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8 de julho de 2015

prólogo

Sempre haverá algo anterior ao princípio.
Algo tem de existir para dar lugar e gerar outra coisa, e é tão inequívoco como paradoxal.
À escuridão disse deus: "Faça-se a luz", mas quem o fez ou a escuridão?
Urano e Gaia geraram Cronos e os outros deuses, mas quem os gerou?
O que havia antes do universo? Outro universo?
A semente é lançada para sua própria sorte no deserto abissal da realidade, mas sem o deserto e a realidade, o que é essa semente?
O nada abjeto e intempestivo.
A vida à procura de razão ou motivo.
Que motivo pode haver se não o caos e acaso?
A frivolidade dos motivos reside na arbitrariedade, e não se encontra como maior facilidade ou lógica no começo, se é que ele existe.
Eu nunca tive um começo.
Nasci como toda criatura filha de pai e mãe. Tive uma infância comum, nada marcante além do tédio constante.
Talvez por isso eu tenha matado o filho dos vizinhos. Fiz parecer com um acidente no lago. Afogamento após escorregar em uma pedra. E é a versão que fica até hoje.
Mas não me lembro se esse foi o primeiro (não foi o primeiro meu irmão?), só sei que está longe de ser o último.

Eu vejo você ;)

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