samnee, 22 páginas, Marvel Comics publicado originalmente em 2015)
Eu tenho que dar a mão à palmatória que Mark Waid conseguiu uma boa sacada para injetar um pouco de ar nessa parte final de sua passagem pelo Demolidor.
Não parece original, provavelmente não será tão brilhante assim (afinal já anunciaram o time criativo que seguirá no título ao que mostra que por mais reviravoltas o status quo geral será mantido), mas por um momento ali existiu aquele relance de brilhantismo que foi o ponto alto perene por quase todas as edições do autor.
A sacada foi colocar o Demolidor propondo um acordo ao Rei do Crime numa estrutura que faria John Constantine ou Fausto se morderem de inveja. Há tensão, há uma enorme animosidade entre os interlocutores e Waid constrói um de seus momentos mais soberbos a frente do título...
Só que ele não encaixa com o que vinha acontecendo até aqui.
O Rei do Crime continua mais avulso que congressista que vai trabalhar em véspera de feriado, inclusive sem muito propósito nessa história toda... Quer dizer, porque/quando ele se mudou para São Francisco também? (O Rei do Crime, o Coruja, o Homem Púrpura... Droga, mesmo o Justiceiro em Los Angeles!)
Sei que é mais rixa que qualquer coisa, mas acaba meio que fugindo do propósito da coisa toda... Ele saiu de Nova York e levou toda Nova York junto com ele?
Qualé...
A cena com o Rei do Crime porém é um dos momentos mais brilhantes de toda a história do Demolidor, porém...
Nota: 8,0/10 (RELUTANTEMENTE)
Daredevil: The fall of the Kingpin
(Roteiros: D G Chichestter, Arte: Lee Weeks e Al Williamson, 96 páginas, Marvel Comics publicado originalmente em 1993)
Em 1986 o Rei do Crime destruiu a vida de Matt Murdock após descobrir sua identidade secreta.
Acabou com sua carreira de advogado, congelou seus bens e o fez questionar tudo e todos - inclusive ao contratar seu ex-sócio e melhor amigo Foggy Nelson.
Estes são alguns dos eventos da brilhante história de Frank Miller que redefiniu as histórias em quadrinhos recentes no arco "A Queda de Murdock" (ou no original "Born Again").
Nisso os sucessores tiveram grandes complicações para tentar equiparar os quilates do trabalho, principalmente com a quantidade crescente de demanda por incluir o Homem sem Medo em eventos da editora - com participações em cross overs como Inferno, Massacre e Queda de Mutantes (todos dos X-men). Não que Ann Nocenti a escritora que se incumbiu dessa tarefa fosse (ou seja) de menor calibre e suas histórias de todo dispensáveis... Ela produziu alguns momentos memoráveis ao jogar o Demolidor cara a cara com demônios do inferno se confrontando sobre sua iconografia e mais que isso sobre a maldade inerente nos homens, além de colocá-lo sob análise microscópica de suas falhas de caráter durante os quase cinco anos, e colocou uma nova e letal guarda-costas para o Rei do Crime para torturar a alma de Matt Murdock e tecer mais da intrincada teia que conecta o mafioso ao herói cego.
Até que enfim D G Chichester assume os roteiros, e, finalmente coloca os pingos nos 'is' e corta os 'ts' de toda a impunidade ao Rei do Crime, e surge esse que é sem dúvidas um momento impressionante da história da Marvel, ainda que não seja alardeado (essa coletânea de 1993 é uma das únicas republicações que eu encontrei até hoje do arco).
E é o que se poderia esperar... Talvez até mais, com algumas mudanças que parecem tão conclusivas que nem parece uma história em quadrinhos (sei, sei, 1992 era uma outra época e eramos todos mais ingênuos em um mundo preto e branco de nostalgia...), mas vem as bobagens convolutas do universo Marvel que confirmam que é.
A HIDRA não tem grande motivo pra estar aqui, e acaba complicando demais uma trama com tensões com a organização do Rei e a SHIELD... Estes são pontos negativos de uma boa história - que deve mais ao ótimo desenvolvimento de Frank Miller que pelo trabalho de Chichester em si.
Vale a pena a conferida.
Nota: 7,0/10
MENÇÃO HONROSA:
Não é de um quadrinho do Demolidor - é, na verdade, da única coisa relacionada ao MEGA-EVENTO-QUE-PRETENDE-MUDAR-TUDO-(DA-VEZ) do Universo Marvel (que eu ainda não sei se chama Battleworld ou Secret Wars) - mas a participação do personagem graças aos excelente Scottie Young é difícil de ignorar:
Em 1986 o Rei do Crime destruiu a vida de Matt Murdock após descobrir sua identidade secreta.
Acabou com sua carreira de advogado, congelou seus bens e o fez questionar tudo e todos - inclusive ao contratar seu ex-sócio e melhor amigo Foggy Nelson.
Estes são alguns dos eventos da brilhante história de Frank Miller que redefiniu as histórias em quadrinhos recentes no arco "A Queda de Murdock" (ou no original "Born Again").
Nisso os sucessores tiveram grandes complicações para tentar equiparar os quilates do trabalho, principalmente com a quantidade crescente de demanda por incluir o Homem sem Medo em eventos da editora - com participações em cross overs como Inferno, Massacre e Queda de Mutantes (todos dos X-men). Não que Ann Nocenti a escritora que se incumbiu dessa tarefa fosse (ou seja) de menor calibre e suas histórias de todo dispensáveis... Ela produziu alguns momentos memoráveis ao jogar o Demolidor cara a cara com demônios do inferno se confrontando sobre sua iconografia e mais que isso sobre a maldade inerente nos homens, além de colocá-lo sob análise microscópica de suas falhas de caráter durante os quase cinco anos, e colocou uma nova e letal guarda-costas para o Rei do Crime para torturar a alma de Matt Murdock e tecer mais da intrincada teia que conecta o mafioso ao herói cego.
Até que enfim D G Chichester assume os roteiros, e, finalmente coloca os pingos nos 'is' e corta os 'ts' de toda a impunidade ao Rei do Crime, e surge esse que é sem dúvidas um momento impressionante da história da Marvel, ainda que não seja alardeado (essa coletânea de 1993 é uma das únicas republicações que eu encontrei até hoje do arco).
E é o que se poderia esperar... Talvez até mais, com algumas mudanças que parecem tão conclusivas que nem parece uma história em quadrinhos (sei, sei, 1992 era uma outra época e eramos todos mais ingênuos em um mundo preto e branco de nostalgia...), mas vem as bobagens convolutas do universo Marvel que confirmam que é.
A HIDRA não tem grande motivo pra estar aqui, e acaba complicando demais uma trama com tensões com a organização do Rei e a SHIELD... Estes são pontos negativos de uma boa história - que deve mais ao ótimo desenvolvimento de Frank Miller que pelo trabalho de Chichester em si.
Vale a pena a conferida.
Nota: 7,0/10
MENÇÃO HONROSA:
Não é de um quadrinho do Demolidor - é, na verdade, da única coisa relacionada ao MEGA-EVENTO-QUE-PRETENDE-MUDAR-TUDO-(DA-VEZ) do Universo Marvel (que eu ainda não sei se chama Battleworld ou Secret Wars) - mas a participação do personagem graças aos excelente Scottie Young é difícil de ignorar:
Eu quero os Nachos Diablo |
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