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9 de junho de 2025

{Resenha Lixo} Afundação parte 2

Tá, quem já tinha lido os restantes capítulos da Fundação talvez soubesse que eu queimaria a língua quando todo animado com o primeiro volume lancei uma resenha elogiosa como se tivesse descoberto a melhor série de todos os tempos.

Mas, honestamente o segundo livro (Fundação e Império) não é ruim sob nenhuma métrica.

A história funciona e oferece uma boa continuação para o material contado no primeiro livro, agora sob a condição de que, passadas algumas gerações a grande experiência está em um eixo de estagnação, e, pendendo para um perigoso eixo descendente, incapaz de se sustentar e enfrentar as ameaças externas ou mesmo internas (devido a sua considerável expansão e integração de novos povos e culturas).

Certo... Então porque isso é uma resenha lixo?

Porque o segundo livro tem um problema muito sério na sua estrutura, e, oferece o pior Tom Bombadil deste lado do Senhor Neutron de todos os tempos.

Vamos lá: O segundo livro se divide em duas histórias principais (enquanto o primeiro é composto por cinco em momentos distintos, só para recapitular), e essas duas histórias são a de um general do antigo Império travando guerra contra a Fundação e a história de um sujeito chamado 'O Mulo' travando guerra contra a Fundação.

Ou seja, as duas tem um monte comum, porém, enquanto uma oferece um general com um vasto exército (e que é considerado o maior da galáxia até aquele ponto), o outro é um sujeito com um apelido ridículo e que o autor deve adorar porque ele é o Tom Bombadil desse livro.

Não existem dois parágrafos sem citar seu maldito nome. Se ele não está na cena alguém precisa lembrar que ele é o cara mais legal da história da galáxia e que todos os cachorrinhos do mundo choram quando alguém não lembra que ele existe. E seus adversários se borram de medo com a menção de seu nome porque ele é a mente tática mais brilhante e incrível de todos os tempos, capaz de vencer qualquer conflito com pouco mais que um peido...

E só uma ou duas dessas talvez seja um exagero com relação ao personagem, porque o grande problema real dele é que ele é um Senhor Neutron, sabe? Que o tempo todo o livro fala de como ele faz coisas incríveis e consegue todos esses feitos incríveis, mas, sob a perspectiva dos personagens dos capítulos, não acompanhamos estes feitos... Só ouvimos da última vitória sem disparar um único tiro todos os contínuos e inequívocos esforços de suas forças.

Se essa história terminasse com o toderoso Mulo escorregando numa casca de banana e assim a Fundação aprendesse uma lição de humildade de que é vastamente inferior a táticas militares avançadas (afinal eles são na maioria comerciantes descendentes de cientistas - sem qualquer exército organizado e funcional, ainda que armados de equipamento mais avançado que em boa parte do universo), para que a segunda história trouxesse o Império com um general ambicioso derrotando a complacente Fundação...

Mas não é o que temos, e o livro faz exatamente o contrário - o general ambicioso é derrotado de maneira boba e isso elimina completamente a ameaça taticamente superior do Império enquanto o outro vence por ser o Tom Bombadil do livro e capaz de vencer todo mundo pura e simplesmente por existir (e o fato que o terceiro livro continua exatamente a história do Mulo, eu folgo em dizer que não estou nem um pouco empolgado em continuar).

Só que, como eu disse no começo, nada disso é particularmente ruim. O livro é bem escrito e produz uma narrativa coerente ainda que, ao meu ver, não particularmente interessante, e, conforme descobrimos mais sobre a identidade e escopo do Tom Bombadil, aprendemos mais que Asimov se distancia da ficção CIENTÍFICA (que eu elogiei no primeiro livro) para a ficção new age mística, que vemos com um ser mutante com poderes que fazem os X-men parecerem a Patrulha do Destino...

Droga, o cara controla uma frota de assalto remotamente com seus poderes mentais enquanto faz uma dezena de outras coisas! Simplesmente o livro oferece todo tipo de reforço aos poderes mentais do personagem sem nenhum contraponto... PIOR! No livro seguinte, logo no primeiro capítulo temos um vislumbre da Segunda Fundação (que é onde Seldon enviou os psico-historiadores que não acompanharam a Fundação em Terminus) e toda essa galera evoluiu em condições pós-humanas se tornando vastamente superiores ao próprio Tom Bombadil (todos se comunicando com telepatia e camuflando um planeta inteiro de sensores e radares apenas com o poder da mente), e está difícil passar desse ponto na leitura.

Uma pena, porque a quantidade de ideias fascinantes ali são incríveis, inclusive com a noção de Seldon errando ou mentindo (propositadamente) em uma previsão para testar a dependência da população de Terminus mais na crença da infalibilidade de suas previsões que na perpretação de trabalho (científico) árduo e pesado para garantir os passos necessários desse contínuo avanço, mas o resultado não reverbera esse potencial...

E imaginar que existem mais três ou quatro livros que fazem parte dessa mesma série... Brrr... 

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