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26 de março de 2015

RESENHAS DE QUINTA - 25/03/2015

THE MULTIVERSITY - ULTRA COMICS
(Roteiros: Grant Morrison, Arte: Dough Mahnke, DC Comics, 42 páginas, US$4,99).

Grant Morrison e metalinguagem são sinônimos em histórias em quadrinhos, é fato.
Leia cada uma de suas obras e, de uma forma ou outra ele partirá a quarta margem e brincará com as cordas da realidade.
Ultra Comics é a mais poderosa demonstração disso, desde essa capa (Só VOCÊ pode salvar o mundo! - diz o protagonista apontando ao leitor ainda completando 'Você NÃO deve ler esse gibi!'), e com conceitos incríveis demonstrando a mudança de estilos, cenários e perspectivas da indústria dos quadrinhos nos últimos setenta e tantos anos com observações tenazes ("balões de pensamento fazem com que eu pareça datado"), enquanto brinca com chavões a torto e direito ("O teste supremo está prestes a começar -- e você deve estar preparado").
A verdade é que a história é bem estranha (estranhíssima até), cheia de voltas e nós ao redor de si mesma, e,  enquanto quebrando o molde e as estruturas da indústria justamente ao questioná-las acaba infelizmente com uma barriga no desenvolvimento pelo número maior de páginas e a história acaba arrastando mais que deveria (talvez até intencionalmente como uma crítica ao modelo descompressado utilizado hoje em dia).
A série teve uma boa quantidade de altíssimos e razoáveis, e essa edição fica mais ou menos no meio, com seus momentos de genialidade e seus momentos completamente dispensáveis.
O fim da história ainda está pendente com a conclusão de Multiversity, e talvez ele explique melhor os simbolismos propostos (ainda que pareça bastante óbvio - que o monstro 'Yu' seja a representação clara do... Er... crítico de internet que nem se dá ao trabalho de escrever corretamente e é apenas uma força destrutiva - Mas, Grant Morrison não é conhecido por ser óbvio).
Nota 8,5/10.


DAREDEVIL 14
(Roteiros: Mark Waid, Arte: Chris Samnee, Marvel Comics, 20 páginas, US$3,99).

Falando em barriga...
Mark Waid produziu algumas sensacionais histórias para o Homem Sem Medo, e, sem dúvida alguma com seu tom mais leve e dinâmico conseguiu, não apenas colocar seu nome na história do personagem (que não é fácil em se tratando da quantidade anormal de talentos que passaram pelo título), só que desde o relançamento da série, com a mudança de cenário para a Califórnia e uma perspectiva de 'super-herói-celebridade', a dinâmica da série não parece encaixar sempre. Aqui inclusive acaba remetendo a uma edição logo no início (uma edição .01 ou algo do tipo), com uma história se passando no futuro, em que boa parte dos plots desenvolvidos foram apresentados... Acaba tirando a emoção do roteiro quando tudo já foi descrito do que vai acontecer...
Existem algumas boas (e excelentes) edições, e, sem dúvida uma péssima edição (como essa) ainda é melhor leitura que 80% das outras séries mensais. O volume anterior tem algumas de minhas histórias favoritas com o personagem (como o encontro com o Surfista Prateado, o confronto com o Homem Aranha Superior - que é a única coisa que elogio de toda essa fase 'superior', diga-se de passagem, mas isso é assunto pra outro dia - ou o arco com o novo vilão Ikari)
Só que quando ele muda o icônico uniforme do Homem sem Medo (a roupa de demônio vermelha, que é facilmente identificável) por uma versão mais chamativa da roupa de Jim Carrey e Jeff Daniels em um evento de gala... Bem, talvez seja o momento pro Waid tirar uma férias. Conclui o arco atual, fecha as pontas soltas e vai pro Caribe ou sei lá, porque a história não andou pra lado nenhum, e, com isso o interesse tampouco.
Julgue por si mesmo (pra mim só falta o dente da frente trincado):
Nota: 6,0/10.

THE WALKING DEAD #139
(Roteiros: Robert Kirkman, Arte: Charlie Adlard, Image Comics, 29 páginas, US$2,99)

Falando em barriga parte 2, a missão...
Na verdade eu sei que essa edição tá mais para algo feito às pressas para sair junto do episódio de final de temporada da série que passará no domingo, e, parece mais isso que qualquer outra coisa.
Rick e Michone que vinham como meros coadjuvantes há quase um ano agora ganham grande destaque - colocando em ponto morto todas as vinte e nove sub tramas mais interessantes como Meg ser envenenada por gente conspirando contra ela, Carl fugir do acampamento para encontrar sua paixonite...
Não que a história seja ruim, por favor, mas ela para tudo o que foi feito de interessante, todo o desenvolvimento realmente interessante (o novo grupo de vilões, os assentamentos, a situação pós-guerra do evento 'All-Out War'). Depois de uma edição espetacular como foi a outra, ver algo tão morno, tão sem um propósito maior faz pensar se existem ainda histórias para se contar.
Com certeza existem, mas porque elas foram delegadas por uma história assim? Pra que tanta novela...?
É uma tentativa de atrair os fãs da série televisiva ou é a série televisiva contaminando a construção de roteiros da série de quadrinhos (com tramas mais novelescas e mais descompressadas)?
De qualquer forma, espero (e muito) que seja apenas essa primeira parte do novo arco, aquecendo lentamente para algo maior... Porque pra acompanhar uma série sobre nada, já basta Seinfeld.
Nota: 6,5/10

iZombie S01E01 PILOT

Se tem uma série que realmente me surpreendeu que alguém cogitasse uma adaptação, essa série foi iZombie. Nada memorável na época de sua publicação (ao contrários de inúmeras outras como Sandman, Preacher, Scalped ou Y: O Último Homem), ela é a primeira publicação 100% Vertigo a chegar às telas. E me surpreendeu.
Sério.
Bem divertido, elenco balanceado com atores competentes e carismáticos, o roteiro é inteligente o suficiente para manter a atenção e foco de maneira bem construída.
É bem leve, com um tom descontraído e uma postura bastante positiva (ainda que ela seja um zumbi comendo cérebros e trabalhando num necrotério) e realmente bem longe do que eu esperava pelo material fonte, que é, basicamente esquecível ao ponto que pela metade da primeira edição eu já não lembrava o que tinha acontecido nas páginas anteriores...
Material pra descontrair, sentar numa poltrona confortável e não se preocupar com mais nada por quase uma hora.
Todavia a série tem um problema cabal: Não desperta qualquer interesse ao espectador de continuar assistindo.
Parece um filme (curto, da duração de um episódio de série, algo em torno de 40 minutos), que conclui tudo razoavelmente bem com direito a uma pequena surpresa (que não surpreende ninguém, muito menos instiga).
Bom episódio, difícil de engrenar.
Nota: 8,0/10.


Semana que vem se preparem para uma overdose de Batman (o final de Endgame, num propício 1º de Abril - e toda a saga 'Eternal', sim, as 52 edições em uma única resenha).

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